Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

RAI sem perspectivas

ITÁLIA

Um outdoor ao lado da catedral gótica de Milão dá idéia de qual deve ser o futuro da mídia na Itália, escreve Rachel Anderson, para a Reuters [5/7/03]. O cartaz de 20 metros de altura anuncia o início da nova temporada do campeonato italiano para o Milan. No pé, chamam atenção dois dos patrocinadores da equipe: Sky Italia, nova empresa de TV por satélite de Rupert Murdoch, e Tronchetti Provera, gigante das telecomunicações italianas que opera dois canais de TV menores.

A propaganda merece comentário da repórter porque nela estão aliados os três principais atores da televisão comercial na Itália – tendo em vista que o primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi, proprietário do Milan, é dono também da Mediaset, maior rede privada do país. A estatal RAI, em dificuldades com problemas financeiros e audiência em queda, ficou de fora.

A emissora do governo deve enfrentar ainda mais dificuldades se depender das novas leis de mídia que o parlamento, de maioria favorável a Berlusconi, deve aprovar. O ministro das Comunicações, Maurizio Gasparri, encaminhou projeto de lei que permite às companhias controlarem até 20% do mercado de mídia. Até hoje, o limite era de 30% somente do mercado de televisão. Também deve ser suspensa, a partir de 2009, a proibição para emissoras de TV comprarem jornais. Críticos reclamam que o primeiro-ministro empresário legisla por interesses próprios. A Mediaset, principal beneficiada, argumenta que, podendo se expandir, terá condições de implantar a televisão digital na Itália.

Enquanto isso, uma duvidosa venda de ações da RAI, também prevista no projeto de lei, não deve ajudar em sua recuperação. Os futuros sócios privados da emissora poderão ter no máximo 1% das ações, o que, segundo analistas, deve atrair somente alguns investidores interessados em fazer politicagem junto ao governo, não alguém interessado em viabilizar financeiramente a empresa.