SEMANAIS
Victor Gentilli
Veja desta semana traz com pouco destaque mas muita contundência uma boa matéria sobre os novos cursos seqüenciais criados pelo MEC e que vem sendo oferecidos de forma absolutamente indevida pelas instituições. A picaretagem da Gama Filho com o curso seqüencial de Jornalismo em Fortaleza foi o mote.
Hoje, alunos e instituição sabem que o curso não tem valor algum. Uma pena que estudantes tenham perdido dois anos de estudo ? a custos e sacrifícios altíssimos ? para perceber depois que foram enganados. Mas a Estácio de Sá já cometera a mesma imprevidência no Rio de Janeiro e igualmente se deu mal.
Época revela a crise da Universidade Estadual de Londrina ? UEL ? que muitos viam como exemplo e modelo.
Mas a matéria de Istoé, mostrando que na Universidade Federal do Ceará e na Escola de Medicina da Santa Casa, no Espírito Santo, alunos conseguem ingressar sem prestar vestibular por um esquema de transferências de escolas muito menos concorridas, certamente mostra que as semanais encontraram o caminho para uma boa cobertura de educação.
Bons sinais.
CARTAS
Artigo de Victor Gentilli mete o malho nos jornalistas pela precariedade na cobertura da área da Educação. Concordo com ele. Discordo apenas quando trata de uma matéria da qual sou um dos signatários, publicada na revista IstoÉ. Diz ele em seu texto: “Esta semana IstoÉ fez uma matéria sobre ensino à distância. Confundiu tudo. Tratou o assunto como cursos pela internet”. Na verdade, quem confundiu tudo foi ele. A matéria trata na verdade sobre ensino pela internet, como fica claro a qualquer leitor mediano desde o título da reportagem, “Canudo pela Internet”. Não pretendemos, eu e minhas colegas de redação, fazer uma matéria que abarcasse todas as modalidades do Ensino a Distância.
Victor Gentilli responde: Abaixo
do título, a primeira frase era: "O ensino à
distância avança". Pela leitura da matéria
e pelo que afirma o signatário, o que avança são
os cursos pela internet, embora no corpo da matéria, lá
no final, a expressão ensino à distância vá
aparecer de novo. Não creio ter confundido, mas penso que
a matéria pode ter confundido vários leitores que
ficaram com a impressão que ensino à distância
e ensino pela internet são a mesma coisa. Não são,
e a revista em momento algum esclareceu isso aos seus leitores.
Cordialmente, V.G.
Leia também
Interessante e oportuno o artigo de Antonio Brasil sobre a queda dos índices de audiência de telejornais. Espero que esse Observatório continue a explorar o tema.
Alguns pontos para o debate:
A audiencia de telejornais “sérios” estão em queda. Ok. Mas a questão pode ir além de discussões sobre formato. Já há literatura em estudos de comunicação que analisam a queda de interesse do público pelos assuntos em si: política, economia, sociedade, religião, etc. O ponto levantado por pesquisadores é a inanição das instituições próprias das sociedades liberais contemporâneas, que pouco ou nada falam ao cidadão-telespectador. E há ainda a complexidade inerente – e cada vez mais acentuada – a esses assuntos, distandiando-os assim do cidadão “comum”.
A crise dos índices medidores de audiência. Há argumentos que colocam no chão o real valor desses índices, questionando a relação “audiência = aceitação” do conteúdo televisivo e levantam profundas dúvidas sobre a própria existência do que se convencionou chamar “audiência” – uma construção simbólica feita para dar forma mercantil ao produto televisivo, financiando, via mercado publicitário, o aparato da indústria.
O que está por trás dessa queda de audiência, a meu ver, é a transição de uma sociedade moderna, capitalista, para uma sociedade pós-moderna, pós-capitalista – e a decorrente crise das instituições que modelaram a primeira, caso dos jornais impressos e, numa segunda fase, o jornalismo eletrônico.
É para fazer pensar.