GLOBO EM CRISE
"Prejuízo da Net cresce 24% com alta do dólar e perda de assinantes", copyright Folha de S. Paulo, 18/11/02
"O prejuízo da Net cresceu 24% de janeiro a setembro deste ano em relação a igual período de 2001, atingindo R$ 818,3 milhões. O principal motivo foi o impacto negativo da alta do dólar na dívida da empresa e a perda de mais de 100 mil assinantes da TV paga no ano.
A situação financeira da Net se agravou no terceiro trimestre, período que respondeu por mais da metade (R$ 422,4 milhões) do prejuízo de nove meses. De julho a setembro, a companhia perdeu 34 mil assinantes.
O resultado poderia ter sido pior caso a Net não tivesse reduzido em 21% seu endividamento, graças a uma recapitalização e a um empréstimo do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Com essa operação, a dívida da Net caiu de R$ 1,6 bilhão no fim de junho para R$ 1,2 bilhão no final de setembro -valor ainda muito elevado, segundo analistas.
No entanto a parcela da dívida em moeda estrangeira cresceu de 59% (final de junho) para 73% do total, totalizando cerca de R$ 1 bilhão em setembro.
O menor endividamento em reais ocorreu porque a Net converteu suas debêntures (títulos da dívida em moeda local) em ações, como previa o plano de recapitalização.
Do total da dívida, 29% são de curto prazo, contra 38,5% no fim de junho. A redução só foi possível porque a Net reescalonou em outubro um vencimento de US$ 32 milhões. O câmbio também elevou os custos da Net, porque alguns contratos de programação e franquias são feitos em dólar."
"TV Globo ameaça cortar a comissão extra que paga às agências – o ?BV?", copyright Cidade Biz, 14/11/02
"O mercado publicitário entrou em polvorosa esta semana. A TV Globo enviou carta reservada às maiores agências de publicidade com um recado ameaçador: é melhor parar o quanto antes o movimento que entusiasma os setores responsáveis nessas empresas pela compra de espaço publicitário para se tornarem operações independentes.
A idéia surgiu no mercado como antídoto à retração dos investimentos publicitários, provocando um desemprego inédito no setor. Ela se ampara no exemplo americano, onde as grandes agências separaram como entidades autônomas as suas áreas de criação das de planejamento e compra de mídia, cada qual com sua carteira de clientes e sustentadas basicamente pela receita dos serviços prestados.
O resultado é que baixou o custo de mídia para os anunciantes à custa dos veículos principais. Aqui, o setor da propaganda se remunera com uma comissão padrão de 20% sobre os anúncios veiculados, mas as grandes agências também costumam receber um adicional, chamado de BV, de Bonificação de Volume, dependendo do tamanho da verba.
A TV Globo tem no BV um de seus principais trunfos para atrair o maior quinhão das verbas publicitárias do país. Em meio à maior crise financeira de sua história, por causa do pesado passivo em dólar assumido pelas empresas do grupo, a Globo padece, como a maioria das empresas do ramo, da queda da publicidade e tudo o que não aspira, a esta altura, é que elas possam tornar-se, na tendência, ainda menores.
Daí o conselho às grandes agências, clientes habituais do BV: se não cortarem as asas de seus executivos envolvidos com o movimento, sujeitam-se a perder as receita do BV. Para muito nome pomposo do mundo da publicidade, o BV é tão essencial como o ar que se respira.
Pela reação que se apurou entre as lideranças das agências, a voz da Globo calou alto no setor, e ninguém julgou salutar emitir opinião às claras. Mas o imbróglio deve ir longe, pois editoras de jornais e revistas têm interesses conflitantes nesta história com os da TV Globo.
Circulam pelo mercado estudos comparativos entre as empresas, segundo os quais as pressões da TV Globo sobre as grandes agências e anunciantes teriam criado a distorção de a rede da família Marinho estar absorvendo uma fatia das verbas publicitárias muito acima do que justificaria a sua audiência.
É dinheiro que deveria estar aplicado em outras redes de TV e mídias, se estivessem sendo observados com rigor os instrumentos estatísticos à disposição dos departamentos de mídia das agências. A Globo, naturalmente, deve discordar dessa análise. Mas o ranger de dentes continua intramuros."
"Globo tenta resgatar R$ 58,7 mi de 0900", copyright Folha de S. Paulo, 15/11/02
"A Globo está tentando reforçar seu caixa com o resgate de uma verba de R$ 58.698.427,71. Esse dinheiro está bloqueado pela Justiça desde julho de 1998. Foi arrecadado com a promoção ?500 Gols do Faustão?, na Copa de 98, pelo sistema telefônico 0900.
Em julho daquele ano, a Justiça Federal, em decisões provisórias, declarou ilegais os sorteios feitos pelas emissoras de TV via 0900. Na época, cerca de R$ 100 milhões que seriam arrecadados pelas TVs, segundo cálculos do Ministério Público Federal, foram bloqueados judicialmente.
A ação judicial, inicialmente, envolvia apenas a TV Bandeirantes, que em janeiro de 98 promoveu o ?Disque-Marcelinho?, em que torcedores votavam em qual clube de futebol iria jogar Marcelinho Carioca. Posteriormente, Globo, SBT e Record acabaram entrando como réus nessa ação.
A Globo recorreu e conseguiu, em maio deste ano, decisão favorável do STJ (Superior Tribunal de Justiça), que entendeu que a emissora nada tinha a ver com o ?Disque-Marcelinho? e que portanto deveria ser excluída da ação.
Em 24 de setembro, fundamentada na decisão do STJ, a emissora entrou com pedido de resgate na 20? Vara Cível Federal de São Paulo, onde a ação teve início e foi julgada, há um ano, condenando as TVs a devolverem tudo o que faturaram com o 0900. O pedido foi negado, e a Globo já recorreu ao Tribunal Regional Federal."