Wednesday, 25 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Sem acordo e sem dinheiro

GAZETA MERCANTIL
(*)

Sindicato dos Jornalistas de São Paulo

Os jornalistas e funcionários da redação e alguns colegas dos setores administrativo e comercial da Gazeta Mercantil realizaram na quinta-feira (31/07) uma paralisação branca de duas horas e meia exigindo uma definição da direção da empresa em relação ao pagamento dos salários de junho. A manifestação resultou do não cumprimento, por parte da empresa, do compromisso assumido por seu representante, o diretor jurídico da S.A. e advogado Ailton Trevisan, em mesa-redonda realizada dia 29 de julho, na Delegacia Regional do Trabalho.

A promessa era efetuar o pagamento de junho até ontem, conforme ficou registrado em ata assinada por ele, pelo presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, Fred Ghedini, e pelos representantes das autoridades públicas presentes ? o representante do Delegado Regional do Trabalho, Vagner Ferreira de Freitas; do Ministério Público do Trabalho, Dra. Andrea Tertuliano de Oliveira; e a chefe da seção de Relações do Trabalho, Dra. Aylza Gudin.

Os funcionários da Gazeta Mercantil exigiram a presença do diretor de Redação, Luiz Recena Grassi, para dar explicações das razões por que a empresa não depositara os salários de junho, conforme o compromisso assumido, e as perspectivas de pagamento dos vencimentos de julho, uma vez que todos se vêem diante da possibilidade de a Gazeta se tornar inadimplente pelo segundo mês consecutivo. O temor dos funcionários é de que se repita a situação de crises anteriores, em que a empresa deixou de pagar vários meses entre 2001 e 2002, mantendo até hoje esse passivo trabalhista, que, segundo o próprio advogado da Gazeta Mercantil, monta a 29 milhões de reais, mas que, na verdade, pode ser muito superior a isso.

Luiz Recena, antes de descer, encaminhou à redação declaração do advogado Ailton Trevisan, que se limitou a explicar que as negociações com Nelson Tanure, do Jornal do Brasil, iriam ser retomadas na sexta-feira (1/8), e que provavelmente na segunda-feira (4/8) já haveria uma solução para a negociação de licenciamento da marca Gazeta Mercantil. O texto causou indignação, uma vez que não havia referência ao compromisso assumido por ele, em nome da empresa, de pagar o salário atrasado de junho.

Pressionado pela redação, que em coro batia palmas e gritava seu nome, Recena desceu para o terceiro andar. Explicou que a empresa não dispõe de recursos para efetuar os pagamentos dos salários de junho, o adiantamento da quinzena de julho e o principal do salário de julho, que vence no próximo dia 6/8. A única esperança, segundo o diretor de Redação, será a conclusão das negociações na segunda-feira (4/8). E, caso nada seja resolvido, todos, inclusive ele, teriam de tomar uma decisão sobre o que fazer. Disse até que, em seu caso pessoal, teria de decidir se voltaria a Brasília e procuraria novo emprego.

O presidente do Sindicato, Fred Ghedini, chegou nesse momento à assembléia dos funcionários da Gazeta Mercantil e explicou que os advogados do Sindicato e da Associação dos Funcionários e Credores da GM estão providenciando uma série de medidas legais que serão tomadas na Justiça nos próximos dias, para conseguir o pagamento imediato, no menor prazo possível, dos salários de junho e julho, entre outras medidas. Por motivos estratégicos, não revelou as ações que serão tomadas no âmbito jurídico.

Os trabalhadores da Gazeta Mercantil continuam mobilizados, organizando reuniões diárias na redação, exigindo o pagamento dos salários. O diretor de Redação, Luiz Recena, se comprometeu a comparecer à assembléia dos funcionários na segunda-feira (4/8) para fazer um relato sobre o esperado final das negociações com Nelson Tanure o que, segundo ele, garantirá o pagamento dos salários e junho e julho e de todo o passivo trabalhista.

(*) Reproduzido do sítio do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo <www.sjsp.org.br>; título original: “Direção da Gazeta Mercantil descumpre acordo e diz que não tem dinheiro para pagar os funcionários”