Thursday, 28 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1316

Roberta Salomone

TRIP E MACONHA

"A ‘trip’ da maconha", copyright no. (www.no.com.br), 31/10/01

"Bandeira de estudantes e alternativos, a discussão sobre a descriminação da maconha está ganhando cada vez mais espaço na sociedade. A edição mais recente da ?Trip? traz um caderno especial de 16 páginas sobre a erva, que inclui uma carteirinha com instruções para o leitor que for pego em flagrante pela polícia. Para reforçar ainda a posição da revista, depoimentos de gente como o presidente Fernando Henrique e o cantor Caetano Veloso. Há três anos, a ?Trip? ? que tem tiragem mensal de 70 mil exemplares ? resolveu entrar na luta contra o cigarro. Parou de publicar anúncios, deixou de fazer a cobertura de eventos patrocinados pela indústria tabagista e criou a coluna Newscotina. Daí em diante, passou a ser solicitada pelo Ministério da Saúde para orientar na campanha contra o tabaco e ? coincidência ou não ? a lei que restringe a publicidade do cigarro foi sancionada em dezembro.

?As pessoas são vítimas da ignorância e de uma lei defeituosa e nunca sabem como agir na hora H. Não sabem se o policial pode ou não pode enfiar a mão na bolsa e se pode mandar tirar a roupa, por exemplo?, diz o editor Paulo Lima, 39 anos, em entrevista ao no.. Elaborada com a ajuda do Departamento de Investigação de Narcóticos (Denarc) e aprovada pelo secretário de Segurança Pública de São Paulo, Vinício Petrelluzzi, a carteirinha ensina as diferenças básicas entre usuário e traficante e que plantar maconha em casa é a maior roubada.

O suplemento, que tem um contundente texto do publicitário Ricardo Guimarães e a transcrição de um debate com a secretária antidrogas do Rio de Janeiro Mina Seinfield, o ex-capitão da PM Rodrigo Pimentel, uma juíza e uma psiquiatra, traz ainda uma carta direcionada ao senador Ricardo Santos, o relator do projeto de lei que sugere mudanças na legislação sobre drogas. Com texto pronto e despesas postais pagas pela revista, o leitor só precisa escrever o nome, identidade e assinar. ?É preciso deixar bem claro que a nossa campanha não é pela descriminação da maconha e sim pelo acesso a educação e fim da hipocrisia?, afirma Paulo, sócio-fundador da Editora Trip, que só no ano passado faturou R$ 10 milhões. Apesar do empenho em prol da causa, ele jura não ser usuário da erva. ?Sou um cara totalmente ligado a esporte e acho que através dele posso conseguir atingir níveis de elevação espiritual maiores e sem nenhum prejuízo ao meu organismo?, garante.

Como surgiu a idéia de fazer um caderno especial sobre maconha?

Paulo Lima ? A ?Trip? sempre procurou não ser apenas mais um observadora passiva do mundo. No jornalismo, já tem muita gente que faz isso e essa não é, definitivamente, a nossa função. Apesar de algumas pessoas não acharem, a ?Trip? é uma revista política. Teoricamente voltada para jovens, exerce esse papel quando coloca um negro pobre na capa, quando entrevista o Marcinho VP, sobe o morro para falar com surfistas da Rocinha ou chama um cara de 73 anos (o arquiteto e urbanista Paulo Mendes da Rocha) para fazer o projeto gráfico. Por causa disso tudo que a gente resolveu fazer esse especial e, bem antes disso (dezembro de 1998), um caderno contra a propaganda de cigarro.

Mas a revista já tinha publicado vários anúncios de cigarro antes.

P. L. ? Sim, mas em 1997 a gente já começava a se sentir incomodado com o assunto, principalmente quando era convidado para cobrir eventos e fazer viagens patrocinados por cigarro. Éramos usados para convencer as pessoas de que o cigarro combinava com aventura, saúde, sucesso e sensualidade. Foi aí que resolvemos contratar um historiador para pesquisar sobre o assunto. Ele trabalhou durante três meses e levantou um dossiê com documentos internos das companhias que revelavam técnicas para fidelizar consumidoras grávidas e a manipulação do índice de substâncias tóxicas para criar dependência química. Mas é claro que quando resolvemos parar de anunciar cigarros na revista, sabíamos que corríamos um risco grande. Estávamos indo contra empresas poderosas e grandes agências de propaganda nas quais temos que trabalhar. Depois disso, começou a cobrança dos próprios leitores sobre a nossa posição frente ao uso da maconha. Há quatro meses a gente começou a levantar informações sobre o assunto.

O que vocês descobriram de mais importante nessa pesquisa?

P. L. ? Descobrimos que o que é vendido como maconha hoje é muito diferente do que a natureza produz. A erva é manipulada em laboratório. Com o teor de THC muito alto, ela acaba gerando uma dependência química sim, ao contrário do que muita gente pensa. Por isso, é preciso deixar bem claro que a nossa campanha não é pela descriminação da maconha e sim pelo acesso a educação e fim da hipocrisia.

