FORMAÇÃO DO JORNALISTA
Liliane de Lucena Ito (*)
O texto "ET baixou nas escolas de Comunicação", do jornalista Aurélio Galvão [remissão abaixo], aborda, dentre outros problemas das faculdades desta área, a defasagem curricular de alguns cursos de Jornalismo que ainda hoje estão focados apenas em TV, rádio e jornais impressos. Isso pede reflexão sobre o papel da universidade na formação do estudante de graduação. Quais os objetivos de quem estuda Jornalismo?
Bem, são várias as respostas. Algumas deprimentes. Mas, enquanto alguns ainda não se deram conta do significado da universidade, outros com certeza a vêem claramente, como forma de futuro sustento próprio pelo exercício de uma profissão que envolve riscos, incertezas e o não-reconhecimento salarial de tais infortúnios.
Bom negócio
Porém, voltando à crítica de Aurélio, percebe-se o quanto é difícil para o estudante construir uma base de conhecimentos que o habilitem à realização de seus objetivos. Aliado a isso, torna-se até enfadonho repetir que o mercado de trabalho não absorve o enorme e assustador contingente que se forma todos os anos para esta área. Então, o que restaria a estes grupos de universitários que ano a ano entram e saem do ensino superior despreparados e ansiosos por seu lugar ao Sol?
No caso do jornalista, com certeza uma das formas de aliviar o problema é o exercício alternativo da profissão como free-lance, que não lhe garante estabilidade nem direitos trabalhistas, ou no jornalismo empresarial e na assessoria de imprensa, que muitas vezes podem até ser mais rentáveis do que um emprego geralmente desumano nas grandes redações. Todo mundo sabe disso. Então, começa a existir um estranhamento relacionado ao porquê de o ensino superior, em algumas faculdades de Comunicação, ser tão precário e ultrapassado.
No caso da Unesp há uma diferença, que ainda se vê em universidades públicas: uma regular qualidade de ensino e a preocupação de alguns integrantes de seu corpo docente em atualizá-la e melhorá-la, com vistas a atender às necessidades de aprendizagem dos graduandos. O curso de Jornalismo passou recentemente por reformulação curricular, e mesmo hoje os futuros jornalistas recebem aulas específicas de outras oportunidades de atuação no mercado de trabalho, como o Jornalismo Empresarial e o Jornalismo Comunitário.
Não é difícil imaginar as razões pelas quais a maioria dos cursos de Comunicação está obsoleta. não atendendo às expectativas dos alunos antes ou depois da formatura. Basta olhar para a quantidade de cursos novos de Jornalismo que pipocam indiscriminadamente todos os anos em quaisquer faculdades. Abrir faculdade é um bom negócio. Aos estudantes resta a crítica e a coragem de tentar uma vaga em boas universidades, que não lhe tragam remorso no momento em que estiverem colocando os pés para fora do campus pela primeira vez atrás de emprego ? seja lá qual for o curso.
(*) Estudante de Comunicação da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp-Bauru)
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