GUERRA & BIOTERRORISMO
"Imprensa americana corre o risco de ter grandes prejuízo com a guerra", copyright The New York Times / UOL, 21/10/01
"Não existe uma boa época para a guerra, mas para as grandes empresas de mídia e jornalismo, a atual época é especialmente prejudicial.
Antes mesmo do dia 11 de setembro, as vendas com anúncios, que garantem boa parte das novas operações, já estavam em queda. Após os ataques, o setor publicitário entrou numa grave crise.
No entanto, para as empresas de notícia e os grupos que as controlam, a limitada receita publicitária é apenas parte do problema. As empresas terão ainda que implementar cortes em seus orçamentos para garantir a esta grande história as fontes que ela requer.
Para as principais empresas do setor, a questão até o momento não é saber se eles têm condições de cobrir a crise, mas sim se eles terão condições de não cobri-la.
Uma boa parte destas empresas prefere enxergar para além do impacto financeiro de curto prazo, e destacam o mérito de longo prazo que uma ampla cobertura pode garantir para suas ?marcas? jornalísticas. Eles argumentam que quando a CNN se destacou com a Guerra do Golfo, a rede ficou fortalecida por vários anos em função daquela cobertura.
?Nós iremos gastar aquilo que for necessário para uma cobertura adequada da história?, afirma J. Michael Kelly, chefe financeiro da AOL Time Warner, que agora controla a CNN e também a revista Time. ?É desta forma que você constrói marcas neste ramo: pelo destaque da cobertura editorial concedida a histórias como esta?.
Tal como a CNN, as maiores rede televisiva de notícias são controladas por conglomerados internacionais extremamente ricas: ABC News é controlada pela Walt Disney, CBS News pela Viacom e NBC pela General Electric. E como o noticiário é apenas uma parcela pequena – ainda que extremamente visível – daquilo que cada uma destas companhias faz, elas talvez não queiram deixar que gastos com noticiários prejudiquem seus resultados financeiros globais, especialmente caso a crise se aprofunde.
Em contraponto, empresas como ?The Washington Post? ou ?The New York Times? aonde o noticiário é o principal ativo, talvez haja uma margem de manobra mais restrita para realocar os custos – além de uma capacidade ainda menor para afugentar a crise financeira.
Em uma mensagem vídeo-eletrônica enviada a seus funcionários na última sexta-feira Arthur Sulzberger Jr., presidente da ?The New York Times Co.? afirmou que o clima econômico adverso faria com que a empresa não cumprisse suas metas de lucro neste ano e, muito provavelmente, no ano que vem.
Mesmo assim, ele disse, ?a qualidade de nosso jornalismo é a essência do sucesso de nossa empresa, e nós faremos tudo o que for possível para poder continuar a oferecer a nossos leitores, telespectadores e ouvintes noticiários de nível internacional?.
Segundo estimativas recolhidas junto a empresas e analistas de Wall Street, as empresas jornalísticas americanas talvez já tenham gasto US$ 100 milhões (R$ 270 milhões) acima de seus orçamentos anteriores para cobrir o conflito. A este valor devem ser somados outros US$ 500 (R$ 1,3 bilhões) milhões perdidos pelas redes de televisão nos dias que se seguiram aos ataques, quando houve cobertura integral.
Caso o atual patamar da crise persista por um ano, as principais redes de radiodifusão contariam com centenas de milhões de dólares em custos adicionais. As redes poderiam ainda perder outras centenas de milhões de dólares em vendas caso o curso do conflito exija uma cobertura em tempo integral.
Tom Wolzien, um analista de mídia da Sanford C. Bernstein & Co., avalia que cada uma das três maiores redes atualmente gaste diariamente US$ 1 milhão (R$ 2,7 milhões) a mais para cobrir a guerra contra o terrorismo.
Caso esta estimativa seja aproximadamente correta, ela dobraria o orçamento do setor de noticiário de cada uma das grandes redes e faria com que estes deixassem de oferecer um pequeno lucro para oferecer um prejuízo considerável. Analistas e executivos avaliam que – descontados os altamente lucrativos programas de revistas eletrônicas – cada uma das três grandes redes geram uma receita anual que gira em torno de US$ 400 milhões (R$ 1,08 bilhões) ou US$ 450 milhões (R$ 1,2 bilhões) e gastam anualmente algo entre US$ 350 milhões (R$ 945 milhões) e US$ 400 milhões.