Fazer um caderno como esse reflete que já há uma aceitação maior da sociedade em relação a maconha?

P. L. ? Eu não sei é exatamente de aceitação a maconha. Acho que hoje temos uma liberdade democrática maior do que tínhamos antes. E, no momento que a primeira-dama vai a um programa de televisão e diz que é a favor da descriminação da maconha, isso só pode simbolizar um sentimento coletivo que alguma coisa está errada aí.

Que dimensões políticas e sociais você acha que essa iniciativa pode resultar?

P. L. ? O nosso único objetivo é fazer as pessoas pensarem e refletirem sobre as coisas que, cada vez mais, elas estão deixando de lado. Não temos pretensão de liderar um movimento, não. Queremos usar a revista como um espaço para debates ainda polêmicos como a maconha. Esse é o nosso instrumento e, com ele, queremos jogar luz nos assuntos e problemas que todo o mundo continua fingindo que não existem.

Essa é uma postura de todos os funcionários da revista?

P L ? Não e nem eu quero que seja. Essa é uma postura da maioria das pessoas que fazem a linha editorial da revista. Quando a gente resolveu tomar aquela decisão contra o cigarro, havia pessoas que não concordavam totalmente com a idéia. Mas, tudo bem. Eu não quero ter uma empresa em que todas as pessoas pensam igual. A ?Trip? preza, gosta e vive da diversidade. No caso da maconha, acho que a maioria dos funcionários concorda com a postura da revista, mas eu também não fui perguntar para o motoqueiro o que eles acha do assunto. Independente disso, não quero, de jeito nenhum, que essa seja uma bandeira da revista.

Você não se preocupa com a possibilidade de que a revista seja acusada de apologia ao uso de maconha?

P. L. ? Seria uma ignorância se alguém fizesse isso. No momento em que reunimos num mesmo debate uma juíza de direito, um ex-capitão da PM, a secretária antidrogas do Rio e uma psiquiatra, que autoridade pode questionar esse trabalho? Além disso, está tudo muito bem embasado.

Como surgiu a idéia da carteirinha?

P. L. ? As pessoas são vítimas da ignorância e de uma lei defeituosa e nunca sabem como agir na hora H. Não sabem se o policial pode ou não pode enfiar a mão na bolsa e se pode mandar tirar a roupa, por exemplo. A nossa idéia foi esclarecer isso. Fomos falar com autoridades no assunto e o Petrelluzzi (Marco Vinício Petrelluzzi, secretário de Segurança Pública de São Paulo), apoiou tudo e nos autorizou até a usar o nome dele na carteirinha. Eu achei essa idéia o máximo.

Você acha que ela pode, na prática, funcionar de verdade?

P. L. ? Acho que sim. Essa carteirinha pode, desde lembrar a lei, até ajudar numa situação extrema, como de abuso da autoridade. Afinal, num país que você pode ser vítima de abuso a qualquer momento, essa pode ser uma forma de garantia. E o logotipo do Denarc está estampado ali pra dar credibilidade.

E como tem sido a reação dos leitores até agora?

P. L. ? Já recebemos muitos e-mails e cartas. Teve um cara que escreveu dizendo que tinha dado a revista para o filho porque nunca tinha visto nada tão sensato e esclarecedor.

Por que vocês resolveram receber e pagar as despesas postais da carta que será enviada ao senador Ricardo Santos?

P. L. ? Para facilitar a vida de quem não pode pagar ou não tem tempo de ir ao correio. Além disso, o Senado não tem caixa postal e por isso, não é possível enviar uma carta de porte pago como esta.

Qual é a sua posição pessoal sobre o uso de maconha?

P. L. ? Eu não recomendo. Não acho que seja uma coisa tão importante para se fazer. Existem muitas outras, mais interessantes e saudáveis, como viajar e ter um trabalho dá prazer. Mas acho um absurdo pegar um cara de 15 anos que está fumando e experimentando uma sensação nova e jogar na Febem.

Você fuma maconha?

P. L. ? Não sou hipócrita. Eu já experimentei, mas não fumo mais. Hoje, não sinto necessidade desse instrumento para ser melhor ou mais feliz. Sou um cara totalmente ligado a esporte e acho que através dele posso conseguir atingir níveis de elevação espiritual maiores e sem nenhum prejuízo ao meu organismo. Mas não acho que a maconha seja a encarnação do diabo como muita gente acha. Na ?Trip?, é claro que existem pessoas que fumam maconha. Mas não quer dizer que só porque fizemos esse caderno que elas vão agora fumar na redação. Não mesmo."

 

RECORD & UNIVERSAL

"Record dos EUA corta programas da Universal", copyright Folha de S. Paulo, 1/11/01

"O canal internacional da TV Record entrou no ar ontem nos Estados Unidos sem os programas da Igreja Universal do Reino de Deus, exibidos no Brasil entre 1h e 7h30. Nos EUA, o canal está sendo veiculado por operadoras de TV paga via satélite.

