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FEBRE DIGITAL
Luiz Carlos Pires
Trabalhava numa pesquisa sobre a quebradeira geral na rede quando Lea Gorinstein, do Florida Review <http://www.floridareview.com> pediu-me um artigo sobre o tema e isto provocou uma mudança de enfoque no que estava fazendo, pois não queria ser mais um botando lenha na fogueira do cenário e-business. Achei que não bastava apontar as causas do quebra-quebra, mas também mostrar como consertar a canoa quebrada para poder continuar navegando.
Primeiro vamos às causas. Uma delas está no meio que é a mensagem. As empresas pontocom, principalmente aquelas cotadas ns Nasdaq, são vítimas da própria instantaneidade da informação trafegando na rede. O mercado vai depurando o real do virtual, depois do boom da novidade e do enriquecimento da ciranda financeira que puxou para estratosfera as cotações, provocando a corrida do ouro sob a ganância do lucro fácil. Claro, sempre nesses casos os primeiros investidores se dão muito bem.
Novamente a história se repete, só que em proporções gigantescas. No começo da industrialização americana, muitas empresas sustentadas em invenções tecnológicas sem nenhuma praticidade – e outras que existiam somente no papel – conseguiram capital na Bolsa de Nova York para fazer a fortuna de poucos e a desgraça de muitos . Foi assim até o crack de 1929, quando o mundo real deu as caras no mercado. Depois disso as bolsas passaram a ter dispositivos cada vez mais rígidos contra fraudes e manipulações, embora de tempos em tempos sejamols enfeitiçados pelas novidades.
Dia desses assisti à entrada do diretor de uma empresa pontocom em uma reunião e fiquei meio sem graça pois ele ainda tinha espinha no rosto; parecia ser mais novo que os nossos filhos, mas já recebera uma oferta milionária para linkar sua página num grande portal. Com 10 minutos de conversa comprovou-se a tese dos analistas de que a causa mais comum apontada para o quebra-quebra dessas empresas é a falta de conteúdo e de representatividade no mundo real daquela maravilhosa página criada pelo geninho. Com mais 10 minutos, ele foi convencido da necessidade de criar um business plan para garantir o apoio do tal portal e dos patrocinadores em seu banner.
Agora, mais do que nunca, sai de cena o gerente de marketing para dar lugar ao homem de planejamento, mostrando ao calejado investidor como seu dinheiro vai retornar com lucro e segurança no final de uma série de ações dentro de um cenário bem delineado. O B2B (business to business ) exige profissionais que conheçam a fundo o processo técnico de construção de um site e ainda estejam habilitados a desenvolver todas as etapas de um excelente panejamento financeiro.
Também neste segmento recomenda-se uma pesquisa para evitar a picaretagem. Um bom site para conhecer é o Ibest <http://www.financialfest.com/shows/nasdaq.htm> que também mostra o caminho de como conseguir investimentos, elaborar um business plan, além de passar informações sobre teletrabalho e segurança nas transações pela rede. O ITS, Instituto Tecnológico de Software de São Paulo, é outro endereço interessante <http://www.its.softex.br/treina/bizplan.htm>, que ministra cursos de planejamento de negócios e faz workshops. No Brasil há ainda os sites Widebiz <http://www.widebiz.com.br> e Writers <http://www.writers.com.br> , que além das informações sobre e-business e e-commerce têm bons artigos sobre comportamento na rede.
Para as empresas que já estão cotadas e ainda não quebraram, ou aqueles que pensam em entrar na ciranda, a Nasdaq patrocinou no último 4 de novembro o Forum 2000, no subúrbio de Virginia, perto de Washington DC <http://www.financialfest.com/shows/nasdaq.htm> que discutiu as questões mais relevantes deste mercado e as medidas de proteção para continuar dando credibilidade e evitar um crack de significativas proporções. O Forum 2000 foi apoiado por duas mídias importantes: o Business Journal <http://www.bizjournals.com/washington/>, com uma boa pauta de informação financeira, e o WTopNews <http://www.wtopnews.com/homepage.shtm>, com mesmas características e mais a bossa de algumas dicas de jardinagem e decoração para acalmar o stress do investidor.
Para apagar a fogueira dos pessimistas, vale lembrar que as estimativas apresentadas pela Forrest Research, em abril deste ano, sustentam que o comércio eletrônico girará no mundo perto de US$ 6,9 trilhões em 2004. Os EUA devem ficar com a fatia de US$ 3,1 trilhões, da qual 87% (ou US$ 2,7 trilhões) apenas com o setor de B2B. O relatório da Forrest prevê para o Brasil, na mesma época, um movimento comercial de US$ 8,0 bilhões. Apesar de outros estudos com números diferentes, todas as estimativas apontam um significativo crescimento do e-business para os próximos anos.
Mario Fleck, presidente da Andersen Consulting, também não vê como sinal negativo a quebradeira da Nasdaq. Pelo contrário: é uma forma de controle de mercado que vai depurando as empresas incapazes de satisfazer o cliente cada vez mais bem informado, exigente, e com uma lista de fornecedores em sua tela. Por outro lado, a empresa pode também escolher uma gama de fornecedores, forçando a baixa da inflação pela demanda – sem falar na melhoria de qualidade na produção, menor preço, estoque azeitado e eficiente distribuição, pois a concorrência agora sempre estará a um clique do cliente.
(*) E-mail: lcpires@gbcom.br
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