Se cada uma das divisões de noticiário contasse com custos adicionais de US$ 350 milhões ao ano para cobrir a crise, isto teria um impacto significativo sobre os resultados financeiros dos grupos que as controlam. Um abalo desta magnitude sobre a renda corporativa poderia eventualmente reduzir a renda de cada um dos gigantes da mídia (descontando-se juros, impostos, desvalorizações e amortizações – uma ferramenta financeira essencial para as empresas de mídia) em 5% ou mais.
Sob a condição do anonimato, um executivo próximo a uma dos setores de noticiário de uma destas grandes redes afirmou que, com o atual nível de gastos, sua rede teria não mais do que US$ 36 milhões (R$ 97,2 milhões) de gasto adicional – uma quantia relativamente aceitável. Este executivo advertiu, no entanto, que este número poderia agigantar-se caso a crise tomasse um novo rumo.
No que toca aos jornais, uma analista da Merril Lynch, Lauren Rich Fine, forneceu uma estimativa aproximada de custos. Ela afirma que Gannet e ?The New York Times Co.? gastaram cada um algo entre US$ 3 milhões (R$ 8,1 milhões) e US$ 4 milhões (R$ 10,8 milhões) até o momento com edições extras, viagens, serviços auxiliares e comunicações. Por intermédio de porta-vozes, ambas as empresas se recusaram a discutir tais custos.
Os jornais se encontram atualmente em uma posição extremamente peculiar no que toca tanto à prestação de bons serviços ao público quanto à prestação de contas aos acionistas?, declarou Fine. ?Muitos sentem saudades dos tempos em que os investidores cortavam as gorduras das empresas e se sentiam contentes com seus atos?.
Em uma encontro com analistas realizado na semana passada, o chefe-executivo da Knight Ridder, P. Anthony Ridder, afirmou que a empresa perdeu US9 milhões com arrecadações em anúncios por causa dos ataques de 11 de setembro, e que gastou US$ 2 milhões (R$ 5,4 milhões) adicionais ?para a cobertura dos fatos que se seguiram aos ataques?.
Tanto na imprensa escrita quanto na televisiva, ao menos parte dos custos adicionais será recuperado. A recuperação do público para noticiários já fez com que a arrecadação publicitária de algumas redes fosse recuperada, embora talvez ainda seja muito cedo para avaliar-se algo além de estimativas aproximadas. No final da história, uma empresa dedicada exclusivamente ao noticiário, como a CNN, poderá muito bem obter lucro com sua cobertura da guerra.
Mark Harrad, porta-voz da unidade de radiodifusão da AOL Time Warner em Nova York, que controla a CNN, afirmou que na primeira semana de outubro a CNN elevou os valores de seus anúncios – um reflexo à alta expectativa de audiência para o canal. Ele não quantificou esta elevação, que não afetará anunciantes que já mantinham contratos com a rede.
No caso da CNN, acho que eles terão um ganho bruto?, afirmou Richard A. Bilotti, um analista de mídia da Morgan Stanley. No entanto ele afirmou que a crise provavelmente resultaria em um prejuízo bruto para as redes de noticiário.
Executivos da mídia mantém esperanças de que qualquer perda financeira venha a ser compensada pela boa vontade de longo prazo e pela força que tais empreendimentos possuem para atrair novas marcas. No entanto, no auge da crise, ao menos um destes executivos afirmou que não era exatamente na criação de marcas que ele estava pensando.
?Depois que tudo isso tiver passado, nós olharemos para traz e diremos, ?Nós ajudamos a ABC News, ou nós cometemos erros e prejudicamos a ABC News??? afirmou Alex Wallau, presidente da rede de televisão aberta ABC. ?Neste caso, creio que nós contribuímos com a marca, mas não pensamos nisto na hora em que as coisas acontecem. Creio que isto é aquilo que percebemos após a história ter acabado?.
