Monday, 18 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

Rascunho da história

THE WASHINGTON POST

O jornalismo, por meio do fornecimento diário de informação, desenha um "primeiro rascunho grosseiro" da história, disse, em discurso de 1963, o então editor do Washington Post, Philip Graham. O ombudsman do jornal, Michael Getler, resgata este pensamento, em coluna de 26/5/02, para fazer considerações acerca das novidades sobre os ataques terroristas de setembro que têm aparecido na imprensa e a maneira como elas estão mudando a visão do público sobre o desastre. O quadro que se tem hoje da segurança nos Estados Unidos é mais preocupante do que na época logo após os atentados.

Diversas notícias publicadas recentemente dão conta de que serviços de inteligência americanos sabiam que Osama bin Laden e seus seguidores tramavam algo dentro dos EUA. Os jornais revelaram, por exemplo, que um agente do FBI, em relatório de julho, fez alerta com relação a um grupo de homens do Oriente Médio que recebia treinamento em uma escola de aviação no estado de Arizona. Ele chegou a especular que isso tivesse relação com a al-Qaeda, mas não houve discussão a respeito nos órgãos competentes. Outra notícia importante deste tipo foi a de que o presidente George W. Bush recebeu, em agosto, um aviso secreto da CIA, com título "Bin Laden determinado a bater nos EUA", informando que terroristas ligados ao saudita consideravam a possibilidade de seqüestrar aviões.

Getler acha que dados como esses não significam que os atentados poderiam ter sido evitados, mas classifica o número de chances desperdiçadas pelo governo americano de "perturbador". E arremata: "Também é perturbador a administração não dizer nada publicamente sobre esta história de sinais e suspeitas até ser forçada a responder às revelações da imprensa".