BRIGA EXPLÍCITA
Alexander Goulart (*)
Se havia dúvidas de que Silvio Santos é um gênio, agora já não há mais. Em absoluto segredo, o dono do SBT comandou a produção de Casa dos Artistas, um similar (para não dizer cópia) do Big Brother, cujos direitos de produção no Brasil pertencem à Globo.
No domingo 28/10, o programa já conquistou o público, chegando perto do todo-poderoso Fantástico (SBT, 27 pontos; Globo, 32). Silvio Santos é o âncora do programa, que reúne 12 artistas do segundo escalão, com um detalhe importante: as seis mulheres são lindas e os homens fazem o estilo gostosão. É tudo o que o público voyeur adora.
O compacto dos melhores momentos, exibido de segunda a sábado às 21h, deixa uma pista do que deverá acontecer nas próximas semanas. Provavelmente, mulheres nuas ou seminuas tomando banho, tórridos romances. E o telespectador se diverte olhando pelo buraco da fechadura.
Em nota oficial, a Globo disse que o programa é um plágio sensacionalista e que vai processar o SBT [a emissora do Rio já conseguiu liminar na Justiça proibindo o programa da concorrente paulista]. A resposta oficial da emissora de Silvio Santos foi pura ironia, ao dizer claramente tudo aquilo que todo mundo pensa sobre a Globo mas não tinha coragem de falar abertamente. E, pior, em nota oficial.
O orgulho da emissora de Roberto Marinho foi ferido. Silvio Santos que se prepare para uma batalha judicial. Só não venham ? tanto a Globo como o SBT ? falar em questões éticas. O público e a mídia sabem muito bem se as duas emissoras têm ou não moral para evocar questões éticas. Não venha a Globo chamar Casa dos Artistas de sensacionalista; afinal, a que categoria pertence No limite 3? Nem diga o SBT que a Globo não foi ética ao pagar multa e assumir processos de autores que tinham contrato com o SBT. Afinal, de que forma o Ratinho saiu da Record?
Vamos parar com a hipocrisia de dizer que o outro não foi ético. A briga entre Globo e SBT já está virando baixaria. Aliás, essa briga é o retrato da televisão brasileira: sensacionalista. Enquanto isso, o público se diverte em frente à televisão, e os jornalistas se divertem nos bastidores.
Chateaubriand deve estar dando gargalhadas no céu.
(*) Jornalista em Porto Alegre