CASO SILVIO SANTOS
“Nota de esclarecimento”, copyright SBT in O Estado de S. Paulo, 14/7/03
“A respeito da entrevista dada pelo apresentador Sílvio Santos à revista Contigo e em função da enorme repercussão causada por ela, o Grupo Silvio Santos deseja esclarecer alguns pontos, visando restabelecer a verdade dos fatos:
1. O empresário e apresentador Sílvio Santos se encontra em gozo do melhor de sua saúde.
2. Sua permanência nos Estados Unidos vem transcorrendo normalmente, dentro de seu desejo pessoal, de passar as férias com sua família.
3. Seu retorno às atividades profissionais, seja como empresário, seja como artista, continua programado para o final de julho.
4. Sobre a entrevista dada à revista Contigo!, é fácil se concluir que nela prevaleceu o tom de humor, ironia, com doses de fantasia.
5. A própria matéria da Contigo! aponta em vários trechos o tom de brincadeira das declarações de Sílvio Santos. E quem teve acesso ao áudio da mencionada entrevista, se convence de que o artista viveu um momento de descontração e bom humor.
6. São contrastantes alguns fatos, que corroboram esta versão e que põem por terra qualquer outra interpretação:
a. As fotos da própria reportagem, mostrando o apresentador em ótimo estado de saúde, se contrastando com a possibilidade de alguém doente, preso a uma cadeira de rodas;
b. As colocações feitas pelo próprio Sílvio a respeito de seu estado de saúde, se contrastando com o mínimo conhecimento médico, de que não é uma rotina fazer transfusão de sangue em casa, ou ainda que transfusões de sangue sejam usadas para tratar de problemas cardíacos. Muito menos aceitar como séria a previsão médica de tempo de vida.
c. Fácil deduzir a jocosidade e simplicidade com que o entrevistado menciona a ?venda do SBT?, se contrastando com o limite expresso na lei número 10.610/02, que regulamenta a venda a estrangeiros de até 30% do capital acionário de emissoras de Rádio e Televisão, bem como a morosidade de um processo de transferência que exige a autorização prévia dos órgãos governamentais.
1. É certo que o SBT – Sistema Brasileiro de televisão, uma das empresas do Grupo Sílvio Santos, um dos mais sólidos grupos do país, seja visado rotineiramente no mundo dos negócios. A decisão sobre seu futuro depende da vontade de seu acionista majoritário e das eventuais oportunidades interessantes que possam surgir deste mercado.
Até lá, as propostas vindas com este propósito serão analisadas com o mesmo interesse e atenção.
São Paulo, 13 de julho de 2003″
“Verdade ou mentira?”, copyright Comunique-se(www.comuniquese.com.br), 11/7/03
“Um boato? Uma declaração bombástica? Um pegadinha? Uma jogada de marketing pessoal? As bancas de todo o Brasil amanheceram nesta quinta-feira (10/07) com a revista Contigo! trazendo uma entrevista inédita com o apresentador Silvio Santos, em que ele dá duas declarações: uma de que vendeu o SBT para a Televisa e José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni. A outra, de que está à beira da morte. A repercussão foi tamanha que a editora da publicação, Vanessa Cabral, passou o dia dando entrevistas para diversos veículos de Comunicação, inclusive para o Comunique-se.
Em todo o momento, a revista faz questão de mostrar que Silvio Santos falou em tom irônico durante a entrevista. A publicação também traz fotos dele saindo de um supermercado empurrando um carrinho de compras – o empresário disse à reporter Ana Carolina Soares que está usando cadeira de rodas porque tem uma doença nas coronárias, que, segundo ele, se chama ?Ataque do Coração em Seis Anos?.
Vanessa disse ao Comunique-se que o que foi dito por Silvio Santos é de inteira responsabilidade dele. Ela contou que a revista se resguardou juridicamente ao decidir publicar a entrevista, gravada por sugestão do próprio apresentador. Quanto à repercussão na imprensa, ela afirmou: ?Eles (a imprensa) entenderam o espírito da reportagem: que era a vida anônima do Silvio Santos. Não concordo com os que dizem que não fizemos um trabalho ético?.
