ALGO DE NOVO NO FRONT
O exército americano promete tomar medidas para dar à mídia o acesso às zonas de combate no Iraque, mas apenas depois de fazer os repórteres concordarem com uma série de proibições, de acordo com um documento oficial.
Esse documento, segundo Greg Mitchell [Editor & Publisher, 12/2/03], é a garantia do esforço do exército em garantir o acesso da mídia às frentes de combate. "Assentos em veículos, aeronaves e navios serão disponibilizados para permitir máxima cobertura das tropas americanas." Ainda neste ponto, "as unidades devem planejar apoio logístico para assistir a locomoção de equipamento da mídia na ida e volta do campo de batalha". O documento acrescenta ainda que "em eventuais dificuldades de comunicação comercial, a mídia está autorizada a enviar textos utilizando os equipamentos de comunicação do exército".
Nenhum equipamento será proibido. No entanto, "os comandantes de cada unidade poderão restringir temporariamente as transmissões eletrônicas por motivos de segurança. A mídia precisará de autorização para usar dispositivos eletrônicos em ambiente hostil".
Em uma seção intitulada "Regras no Campo", o exército americano descreve 14 categorias de informações possíveis de serem transmitidas, e 19 categorias não recomendadas "uma vez que a publicação pode pôr operações e vidas em risco".
O documento afirma que, apesar disso, "essas regras reconhecem o direito da mídia em cobrir operações militares e não pretendem de forma alguma impedir a divulgação de informações derrogatórias, desconcertantes ou negativas".
Ao discorrer sobre regras gerais em campo de batalha, o documento avisa que "todas as entrevistas com membros do serviço americano serão oficiais". Entrevistas com pilotos e tripulantes de operações aéreas estão autorizadas "após o término da missão". Flashes de máquina fotográfica e luzes para TV serão proibidos durante operações noturnas a não ser que haja autorização prévia. "Baixas poderão ser noticiadas contanto que a identidade da vítima em serviço seja preservada por 72 horas" ou sob notificação de parentes ou próximos.
A mídia que acompanha o exército americano não poderá, durante as operações, divulgar "informações específicas sobre movimentação de tropas, desenvolvimento de táticas e disposições que possam pôr vidas e segurança operacional em risco". O documento, entre outras coisas, disse que "embargos poderão ser impostos" como medida de proteção, mas serão desfeitos assim que possível.
Todos os correspondentes devem assinar o documento e a identificação, concordando em não carregar armas, não praticar atos violentos e não acionar a justiça.
Números da guerra
Mais de 500 jornalistas acompanharão as tropas a caminho do Iraque. O número redondo ainda não se sabe, mas haverá representantes da mídia em todas as frentes de guerra, de acordo com Joe Strupp [Editor & Publisher, 13/2/03].
"A maioria das unidades terá repórteres", afirmou Jay DeFrank, diretor de operações de imprensa do Departamento de Defesa dos EUA. "Algumas não terão por questões de segurança e logística."
Cada jornalista se submeterá a diversas vacinas contra doenças como tifóide, antraz e malária. O Pentágono dará aos repórteres kits de proteção contra armas químicas e biológicas.
Os jornais, por serem mais numerosos, ficarão com a maior parte das vagas para a cobertura no Iraque. O Boston Globe, por exemplo, terá quatro vagas, enquanto as emissoras ABC News e NBC News terão direito a enviar 10 pessoas cada uma. A Associated Press, segundo reportagem de David Bauder (AP, 14/2/03), não costuma discutir detalhes de como trabalhará, mas, de acordo com um executivo, a agência "tem diversas vagas para empreender ampla cobertura de textos, fotos, TV e rádio".
Nova guerra, novas tecnologias
A tecnologia parece caminhar à velocidade da luz. Do conflito no Afeganistão às vésperas da invasão ao Iraque, a mídia americana conseguiu dar um salto em relação às transmissões via satélite, adotando discos portáteis de alta definição em contraste com os videofones precários do passado recente.
Executivos das emissoras, no entanto, evitam falar no assunto para não revelar informações a seus concorrentes. Além disso, não sabem se tais tecnologias serão aceitas pelo exército americano, de acordo com Elizabeth Jensen [The Los Angeles Times, 13/2/03].
A única emissora que se dá ao luxo de comentar as tecnologias que empregará na cobertura é a NBC News, porque seus concorrentes não podem comprar o equipamento desenvolvido e patenteado pela própria emissora. "Trata-se de um centro de comunicação portátil que provê tanto imagens televisivas de alta qualidade quanto um arsenal de telefones e computadores", disse Bill Wheatley, vice-presidente da NBC News. O novo sistema, segundo a emissora, é mais barato e mais eficiente para levar os repórteres ao ar.
As outras emissoras estão usando um terminal via satélite único, feito pela companhia sueca Swedish Satellite Systems. O equipamento transmite imagens de boa qualidade e utiliza computadores fáceis de manusear. A versão vendida às TVs americanas custa cerca de US$ 130 mil.