THE NEW YORK TIMES
Funcionários do New York Times estão batendo na madeira. Se as coisas continuarem calmas no conflito no Afeganistão, o jornalão suspenderá o caderno "A Nation Challenged" (Uma nação desafiada), especial de guerra, em 1o de janeiro. Por enquanto, o editor-executivo Howell Raines não fez um anúncio oficial, mas jornalistas do Times têm ouvido rumores sobre o fim do caderno diário publicado desde 18 de setembro.
Apesar de ainda haver muitas notícias sobre o conflito no Afeganistão, já é possível encaixar as informações nas seções tradicionais do jornal. Gabriel Snyder [The New York Observer, 24/12/01] diz que, além do sucessivo emagrecimento do caderno, leitores têm reclamado da overdose de informações. O caderno especial sacrificou seções importantes ao sugar esforços de jornalistas antes dedicados à cobertura de esportes, por exemplo. Outra preocupação são os gastos. Um caderno diário sem anúncios não sai barato, ainda mais em tempos de retração do mercado.
O publisher do Times, Arthur Sulzberger Jr., julga que o dinheiro do caderno tem sido bem gasto. No jornal britânico Guardian, Harold Evans se refere ao caderno como "um ato diário de comunhão ao qual se junta toda a cidade". A seção é quase uma senha para o Pulitzer, ganhando a simpatia das mais diversas tribos. Rupert Murdoch, por exemplo, disse no programa de 10 de dezembro de Charlie Rose que o Times, durante o conflito, "atraiu todas as suas numerosas fontes e fez um trabalho fantástico".
JOGOS DE INVERNO
O novo ano traz novos desafios no campo esportivo: 2002 terá as tradicionais Olimpíadas de Inverno, populares em todo o mundo, evento que será realizado em Salt Lake City, no estado americano de Utah, de 8 a 24 de fevereiro. Entre os desafios estão a segurança dos atletas e a cobertura que a imprensa poderá dar ao assunto, em tempos de recessão e de cabeças voltadas para o Afeganistão.
O Washington Post reconhece que o espaço dedicado aos Jogos de Inverno será ligeiramente inferior ao normal, devido à guerra. Outros jornais, afirma Joe Strupp [Editor & Publisher, 20/12/01], garantem que devotarão as mesmas páginas e os mesmos recursos empregados nos Jogos de Inverno de 1998, em Nagano, Japão.
Talvez até mais. "A sede dos jogos será em casa, queremos ter certeza de que faremos um bom trabalho", disse Monte Lorell, editor de esportes do USA Today. O jornal publicará especial diário de 12 páginas, como em 98 e nas Olimpíadas de 2000, em Sydney, Austrália. Serão 39 correspondentes em Utah, batendo a marca de 26 repórteres enviados a Nagano há quatro anos. O próprio Washington Post mandará 12 correspondentes, contra os sete enviados a Nagano. O New York Times ainda não deu detalhes sobre a cobertura dos jogos em Salt Lake City.
Os anunciantes não ajudarão muito. Geralmente, segundo Joseph E. Maschio, vice-presidente de marketing da Newspapers First, firma publicitária de Nova York, o mercado não se interessa por cadernos especiais de esportes, a não ser nos jornais do local dos jogos. "É um evento predominantemente de TV", afirmou.