MÍDIA DE PIRES NA MÃO
“Mercadante defende crédito para a mídia”, copyright O Estado de S. Paulo, 25/10/03
“O líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), defendeu ontem da tribuna o programa de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para as empresas de comunicação. Segundo ele, o banco deve financiar todo e qualquer setor estratégico da economia brasileira, sem que isso implique em interferência de qualquer das partes. ?Que barreira é essa que temos de opor ao financiamento público aos meios de comunicação??
O líder assegurou que com essa linha de crédito, não se pretende ?cercear a liberdade de imprensa e de expressão no papel fundamental que a imprensa tem a discutir?. Ele sugeriu que também os fundos de pensão, ?cuja capacidade de poupança é muito grande?, poderiam igualmente ser parceiros no financiamento desse setor.
?À medida que o BNDES tem de repactuar uma dívida com uma empresa como a AES (Eletropaulo), que deve US$ 1,2 bilhão, por que não financiar empresas que são estratégicas e essenciais ao desenvolvimento da Nação??, perguntou, ao apartear discurso do líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM).
No seu discurso, o tucano interpretou que o dono do jornal Folha de S.Paulo, Otávio Frias, estaria se referindo ao ?autoritarismo do governo?, quando declarou numa entrevista que ?o governo quer a mídia de joelhos?.
Mercadante discordou e disse que o ?o governo precisa de oposição, precisa de liberdade de expressão e de debate?. O petista citou ainda o exemplo do empresário Antonio Ermírio de Moraes, ?que pega tanto financiamento do BNDES, e hoje disse que é contra o Bolsa-Família?.”
“Entrevista de publisher da Folha gera debate sobre financiamento”, copyright Folha de S. Paulo, 25/10/03
“Por mais de duas horas, governo e oposição debateram ontem no plenário do Senado o financiamento público às empresas de comunicação e a liberdade de imprensa, tendo como ponto de partida uma entrevista do publisher da Folha, Octavio Frias de Oliveira, ao site ?AOL Notícias?.
Na entrevista, o publisher manifesta ?receio? de que o socorro financeiro do governo à mídia, por meio de empréstimos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), possa comprometer a independência da imprensa.
?Eu tenho um receio muito grande. Isso tende a interferir. Para falar claramente, (….) o que interessa ao governo é a mídia de joelhos. Não uma mídia morta. Uma mídia independente não interessa a governo nenhum?, afirmou.
O líder do governo, Aloizio Mercadante (PT-SP), defendeu o governo na tribuna. Apoiou o financiamento do BNDES às empresas de comunicação e sugeriu, inclusive, que os fundos de pensão sejam ?parceiros? na capitalização do setor. Ele negou que o governo, com essa ajuda, pretenda interferir na liberdade de imprensa.
O debate foi iniciado pelo senador Arthur Virgílio (AM), líder do PSDB e ex-líder do governo Fernando Henrique Cardoso, que leu da tribuna trechos da entrevista e disse que Frias fez um ?alerta? ao ?processo de autoritarismo? que estaria em curso no governo Luiz Inácio Lula da Silva.
?Vejo-o [Frias] inconformado com os erros de quaisquer latitudes, de quaisquer ideologias, de quaisquer governos. Esse homem, que quase nunca fala -não me lembro de outra entrevista dele-, é profundamente eloquente quando nos chama a atenção para o fato de que se deve advertir o governo em relação ao autoritarismo crescente e ao maniqueísmo que precisam dar lugar ao convívio democrático?, disse Virgílio.
O tucano disse que há um ?processo autoritário? em curso no governo Lula e, como exemplo, citou o plano de expandir os poderes da Abin (Agência Brasileira de Inteligência). Criticou, ainda, o que considera ?maniqueísmo no poder?.
Virgílio lembrou o episódio em que a Folha foi invadida pela Polícia Federal, em 1990, durante o governo Fernando Collor de Mello. ?[Frias] Mostrou, naquele momento, que a Folha de S.Paulo iria manter a sua tradição libertária. E agora ele volta a falar depois de muitos anos (…) Cuidado, porque há um processo autoritário! Tenho certeza de que Octavio Frias e tantas pessoas que fazem a imprensa brasileira não permitirão isso.?
