Monday, 18 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

Responsabilidade compartilhada

ENSINO SUPERIOR

César Espíndola (*)

É certo que a educação no Brasil sofre de uma doença crônica: a falta de prioridade. No primeiro momento após a eleição do presidente Fernando Henrique Cardoso, houve muita expectativa quanto à possibilidade de vermos uma profunda e definitiva revolução das letras. Acreditava-se que o professor e sociólogo, travestido de presidente, desse ao país a chance de apostar numa mudança radical na forma de pensar e gerir a educação.

Passados quase sete anos, o balanço da administração de FHC, sobretudo na questão da educação, é desastroso. As universidades públicas estão de pires na mão, a iniciativa privada tomou conta do "mercado" educacional e puxou a qualidade do ensino para baixo.

Por último, o governo do professor tem se mostrado incompetente para suprimir as estatísticas vergonhosas, que apontam 17 milhões e meio de analfabetos no país, segundo censo divulgado recentemente pelo IBGE.

Mas, e a minha responsabilidade? Sou estudante de Jornalismo em faculdade privada, estudo à noite, pois tenho que trabalhar para pagar o curso e sustentar minha família. Confesso, não é fácil. Após uma longa jornada diária ainda ter que abrir os livros para estudar Teoria da Comunicação, História do Jornalismo, Semiologia…

Porém, graças ao esforço pessoal, à determinação e ao amor ao jornalismo, tenho me destacado como um dos melhores alunos da faculdade. O sacrifício é grande. Horas de estudos pela madrugada afora, fins de semana preparando trabalhos, mas, enfim, estou satisfeito.

A despeito da questão fundamental sobre o debate que envolve a qualidade das escolas de Jornalismo, que considero fundamental, não posso deixar de citar uma frase que tenho ouvido desde que comecei a aprender as primeiras letras: "Quem faz a escola é o aluno", a qual, em grande medida, é verdadeira.

O que noto numa parcela considerável dos colegas de faculdade é o completo descompromisso com o saber. Muitas vezes ouvi de colegas comentários preocupantes. Muitos sequer estavam certos quanto à opção que fizeram para o curso de Jornalismo.

A participação dos alunos nas discussões em sala de aula é muito pequena, a freqüência às aulas beira a irresponsabilidade, e o que é pior: não lêem. Será que a responsabilidade pela formação do aluno deve ser atribuída única e exclusivamente à instituição? E a minha responsabilidade, onde fica?

(*) Estudante de Comunicação Social/Jornalismo da Faculdade Integrada do Ceará e âncora da rádio AM do Povo 1010, de Fortaleza