O empecilho, do ponto de vista empresarial, é o fato de que ninguém sabe quando esta história irá acabar. (Tradução: André Medina Carone)"
"Anthrax na berlinda do circo da mídia", copyright Comuique-se (www.comunique-se), 22/10/01
"Incompetência de autoridades ou ruído de comunicação? Qual é a definiçccedil;ão mais apropriada para as manchetes que pipocaram nos quatro maiores jornais brasileiros (Folha de S. Paulo, Estado de S. Paulo, Jornal do Brasil e O Globo), neste fim de semana, alardeando que o escritório do New York Times, no Rio, havia recebido uma correspondência com anthrax?
O episódio acabou virando um ?circo de mídia?, como define o próprio correspondente chefe do New York Times, no Rio, Larry Rohter, em comunicado divulgado nesta segunda-feira (22/10) explicando a trapalhada de informação que culminou nas manchetes infundadas. A notícia acabou sendo desmentida pelos jornais no domingo.
Sabendo do comunicado, a Fiocruz se manteve na defensiva e decidiu não comentar o assunto. Segundo a assessora de imprensa Christina Tavares, ?a postura é não dar corda à tentativa de polêmica do New York Times. Nosso inimigo não é o jornal americano, mas o bioterrorismo?, diz ela.
A história começou na terça-feira (16/10), quando a jornalista Mary Galanternick, que trabalha no escritório do New York Times, no Rio, recebeu um envelope sem remetente endereçado ao correspondente Larry Rother. A carta, que não chegou a ser aberta, foi levada pela Defesa Civil até a Fiocruz para que o conteúdo fosse analisado. Um comunicado oficial do New York Times, expedido de sua sede nos EUA na sexta-feira, dava conta de que, segundo autoridades sanitárias brasileiras, ?os esporos encontrados no envelope eram similares aos do anthrax?.
NYT se defende em comunicado
?Gostaríamos de esclarecer as declarações imprecisas do Dr. Paulo Buss, presidente da Fiocruz, quando disse que nem a Fundação nem o Ministério da Saúde, em momento algum comunicou à sucursal carioca do jornal The New York Times que testes preliminares indicavam esporos semelhantes ao anthrax. Na sua conferência de imprensa, sábado passado, o Dr. Buss mandou todo mundo perguntar ao New York Times como foi que chegamos a essa conclusão. Tudo bem?, diz Rohter no comunicado divulgado para a imprensa.
A intenção do NYT, segundo Rother, era ?saber o conteúdo do envelope assim que fosse aberto. Se tivéssemos sido informados do que continha o envelope, como foi combinado inicialmente com o Dr. Buss, o caso estaria encerrado, ninguém precisaria saber de nada, e não haveria necessidade nem de publicidade nem de espalhar o temor pela cidade e o país. Em vez disso, a Defesa Civil veio para o escritório do jornal no dia 18/10, despertando a curiosidade dos inquilinos e provocando as primeiras indagações da imprensa?, escreve Rother.
?Na tarde dia 18/10, o Dr. Eduardo Hagge, Coordenador Geral de Vigilância
Epidemiológica do Centro Nacional de Epidemiologia em Brasília, nos ligou, dizendo que ?a Fiocruz acaba de me informar que exames preliminares mostram esporos de um bacilo semelhante ao anthrax.?
E finaliza: ?nosso prêmio foi passar talvez as 24 horas mais desagradáveis de nossas vidas, preocupados com a nossa saúde e no meio de um circo de mídia, um circo que facilmente podia ser evitado através de uma melhor coordenação e comunicação.?
Credibilidade e verdade
Afinal, a notícia falsa foi fruto de incompetência das autoridades ou ruído de comunicação? Para o professor Muniz Sodré, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o medo do terror e a sensação de que os ataques não têm endereço certo e que podem acontecer a qualquer hora, desenha uma imagem ?globalizada do terrorismo, virótica e contagiante?.
Segundo ele, o momento de medo coletivo propicia o boato. ?Neste clima, é comum surgirem barrigas (notícias falsas). As imagens mudam rapidamente e é difícil dizer o que é verdade e o que é mentira?. Para Sodré, a imprensa vive mais da credibilidade do que da verdade. ?No caso, o New York Times é uma instituição de grande credibilidade, mas isso não quer dizer que ele diga a verdade?, diz.
