ASPAS
AUDIÊNCIA & MERCADO
"Ibope indica queda de até 10% de TVs ligadas",
copyright O Estado de S. Paulo, 18/06/01
"O hábito de manter a TV ligada pela manhã, enquanto a família se prepara para sair de casa, ao colégio ou ao trabalho, parece ter sido o primeiro a ser cortado em tempos de economia de luz. Segundo o Ibope, o número de aparelhos ligados pela manhã caiu 10% desde que as pessoas começaram a mobilizar-se para alcançar suas cotas de energia.
No horário de 18 a 24 horas, a queda de aparelhos ligados foi de 5%, enquanto na madrugada foi de 2%. Esses números constam de estudo sobre o comportamento do público, entre 20 de maio e 3 de junho, em São Paulo. Foi o período mais crítico do anúncio e aplicação das medidas, quando programas como Vitrine (Cultura) e Casseta & Planeta (Globo) satirizaram o racionamento. O Vitrine chegou a ?homenagear? o plano usando velas por 20% do programa de 23 de maio.
?É difícil avaliar se uma variação de audiência de um programa é ou não devido ao racionamento?, afirma o diretor-executivo do Ibope-Mídia, Flávio Ferrari. ?É possível perceber que houve queda no total de ligados se compararmos com o período pré-síndrome do apagão.?
A queda do total de aparelhos ligados representa, em pontos porcentuais, uma média de 1,8 ponto a menos para os programas matinais. Já os noturnos caíram 3,2 pontos de média, enquanto os da madrugada, só 0,2. Segundo Ferrari, no mesmo período da queda do número de TVs ligadas, houve aumento de audiência média de programas jornalísticos. ?Isso deve ter sido motivado pela busca por informações sobre o racionamento?, disse."
"Os caça-níqueis", copyright Veja,
18/06/01
"Ao ler nos jornais os índices de audiência de algumas emissoras, muita gente se pergunta por que elas mantêm no ar programas que dão 1 ou 2 pontos de ibope. A impressão geral é que essas atrações servem apenas para preencher horários e dão prejuízo. Mas a coisa não é bem assim. Se o programa tiver um baixo custo de produção, um público bem específico e compensar a falta de propagandas caras nos seus intervalos com muito merchandising, ele pode se transformar num excelente caça-níqueis para canais como a Bandeirantes e a Rede TV!, que não têm a mesma estrutura dispendiosa dos gigantes Globo e SBT.
Há duas semanas, por exemplo, a Bandeirantes começou a veicular o Dia Dia e o Melhor da Tarde, direcionado a donas-de-casa. No conjunto, são sete horas e meia recheadas de fofocas sem relevância, dicas de saúde manjadas, debates cretinos e musicais ruins. Sua qualidade é tão rala quanto o número de seus espectadores, mas a direção da emissora está otimista. ?Achamos que em pouco tempo dará para dobrar o faturamento sem ter de se preocupar com a audiência?, diz o diretor de criação, Rogério Gallo. Um feminino semelhante torna rentáveis as tardes da Rede TV!: o Elas. Nesse mesmo canal, o Perfil 2000, que vai ao ar à meia-noite, se utiliza da equação ?custo baixo-merchandising-público específico?, com uma diferença: aposta numa classe mais abastada, em vez de mirar nas classes C, D e E. Todas essas atrações, apesar do ibope irrisório, conseguem faturar bem mais do que o Festa do Mallandro, da TV Gazeta, um relativo sucesso de audiência. Com média de 5 pontos, o show de Sérgio Mallandro não alcança mais do que 200.000 reais por mês. Por uma razão simples: nenhum anunciante de peso quer ver seu nome associado às baixarias do apresentador.
Quem sustenta esses programas são empresas de televenda que trabalham com produtos populares, como cápsulas de emagrecimento, alisadores de cabelo, máquinas de silk-screen, lotes de cemitério ou a fantástica Pulseira de Nossa Senhora Desatanós (sim, papa João Paulo II, existe uma no Brasil). É um negocião para elas. Enquanto na Globo e no SBT, emissoras que dominam o mercado de grandes anunciantes, um comercial vespertino de trinta segundos pode chegar a 25 000 e 35 000 reais, respectivamente, um merchandising de vários minutos no Melhor da Tarde fica no máximo em 19.500 reais. A pechincha é ainda maior no Elas, comandado pela ex-cantora e ex-musa dos caminhoneiros Sula Miranda: 1 100 reais por merchandising e não se fala mais nisso.