Liberdade de imprensa
A interpretação de Virgílio sobre a entrevista de Frias foi rebatida da tribuna por Mercadante. Também lendo trechos da entrevista, o líder do governo afirmou que, ?em nenhum momento, o sr. Frias, quando diz que o governo quer a mídia de joelhos, faz qualquer menção, na sua entrevista, a qualquer ato autoritário deste governo contra a liberdade de imprensa?.
Mercadante fez questão de destacar que, na entrevista, o publisher da Folha afirma que nunca viu a ?mídia tão endividada como hoje?. Em seguida, o senador afirmou que a mídia não se endividou ?neste governo?, mas no governo passado, de Fernando Henrique Cardoso.
Mercadante atribuiu essa situação à ?desvalorização abrupta do real?, a partir de 1999, no governo FHC, que desequilibrou as finanças de empresas com dívidas dolarizadas -como as de comunicação, de telecomunicações, de energia e aéreas.
?Estamos financiando a indústria naval, de papel e celulose e a agricultura. Por que não podemos ter financiamento para a mídia? Se o setor é fundamental para a democracia brasileira, então o BNDES, que é um banco público, deve, sim, financiar a mídia para que ela saia da crise financeira?, disse Mercadante.”
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“Ciro faz ataque à imprensa e defende juízes”, copyright Folha de S. Paulo, 23/10/03
“O ministro Ciro Gomes (Integração Nacional) voltou a criticar ontem a imprensa, em particular ?a grande imprensa paulista?, durante palestra, em Brasília, a juízes e servidores da Justiça Federal.
?A média da grande imprensa brasileira é inconfiável, [está] a serviço dos interesses mais subalternos que exploram a sociedade brasileira?, disse ele.
O ministro também criticou o tratamento da imprensa ao Judiciário. Segundo ele, a mídia poderia mostrar que o juiz não é responsável pela demora nos julgamentos, porque a rapidez dependeria de mudanças na legislação.
Ciro disse também que a ?grande imprensa paulista? é ?paroquial, provinciana, desequilibrada e mentirosa?.”
“Virgílio aponta viés autoritário em Lula”, copyright Jornal do Senado, 28/10/03
“O senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) advertiu na sexta-feira que o país tem manifestado inquietação e medo com o viés autoritário que vem detectando no governo Luiz Inácio Lula da Silva. Há indícios de intolerância nas relações do governo com a imprensa e o Congresso, ressaltou.
– Estou inquieto e não estou sozinho, vejo fumaças ruins no horizonte. Tenho encontrado gente intimidada, e com medo, por esse Brasil afora. Não me lembro desse fato acontecer durante o governo Fernando Henrique. Ele era criticado por muitas razões, mas nunca vi ninguém preocupado com um possível autoritarismo de sua parte – afirmou.
Virgílio sustentou que houve um entendimento equivocado do líder do governo, Aloizio Mercadante (PT-SP), em relação ao seu posicionamento sobre a concessão de empréstimo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) às empresas de comunicação em dificuldades. Arthur Virgílio declarou que não é contra esse apoio e afirmou que não falou em desnacionalização da imprensa no seu pronunciamento, em que se referiu a declaração do jornalista Otávio Frias, proprietário do jornal Folha de S. Paulo, segundo o qual ?a mídia está de joelhos?.
O senador tucano explicou que sua posição é contrária à ação ?autoritária? por parte dos gestores da comunicação do governo. E aproveitou para solicitar publicamente que a Radiobrás deixe de encaminhar para sua casa o boletim diário Em Questão, que classificou de propaganda oficial semelhante à do Pravda, órgão de imprensa do Partido Comunista da extinta União Soviética.
Virgílio enfatizou que não foi Fernando Henrique quem perdeu credibilidade no final do governo e amargou índices elevados de rejeição. Ele atribuiu esse cenário ao risco de instabilidade que, naquela época, representava a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva.
O líder do PSDB pediu que o governo saia do imobilismo e cumpra os compromissos de campanha. Ao exortar o presidente da República a ter mais ação, o senador se referiu a charge da revista IstoÉ Dinheiro em que, com equipamento na mão, Lula dá ordem de ?luzes, câmera?, enquanto a população pede ?ação?, para que a filmagem se inicie.”