TELEJORNALISMO PÍFIO
Chico Bruno (*)
Na noite de quinta feira, dia 21, nenhum telejornal deu uma linha sobre o julgamento do português que matou seis conterrâneos em uma barraca de praia em Fortaleza. Quem tem televisão a cabo ou por satélite e fica pulando de um canal para outro em busca de informação ficou sabendo do julgamento pela portuguesa RTP, que enviou repórter para acompanhar ao vivo o julgamento na capital cearense.
Esse fato comprova que o investimento na cobertura jornalística do que acontece pelo país afora é pífio. As grandes redes de televisão investem muito pouco no jornalismo. Preferem investir em atrações importadas do tipo Big brother ou Casa dos artistas que, segundo os dirigentes, dão mais audiência do que os telejornais.
Uma deslavada mentira, pois o fraco Jornal Nacional continua um dos líderes de audiência da Globo, e o Boris é o maior faturamento da Record. Essas duas redes são as que mais investem em jornalismo, embora ainda bem pouco em relação às redes de outros países. O SBT cumpre a legislação apresentando um telejornal nas primeiras horas da madrugada, baseado em notícias nacionais requentadas e farto material de agências internacionais.
É incrível como um país-continente como o Brasil não tenha um jornalismo costa a costa, um verdadeiro Jornal Nacional, ancorado a partir das regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Norte e Nordeste. Não é por falta de notícia, o que não falta por esse país afora. Os custos não são altos porque existem dezenas de afiliadas espalhadas pelo país. Falta de profissionais também não é motivo, pois eles pululam no Brasil. Por que então não investem em coberturas realmente nacionais?
As probabilidades de resposta vão de descaso a burrice. De incompetência a acomodação. Aliás, pode bem ser acomodação: afinal, a fórmula da televisão brasileira é a mesma desde sua fundação. Pouca coisa mudou nas grades de programação, que apenas se modernizaram. Os dirigentes das grandes geradoras de TV podem alegar que em time que está ganhando não se mexe. Mas isso não é verdade, basta ler os números de audiência para ver que eles estão diminuindo.
É hora de se fazer um grande debate sobre a televisão brasileira, que contraiu uma doença grave: a mesmice. A mesmice que está presente em todos os horários da TV, com programas semelhantes. Ou melhor, iguais. Basta o exemplo dos programas de Adriane Galisteu e Luciana Gimenez: um é cópia do outro.
(*) Jornalista