?Para mim, anunciar nesses programas compensa. O preço da Globo é muito alto e seu espectador não se interessa pelo que estou vendendo?, diz Diocrécia Freire, dona da Teledio, que comercializa os emagrecedores Porangaba Real e Lipocitrus, além de um xampu de ervas. A empresa conta com 200 telefonistas, que têm trabalho redobrado quando cada um dos produtos aparece na TV. Diocrécia é assistida ainda por ?merchandetes? – moças que se exibem ao lado de animadores de diferentes emissoras, para anunciar um produto. A mais conhecida dessas profissionais é Celeste Zeminian, de 35 anos. Ela ficou famosa em 1992, quando Silvio Santos se separou por algum tempo de Íris Abravanel e resolveu embarcar num cruzeiro com Celeste. ?Silvio foi um grande amigo. Aprendi muito sobre vendas com ele?, diz a supermerchandete. Celeste participa diariamente de programas de quatro emissoras.
Não são apenas as emissoras e os anunciantes que saem ganhando com esses programas. Eles também deixam felizes os seus apresentadores. Olga Bongiovanni é uma das mais satisfeitas. ?Ela é o que Ana Maria Braga já foi?, diz o publicitário Daniel Barbará. ?Tem carisma e vende bem.? A cada merchandising veiculado pelo programa Dia Dia, Olga embolsa 1.000 reais. Como o número de inserções diárias pulou de seis para cerca de vinte, no último ano, seus ganhos mensais já estão em torno dos 200.000 reais. Valor próximo do que lucra Otavio Mesquita, do Perfil 2000. Mesquita, porém, não faz exatamente merchandising. Cobre eventos como lançamentos de carros, helicópteros, resorts de luxo e grifes caras, sem dar na pinta de que são comerciais. E costuma ganhar um bom cachê (ou jabá) por tais ?reportagens?. ?Nem tudo que faço é cobrado. Mas dá para tirar uns 250.000 reais por mês?, diz ele. Otavio Mesquita definitivamente não precisa da Pulseira de Nossa Senhora Desatanós."
"Racionamento
já reduz TVs ligadas em até 25% ", copyright
Folha de S. Paulo, 12/06/01
"O índice de televisores ligados na Grande São Paulo na primeira semana de racionamento de energia elétrica caiu 12,6% no período da manhã (das 7h às 12h) e 13,6% na faixa da tarde (das 12h às 18h).
Os dados foram apurados pela Folha sobre números do Ibope fornecidos por emissoras de TV. Foram comparados o período de 4 a 8 de junho com o intervalo entre 7 e 11 de maio, as duas primeiras semanas ?cheias? de cada mês. As maiores emissoras -Globo, SBT e Record- são as mais prejudicadas. À noite, não houve mudanças significativas.
A queda no índice de televisores ligados foi ainda maior na comparação entre o último sábado com o dia 12 de maio, também um sábado. Na faixa vespertina, a redução foi de 25%. Na tarde de anteontem, havia 11,3% a menos de televisores ligados em comparação a 13 de maio, um domingo.
A surpreendente queda no último sábado explicaria o fato de o ?Caldeirão do Huck?, da Globo, ter perdido pela primeira vez neste ano para o ?Programa Raul Gil?, da Record. Com o ex-senador ACM no quadro do chapéu, a Record registrou 11 pontos, audiência semelhante à de edições anteriores. O ibope da Globo, 9 pontos, é que foi inferior à média."
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"Novela do SBT terá réplica de rua de SP",
copyright Folha de S. Paulo, 18/06/01
"O SBT começa hoje a reconstrução de sua ?fábrica de novelas?, desativada desde 1998. As primeiras obras levantarão cenários que ocuparão 1.600 m2 em dois estúdios. Os cenários serão usados para as gravações da novela ?Pícara Sonhadora?, adaptada de texto mexicano, a partir de agosto.
Também hoje começam os testes, entre atores de teatro, para a escolha do elenco de ?Pícara Sonhadora?. Deverão ser selecionados cerca de cem atores.
Em uma segunda fase de obras, o SBT irá construir uma réplica de uma rua de São Paulo, em área ao ar livre próxima ao seu complexo de estúdios, em Osasco (Grande SP). Na réplica, serão ambientadas cenas externas de ?Pícara Sonhadora?. A rua que será reproduzida ainda não foi escolhida, mas poderá ser uma do Bexiga.
Foi com uma réplica de trecho da avenida Angélica nos anos 20, usada em ?Éramos Seis?, que o SBT inaugurou sua cidade cenográfica, em 1994.
O dramalhão ?Pícara Sonhadora? marca a volta do SBT à produção de novelas. A emissora deverá investir US$ 200 milhões nos próximos cinco anos na adaptação de originais da rede mexicana Televisa e com a exibição de novelas dubladas."