Para Nilson Lage, professor titular da Universidade Federal de Santa Catarina, a barriga é fruto da ?imensa ignorância sobre os verdadeiros riscos do anthrax?. ?Até agora, não houve episódios de contaminação pela bactéria fora dos Estados Unidos. Há interesse do sistema em apresentar os terroristas como ameaça presente. Precisamos nos preparar para o aumento da propaganda do medo?, arrisca o professor."
"EUA vivem dilema entre liberdade de imprensa e segurança nacional", copyright USA Today / UOL,
"O Pentágono ?nos ofereceu pequenas porções de informações relativamente vagas a respeito dos bombardeios?, ele afirma. ?Eles informaram quando teriam início as operações especiais, e vão nos dizer pouquíssima coisa?. E isto o preocupa.
?Eu não sou besta. Sei que operações secretas funcionam somente se você as mantiver distante da vista do público. E quando soldados americanos partirem para combate e começarem a morrer, será preciso descrever tudo isso de alguma forma para o público americano?.
No momento em que a guerra contra o terrorismo toma impulso, o governo e a imprensa enfrentam o desafio de encontrar uma forma para cobri-la. Até o momento, houve cooperação de ambos os lados: a mídia, movida pelo senso comum, pelo patriotismo, pelo temor frente ao público (ou então pelos três fatores), endossou o clamor do governo por maior discrição.
Isto ficou muito claro na semana passada quando as redes de televisão, em uma manifestação de cooperação sem precedentes com a Casa Branca, concordou em examinar previamente vídeos de terroristas antes de levá-los ao ar.
Mas há também sinais de que a paciência da mídia está se esgotando, o que significa que ocorrerão novos conflitos.
O presidente Bush advertiu que esta guerra deveria ser lutada, em grande parte, nas sombras. Mas no sábado, líderes de 21 grupos jornalísticos afirmaram que medidas severas de segurança limitam a capacidade da mídia para oferecer à população informações necessárias à segurança de todos. Enquanto o governo deve tomar ?medidas incomuns? em tempos de guerra, as restrições ?colocam perigos à democracia americana?, afirmou o grupo.
No programa ?Reliable Sources? (?Fontes Confiáveis?) desta semana, o correspondente da CNN Walter Rogers afirmou ter visto mísseis de cruzeiro serem lançados a partir do Navio USS Carol Vinson, mas que ?a Marinha nos censurou. Só 20 horas depois nós conseguimos levar a matéria ao ar?.
O correspondente da NBC no Pentágono, Jim Miklaszewski, prevê que no momento em que tiverem início as operações terrestres, ?as relações entre a mídia e os militares serão ainda mais difíceis?. Mas informações extra-oficiais o deixaram confiante de que o Pentágono manteria ?alguma espécie de compromisso que nos permitiria cobrir algumas ações (secretas)?.
Na Guerra do Golfo, ele disse, alguns repórteres ?não publicaram suas matérias antes que a guerra terminasse por razões de segurança?. Agora, ?algumas organizações da imprensa talvez queiram aceitar estas regras?.
?Obviamente, repórteres querem saber de tudo a toda hora, mas até agora acho que eles firmaram um compromisso que os colocaram numa posição limite. Há poucos dias, equipes de televisão e repórteres de jornais embarcaram para cobrir os primeiros ataques. Eles viram aviões. Viram mísseis de cruzeiro?.
O presidente da Fox News, Roger Ailes, afirma: ?Eu não sei se eles (o governo) sabem muito mais do que estão nos contando. Você não vê os democratas dizendo: ‘eles não nos dizem nada’. Você não vê a mídia, que se opunha abertamente a George Bush antes do dia 11 de setembro, dizer: ‘eles não dizem aquilo que nós precisamos saber’?.
Diz o âncora do CBS News, Dan Rather: ?Esta é uma situação singular vivida em um tempo singular. Isto posto, quero dizer que sempre fico temeroso quando autoridades governamentais tentam interferir na cobertura da imprensa, seja de forma ampla ou restrita?.
O chefe da MSNBC Erik Sorenson concorda: ?Não estamos vendo democratas contra republicanos. São assassinos maníacos contra os defensores da democracia?.