Contigo! traz a entrevista com o empresário na íntegra e em seu site há um link para ouvir alguns trechos. ?Nos preocupamos em colocar os bastidores da reportagem, justamente para que todos vissem que não estávamos ali caindo numa ?pagadinha?. Além disso, ligamos para ele no dia seguinte, quando ele nos sugeriu gravarmos a conversa?. Vanessa completa dizendo que a repórter comentou com o apresentador que tinha medo dele dizer na TV que tudo aquilo era uma grande mentira. ?Foi quando ele disse: ?ué, vocês não gravaram tudo??.
Quanto à declaração sobre a venda da emissora, Boni disse à nossa redação que tudo não passa de uma grande brincadeira de Silvio Santos com a revista. ?Há muito tempo que conversamos, mas nunca negociamos. Nossas conversas sempre foram informais. Com R$ 1 bilhão (valor dito pelo empresário na entrevista) eu compro um botequim, e não o SBT?, comentou, rindo. E completou: ?Depois que soube da entrevista, mandei um fax para o Silvio dizendo que ele é muito criativo?.
O grupo mexicano Televisa confirmou, , segundo o jornal O Estado de S. Paulo, que está negociando a compra da emissora, mas que nada foi fechado ainda.
A assessoria de imprensa do SBT declarou ao Comunique-se que não tinha nenhuma informação sobre o fato até a publicação desta matéria.”
“O papelão de Sílvio Santos”, copyright Direto da Redação (diretodaredacao.com), 13/7/03
“Esta é uma gravação. Para declarações irresponsáveis, digite um. Para autopromoção inconsequente, digite dois. Para sinais explícitos de senilidade, digite três. Para falar com o Lombardi, digite quatro. Para falar com o Silvio Santos, digite cinco, mas… desista. Ele está apoplético. De tanto rir.
Não é de hoje que o SBT sofre com as pseudo-pegadinhas de seu dono, Silvio Santos. Se existe alguém responsável pela existência do Sistema Brasileiro de Televisão, este alguém é, sem dúvida, Silvio Santos e sua tenaz sistemática de bajulação dos governos militares, que acabaram lhe rendendo metade do reino podre da TV Tupi.
Ganhar uma concessão de televisão é uma coisa. Administrar essa concessão de maneira profissional é bem outra. Se existe alguém responsável pelo fato de o SBT amargar baixos índices de audiência – quando poderia representar uma alternativa real ao poderio da Rede Globo de Roberto Marinho -, este alguém é Silvio Santos e seu modus operandi de dono de armazém, ao ignorar as verdadeiras demandas operacionais, estratégicas, logísticas, administrativas e financeiras de uma rede de televisão que tenha a pretensão de atingir todas as regiões de um país como o Brasil.
Quando anuncia sua morte de maneira tão peremptória, Silvio Santos age irresponsavelmente para com milhões de brasileiros que passaram a admirá-lo como apresentador de shows de televisão e caíram no seu doce conto da tele-sena. ?O que será do Baú quando o Silvio morrer?? ?Será que o meu suado dinheirinho ainda estará lá, valendo o resgate de mercadorias?, em sua maioria de quinta classe? Estas, com certeza, são algumas das perguntas que apoquentam a cabeça de centenas de milhares de pessoas em todo o Brasil, depois da notícia publicada na revista Contigo. Age irresponsavelmente, também, quando anuncia a venda de metade do SBT para a mexicana Televisa (quando se sabe que empresas estrangeiras só têm acesso a 30 por cento do capital).
Como na velha estória da peruca (o Silvio é ou não é careca?), a estória dessa morte anunciada tem todo o fedor de uma autopromoção inconsequente, para uma emissora que se arrasta no fundo do poço dos avaliadores de audiência, e que pretende nos próximos dias lançar novas velhas atrações (leia-se programas velhos com nomes novos).
