AMEÇA DA SARS
A "pneumonia asiática" começou a produzir manchetes garrafais. Aparentemente está controlada no Vietnã e em Cingapura mas alastra-se pela China. Desconsiderou as divergências ideológicas, atravessou o mar e chegou a Taiwan.
Mesmo que entre em declínio, o surto da SARS ou SIARS (em português, Síndrome Aguda Respiratória Severa) já pode ser considerado a primeira endemia do século 21 com riscos de ser promovida a primeira epidemia do novo século.
Mantida a virulência, como é que se comportarão os nossos semanários nas próximas edições? Alguns, acometidos pela síndrome do pânico, anteciparam-se e desembestaram na corrida sensacionalista com matérias de capa quando no Brasil havia apenas duas suspeitas, entrementes desconsideradas [veja remissões abaixo]. E, agora, vão inventar uma capa dupla ou, quem sabe, uma sobre-capa em tamanho jornal? Talvez estejamos na véspera da invenção de um híbrido (ou andrógino): a revista-jornal.
A grande verdade é que estamos assistindo ao esfacelamento de um gênero de veículo jornalístico tão velho quanto o próprio jornalismo. Tudo começou quando a Time-Life entregou-se à Warner e o até então excelente negócio do jornalismo semanal perdeu a parada diante dos fabulosos lucros do show-biz.
A revista Time avacalhou-se, Newsweek foi atrás e, na cauda, desabam seus clones pelo resto do mundo, França e Brasil, inclusive. Mas curiosamente a alemã Der Spiegel continua densa, a inglesa The Economist consagra-se nos EUA e os semanários ingleses, como o Observer (formato "broad-sheet", jornal) resistem firme, assim também o seu filhote português, o clássico Expresso.
Os sanitaristas e epidemiologistas enfrentam a SARS mas os jornalistas deviam preocupar-se com a SIDESI ? Síndrome da Deterioração dos Semanários de Informação.
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