Diz o presidente da CNN Walter Isaacson: ?Devemos ser objetivos até mesmo em tempos adversos, mas não acredito que devemos manter a neutralidade moral para definir se os terroristas que deliberadamente assassinam pessoas inocentes são ou não são maus?.
Até agora, muitos jornalistas afirmam que o governo encontrou o ponto de equilíbrio entre a segurança nacional e o direito do público à informação.
?Nosso sistema é forte porque o governo e a mídia são capazes de dialogar?, afirmou o secretário de imprensa da Casa Branca Ari Fleischer.
Porém outros jornalistas demonstram desconfiança. Eles afirmam que há sempre algum problema quando a mídia demonstra sinais de solidariedade em relação àqueles que ela supostamente deveria fiscalizar.
?Conceder ao governo o benefício da dúvida é sempre questionável?, afirma Walter Cronkite, ex-âncora da CBS News e correspondente na Segunda Guerra Mundial. ?Nós devemos manter os olhos e os ouvidos abertos para novos atos de auto-censura que venham a ser adotados pela imprensa?.
Os americanos, diz Cronkite, devem ter acesso às opiniões de Osama bin Laden, assim como tiveram às de Adolf Hitler, para em seguida ?refletir a seu respeito?. Sua opinião é corroborada pelo repórter do Washington Post, Bob Woodward, que conhece bem operações de governos em amordaçar a imprensa.
?Na minha opinião, você não deve tirar ‘Mein Kampf’ das livrarias?, diz Woodward. ?Deixe que cada um tenha a sua opinião no mercado de idéias. É importante que as pessoas ouçam o que bin Laden tem a dizer?.
Woodward prevê que a mídia e o governo Bush ainda irão se acertar. ?A Casa Branca está descobrindo que muitos profissionais da imprensa são mais cuidadosos do que eles pensavam. Nós já passamos por isto antes?.
O apresentador do programa ?Meet the Press? na NBC, Tim Russert, e que também dirige a sucursal da NBC em Washington, afirma: ?Creio que temos que tomar muito cuidado para não deixar que preocupações legítimas em relação à segurança nacional não se transformem em censura?.
Ele afirma que a m&iiacute;dia já deu provas de que não irá comprometer as forças militares norte-americanas antes que as bombas começassem a cair sobre o Afeganistão. ?Vinte organizações de imprensa convocaram correspondentes, antecipando os ataques (de 7 de outubro), e não houve um único vazamento da mídia?.
Obter informações junto ao governo nunca foi uma tarefa fácil, mesmo em tempos mais tranqüilos, afirma Matt Cooper, vice-chefe da sucrusal da Time em Washington.
No entanto, desde a Segunda Guerra Mundial a segurança dos Estados Unidos não havia sido tão ameaçada.
?Quando você enfrenta um inimigo que só tem um objetivo óbvio, que é matar pessoas, isto afeta um pouco as regras?, afirma o correspondente do programa ?60 Minutes?, Morley Safer. ?Pela primeira vez desde 1945, a imprensa se sente, com certa legitimidade, responsável pela segurança nacional?.
Um dia após ter obtido a concessão das redes de televisão, a Casa Branca estendeu seu pedido à imprensa escrita e solicitou aos jornalistas que não publicassem transcrições integrais das falas de terroristas. A resposta foi fria.
?Precisamos conhecer nosso inimigo, saber o que ele pensa, em que ele acredita?, afirma Clark Hoyt, chefe da Knight-Ridder em Washington.
O público americano pode tomar o partido do governo desta vez. Após a Guerra do Golfo, uma pesquisa da Gannett Foundation revelou que 60% dos entrevistados queriam que ?os militares exercessem maior controle? sobre a mídia, e uma pesquisa recente feita pela Initiative Media North America indicou que 84% acreditam que ?algumas notícias deveriam ser selecionadas?.
?O público americano apóia este tipo de segredo?, afirmou McWethy. ?Eles não se sensibilizam com os lamentos dos jornalistas?.
Com a palavra Fleischer: ?Nossa nação já passou antes pela guerra, e o governo e a imprensa livre sobreviveram. Assim também será nesta guerra. De alguma forma, ao longo dos 225 de nossa história, sempre com imprensa e governo livres, nós encontramos nossos caminhos, e nossa nação sempre saiu ganhando com isto?. (Tradução: André Medina Carone)"