Aos 72 anos de idade, já é também um fato a ausência quase explícita de higidez mental do incansável Silvio Santos. São inúmeras as medidas tomadas por ele nos últimos tempos que poderiam ser consideradas predatórias, contra a manutenção e expansão de seu próprio patrimônio. Para citar apenas duas, a proibição de se veicular chamadas promocionais da programação com mais de 48 horas de antecedência – o que, em si, desestrutura qualquer tentativa de criação de um público cativo para a emissora (imagine, leitor(a), o que significa para patrocinadores, público e para a emissora que transmite, digamos, um campeonato de F-Indy, com datas pré-estabelecidas, só avisar no sábado, véspera, que tem corrida no domingo) e o permanente desprezo por um departamento de jornalismo forte – elemento essencial na formação e sustentação da credibilidade de uma rede de TV, como um todo. Por mais de uma vez, profissionais da área deixaram empregos em outras emissoras atraídos por projetos jornalísticos do SBT que não duraram mais que três meses.
Por tudo isso, não seria um espanto, para quem conhece o mercurial Silvio Santos (capaz, a troco do nada, de enterrar um promissor telejornal que dividia a audiência do horário pela metade com o noticiário rival, jogando-o para dentro da principal novela da Globo), que ele resolvesse ouvir os pedidos de uma jovem repórter por uma entrevista e, amavelmente, decidisse contar a ela mais que uma estória da carochinha. E depois, em companhia de familiares e amigos, dar suas famosas e sonoras gargalhadas.”
“Acredite se quiser”, copyright IstoÉ, 16/7/03
“Nos anos 80, o ator Jack Palance virou sucesso mundial apresentando um programa de casos incríveis. Rituais de acasalamento de tribos zulus, animais de três cabeças e outras bizarrices eram mostradas em blocos, finalizados com o desafio: ?Acredite se quiser.? Nesta semana, Silvio Santos teve dias de Jack Palance. De férias em sua casa no condomínio de Celebration, em Orlando, nos Estados Unidos, o dono do SBT concedeu à revista Contigo! uma entrevista por telefone. Em tom irônico, o respeitável senhor de 72 anos, dono de uma fortuna de R$ 880 milhões, relatava ter ?apenas mais seis anos de vida?. Contou ter emagrecido 11 quilos e dizia estar numa cadeira de rodas, tendo de receber transfusões de sangue. Tudo por causa de ?uma doença atípica nas coronárias, chamada ataque cardíaco em seis anos?. Para completar, disse que pretende ficar nos EUA ?até o dia em que tiver de ir para a eternidade? e por isso teria vendido o SBT para o grupo mexicano Televisa e para o ex-consultor da Rede Globo, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni.
A informação de que o dono da segunda maior rede de televisão do País estaria à beira da morte causou comoção. Durante toda a quinta-feira 10, programas de fofoca não falaram em outra coisa. Entre os familiares e amigos, porém, a fala de Silvio Santos foi recebida como piada. Seu sobrinho, Guilherme Stoliar, diretor comercial do SBT, conta que até 15 dias atrás, quando o viu pela última vez, ele parecia muito saudável. Sua ex-mulher, Ivani, é vizinha da família Abravanel em Celebration e riu muito da história. Hospedado na casa dela, Rogério Calegari, filho de Luciano Calegari, antigo braço direito de Silvio Santos, declarou a ISTOÉ que o empresário está bem. ?Eu o vi hoje (quinta-feira 10) e garanto que não está doente, nem em cadeira de rodas, nem recebendo transfusão?, afirmou Calegari, aos risos.
Em depoimento à agência Reuters, Boni descreveu o episódio como ?a pegadinha do ano?. Um dos mais respeitados executivos do meio publicitário, Daniel Barbará, da agência DPZ, afirma que desde o início os anunciantes sabiam que tais notícias eram infundadas. ?Ninguém dá crédito ao que o Silvio declara porque ele vive soltando frases de efeito e mexendo na programação ao seu bel-prazer. Todo mundo sabe que há uma grande distância entre o que ele fala e o que de fato acontece na área comercial da empresa?, diz.
