Monday, 18 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

Segurança atropela a campanha

CRISE NO RIO

Chico Bruno (*)

O 11 de setembro, que há um ano determinou a vulnerabilidade da segurança americana, determinou, agora, a falência do poder público fluminense, e é um alerta para todas as autoridades constituídas deste país. O fato de um traficante encarcerado em presídio, que se diz de segurança máxima, ter matado quatro rivais que cumpriam pena com ele humilha a polícia, o governo do Rio de Janeiro e a União. Pior, ainda é a polícia não ter cumprido as ordens da governadora Benedita da Silva de invadir Bangu 1. Há três meses o Ministério Público denunciou ao país, pela mídia, que o presídio era o escritório central do crime organizado, e pediu providências ao governo do estado. Em vez de adotar as providências que cabiam, as autoridades fluminenses se indignaram com o fato de o Ministério Público ter procedido as diligências em segredo de justiça.

A mídia cumpriu seu papel, principalmente porque, após a denúncia do Ministério Público, continuou a municiar a população com informações precisas e alertando as autoridades de um possível desfecho trágico, haja vista os antecedentes do caso Tim Lopes.

Aliás, neste período, a mídia fez várias indagações às autoridades. Entre elas, se era tão difícil para um governo impedir a entrada em presídios de celulares e armas, e por que Beira-Mar não estava recolhido a uma cela solitária. Infelizmente, a mídia não obteve as respostas.

Este triste episódio traz, ainda, um fato mais grave, que é o governo fluminense solicitar a transferência de Beira-Mar para presídio em outro estado da União. Com este gesto, o governo fluminense assume sua total incompetência. É lamentável um governo assumir que não tem condições de manter sob sua tutela um traficante de drogas. Este episódio, possivelmente, pode enterrar o sonho de reeleição de Benedita da Silva, principalmente porque será explorado à exaustão pelos adversários nestes últimos 16 dias de horário gratuito eleitoral.

A segurança pública, graças a este triste episódio, voltará à pauta de propostas dos presidenciáveis. Este era um problema que estava relegado a segundo plano no debate eleitoral, tomado que foi pela questão do desemprego, que trouxe à tona propostas mirabolantes de criação de milhões de postos de trabalho. Nestes 16 dias que restam de programas eleitorais, com certeza, o problema será focado. Infelizmente foi preciso um Beira-Mar da vida para se retomar a discussão de um problema que aflige a todos os cidadãos brasileiros e que ocupa muito espaço na mídia brasileira faz tempo.

O problema da segurança pública tem sido cobrado com insistência pela imprensa brasileira. Infelizmente, a resposta do poder público tem sido pífia. Com certeza a imprensa está cumprindo o seu papel. As autoridades, não.

(*) Jornalista