ALEMANHA
O mercado de jornais da Alemanha enfrenta a maior baixa de publicidade em uma década. Sindicatos e especialistas prevêem que 2003 será um ano de cortes de pessoal e fusões de veículos. O país tem um dos mercados mais fragmentados da Europa, com total de 360 jornais, a maioria de administração familiar. O colapso da megacorporação Kirch em abril ? maior falência da Alemanha pós-guerra ? teria sido apenas o prenúncio de mais notícias negativas. Até o fim de 2003, 10% dos empregos na área devem desaparecer.
A Bertelsmann, maior companhia alemã de mídia, tenta vender os jornais que controla em Berlim. O grupo Georg von Holtzbrinck mostrou interesse, mas o negócio foi impedido pelas autoridades, já que haveria excessivo controle do mercado local por esta empresa. A Bertelsmann procura ainda um comprador para a editora BertelsmannSpringer, que publica revistas médicas e de outras áreas profissionais. Com a venda, a companhia reduziria seu endividamento e concentraria seus negócios em música, livros e televisão.
A Sueddeutscher Verlag, segundo maior grupo do ramo de jornais, conseguiu arrumar um investidor para ajudar a se manter. A Suedwestdeutsche Medien Holding aceitou pagar 150 milhões de euros por 19% das ações da empresa, mas seu programa de reorganização prevê demissão de 19% de seus 5.000 funcionários. Terceira no mercado, a Frankfurter Allgemeine teve em 2002 o segundo maior prejuízo em 53 anos. Para reduzir gastos, fechou as rádios que controlava em Berlim, Munique e Frankfurt, depois de fracassar na tentativa de vendê-las.
Os jornais alemães foram mais atingidos pela crise que as outras mídias porque dependem muito de anúncios classificados, que hoje são veiculados em grande parte na internet. Além disso, o aumento do desemprego fez cair a circulação. Segundo a Bloomberg News [20/12/02], de 1996 a 2001 os diários tiveram encolhimento de 6,5% nas tiragens.
A Federação Internacional dos Jornalistas divulgou, em 20/12/02, que 67 profissionais de mídia morreram em serviço em 2002. Ao lado de organizações como o International Press Institute, a IFJ decidiu criar o International News Safety Institute para coordenar ações em defesa destes profissionais, e concentrar-se em regiões onde o jornalismo está especialmente ameaçado, como a América Latina, e em particular a Colômbia: onde 10 jornalistas foram mortos neste ano.