Com o mesmo cardiologista há 35 anos, Silvio Santos jamais teve problemas coronários. Em 2001, passou por um exame preventivo, chamado cateterismo, e constatou que suas artérias não apresentam nenhum comprometimento. Desde então, só liga para o médico em época de check-up. Nabil Goraieb, um dos maiores cardiologistas brasileiros, diz que o mal descrito pelo empresário é pura invenção. ?Em cardiologia, não se especula sobre a expectativa de vida do paciente. Além disso, não existe nenhuma doença cardíaca que exija transfusões de sangue?, afirma.
Em plena forma profissional, há dois meses Silvio Santos teve um encontro com diretores da Televisa. Queria renegociar um contrato de co-produção de telenovelas, afetado pela alta do dólar. Há tempos, o grupo mexicano almeja adquirir parte do SBT, mas só em dezembro o presidente Fernando Henrique Cardoso assinou a medida provisória que abriu as telecomunicações ao capital estrangeiro. O consultor Marcos Amazonas, especialista em legislação, explica que a lei dá aos grupos internacionais a possibilidade de adquirir até 30% das ações das redes de tevê aberta. ?Mas os investidores estrangeiros acham pouco?, comenta. ?Eles querem que o limite avance para pelo menos 51%, para que possam efetivamente mandar na emissora que comprarem.?
No primeiro semestre, o consultor de telecomunicações José Roberto Maluf, ex-vice-presidente do SBT, chegou a ser consultado pela Televisa, que queria saber sobre a legislação. As negociações com o dono da emissora, porém, não evoluíram. ?O problema é que Silvio nunca decide. Uma hora diz querer vender e no momento seguinte volta atrás?, narra uma fonte ligada ao empresário. A Televisa confirma ter opção de compra de até 30% das ações do SBT, mas nega que a negociação esteja efetivada.
O mais curioso é que esta não é a primeira vez que Silvio Santos mobiliza a mídia em torno de um trote. Em 1971, a revista de celebridades Melodias consultou o empresário sobre a possibilidade de fazer uma matéria sobre sua calvície. Achando graça na história, ele topou posar para uma fotomontagem em que aparecia careca. Naquela semana, as vendas da revista saltaram de 100 mil para 500 mil exemplares. Mais recentemente, durante a apresentação do programa Casa dos artistas 2, ele blefou ao dizer que o espectador iria escolher os integrantes do jogo.
Desde maio, quando ficou pronta a sua casa no condomínio de Celebration, a 30 minutos de Orlando, o empresário tem passado 15 dias por mês nos Estados Unidos. No restante do tempo está no Brasil gravando programas como Qual é a música e Sete e meio. Sua presença na tevê tem sido cobrada pelos anunciantes. Depois da Nestlé, a fabricante de celulares Nokia e a operadora TIM fecharam um patrocínio para o Show do milhão. Stoliar, responsável pela área comercial, garante que esse contrato deve prender SS no Brasil. ?O programa reestréia em agosto e deve durar até quatro meses. As pessoas vão responder às perguntas ao vivo pelo celular. Não há como Silvio se ausentar?, diz. Sobre os boatos de que a crise financeira poderia forçar o tio a se desfazer da emissora, Stoliar é enfático. ?Apesar de a economia brasileira estar num momento difícil, conseguimos ser a empresa de comunicação brasileira em melhores condições financeiras?, diz. ?No primeiro trimestre, tivemos uma queda de 4% a 5% na receita publicitária, mas, desde abril, não temos déficit.? De acordo com Stoliar, a previsão é de que o SBT fature este ano o mesmo que em 2002: R$ 550 milhões. Os números não mentem nunca. Já o dono do SBT…
Colaboraram: Ivan Claudio e Lino Rodrigues”