A estratégia da Record é se apresentar como uma emissora independente da igreja Universal perante os brasileiros que moram nos EUA, público-alvo do canal. Além disso, a Universal, que é dona da emissora, paga pelos horários que ocupa no Brasil.

Nos EUA, a Record está sendo apresentada como uma emissora de jornalismo e de programas de variedades. Os telejornais vão ao ar simultaneamente no Brasil e nos EUA, onde depois são reprisados. Os programas de auditório são exibidos com defasagem, para adequação ao fuso horário.

A Record investiu US$ 3 milhões no projeto de canal internacional (já veiculado na África, em Angola e Moçambique). Nos EUA, quer pegar carona no canal da Globo, que já tem cerca de 20 mil assinantes. O canal da Record será oferecido por US$ 14,99. O da Globo custa US$ 19,99. Quem assinar os dois pagará US$ 29,99.

O canal da Record será distribuído nos EUA pela Dish Network, empresa da EchoStar, que comprou a DirecTV. Se a operação for aprovada pelo governo americano, a EchoStar passará a deter 90% do mercado de TV paga via satélite nos EUA.(…)"

 


"Record quer reduzir pirataria", copyright O Estado de S. Paulo, 1/11/01

"Levar a sua programação para os Estados Unidos pode significar para a Record o fim de um problema: o comércio de fitas piratas de suas atrações no exterior.

A emissora, em parceira com a empresa de DTH (distribuição de televisão via satélite) Dish Network, está lançando esta semana o canal Record Internacional. Ele terá 70% da programação da rede à disposição em todo EUA e Canadá. Entre as atrações que a Record Internacional trasmitirá estão os programas É Show, de Adriane Galisteu, e O Programa Raul Gil, campeões de fitas pirateadas entre brasileiros nos Estados Unidos.

?Há um verdadeiro mercado dessas fitas , principalmente em Miami?, explica o vice-presidente da emissora, Roberto Franco. ?As do programa Raul Gil são as que fazem mais sucesso, pois o programa mostra artistas brasileiros. As fitas podem ser compradas por US$ 3 cada.?

Franco diz que as atrações de Galisteu e Bóris Casoy estão entre os programas prediletos da Record no exterior. Segundo ele, os comentários do jornalista são respeitados até pelo público americano. ?Adriane é conhecida e o Bóris é tido como referência entre os investidores de olho no Brasil?.

?Nossa intenção é levar alguns de nossos artistas para comandar eventos na Record Internacional, como uma forma de estreitar os laços com o público de lá. A primeira a ir é a Adriane, ainda esta semana?, continua. ?Já pensamos em produzir, mais adiante, atrações especialmente para a Record Internacional.?"

 

FATURAMENTO EM BAIXA

"Mercado em crise", copyright Jornal do Brasil, 1/11/01

"A crise argentina, a alta do dólar, os ataques terroristas aos Estados Unidos, a invasão do Afeganistão por tropas aliadas. Não foram poucos os motivos que, este ano, fizeram – e continuam fazendo – com que a economia brasileira enfrente oscilações de arrepiar. A crise, naturalmente, chegou à televisão. Em junho do ano passado, o mercado publicitário despejou nos cofres de todas as emissoras da TV aberta a bolada de R$ 447 milhões. No mesmo mês, este ano, a quantia baixou para R$ 422 milhões, o que significa uma redução de 5,6% no volume de dinheiro circulando – e a coisa tende a piorar quando forem contabilizados os estragos da era Bin Laden.

A gravidade desse quadro está obrigando a Rede Globo a diminuir seu poder de fogo. Um exemplo dos novos tempos: a agressiva política de contratação de novas atrações para o elenco da emissora intimidou-se. ?Não estamos atrás de tanta gente atualmente?, diz um graduado diretor da emissora. Economizar está na ordem do dia por lá – e os ajustes vêm sendo feitos desde o meio do ano. Segundo comenta-se nos corredores da Globo, os cortes encomendados pela direção da emissora precisam chegar a 15% até o final de dezembro.

Economia – A determinação vale para todos os setores. Um capítulo de novela que, no início de 2001, custava R$ 120 mil para ser produzido, agora não pode passar de R$ 100 mil. Cenários e figurinos das novas produções terão que ser viabilizados de forma mais econômica. As viagens internacionais – nas quais todas os gastos são feitos em dólar – também estão minguando. A equipe de O clone, por exemplo, não pôde ficar no Marrocos o tanto que gostaria para registrar as cenas das semanas iniciais da novela. A equipe da minissérie O quinto dos infernos, sobre a vinda da Família Real Portuguesa para o Brasil, atualmente em fase de produção, teve vetada uma ida a Portugal – agora, as locações inicialmente previstas para lá serão substituídas por outras no Rio e em Ouro Preto. Mesmo com tudo isso, a direção da emissora ressalta que não descuidará da qualidade de seus produtos e nem apresentará reprises que não estavam programadas."

    
    
                     
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