Friday, 08 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1313

Sítios de crítica da mídia

ORIENTE MÉDIO

Vigiada atentamente por ambos os lados na cobertura do Oriente Médio, a imprensa deve sentir falta dos tempos em que as reclamações vinham por carta ou telefone. Na era da internet, os computadores das redações são inundados diariamente com centenas de e-mails, a maioria incentivada por ativistas que usam sítios na web para analisar reportagens e condenar veículos e jornalistas que consideram tendenciosos.

Ali Abunimah, vice-presidente do grupo Arab American Action Network, opera a ElectronicIntifada.com, que, ao lado do Palestinian Media Watch, é um dos responsáveis pela divulgação da causa palestina na imprensa, após anos enviando cartas a editores, assinando artigos e aparecendo em talk shows. Em Jerusalém, Lenny Ben-Davis lê edições online de vários jornais americanos e envia críticas aos 30 mil assinantes de honestreporting.com, estimulando-os a agir contra a organização ofensora.

Segundo Rita Ciolli [New York Newsday, 29/5/02], alguns ativistas sentiram que a tática de bombardear jornais com queixas não foi suficiente para chamar a atenção dos veículos. Por isso, eles passaram a organizar boicotes de assinaturas e enviar protestos aos anunciantes, o que foi especialmente sentido pela WBUR, estação da National Public Radio em Boston: a emissora estima que perdeu US$ 1 milhão ? 4% do orçamento ? com a desistência de patrocinadores antigos e novos graças à cobertura do Oriente Médio. Já o Washington Post deve enfrentar boicote de ativistas pró-Israel por uma semana em junho.

"O fato é que os e-mails democratizaram as preocupações das pessoas com a imprensa", acredita Jeffrey Dvorkin, ombudsman da NPR, que já recebeu nove mil mensagens sobre o Oriente Médio nos últimos três meses. Embora um bom número seja escrito por indivíduos com reclamações válidas, a maioria dos e-mails constitui campanhas orquestradas por sítios de internet ou textos copiados de monitores da mídia. "O e-mail amplificou a capacidade de protesto do público, mas não estou certo se tornou a causa mais eficaz", questiona Dvorkin.

O ombudsman do Post, Michael Getler, acha que há diversas razões para tanta reclamação. "Parte disso é um esforço para intimidar, outra parte para desviar a atenção sobre as ações de Israel para as ações do jornal, e parte disso é crítica com algum valor, à qual os editores deveriam prestar atenção."

THE WASHINGTON POST

A liderança do sindicato pediu, e foi atendida. Em 5 de junho ? dia do 125o aniversário do Washington Post ? a maioria dos funcionários do jornal retirou seus nomes dos créditos de matérias, fotos, desenhos e infográficos. A "greve de autoria" foi um protesto do sindicato, que representa mais de 1.400 funcionários do Post. A causa: a renegociação do contrato trabalhista, que expirou em 18 de maio.

Os funcionários pedem aumentos anuais de 3% por três anos, enquanto o jornal oferece o bônus de mil dólares mais aumento que pode variar de 1% a 3,7%. Há também divergências sobre férias ? o Post não quer que folgas sejam acumuladas de um ano para o outro ? e filiação sindical (o jornal propõe que os filiados possam deixar a associação a qualquer momento). As negociações estão atualmente suspensas.

Outra preocupação do sindicato é que a administração instale câmeras escondidas na redação, supostamente para proteger os bens do jornal. Conta Lucia Moses [Editor & Publisher, 3/6/02] que os funcionários desconfiam que a medida em nome da segurança sirva para espioná-los. Patricia Dunn, vice-presidente para relações trabalhistas, tenta dissipar o rumor: "Não é um instrumento para medir performance", garante.

Na primeira página do dia 5, seis das sete matérias não estavam assinadas; a única exceção era de um integrante da direção. O mesmo se repetiu em cinco das oito reportagens da seção especial comemorando o aniversário do diário. "Isso envia à direção do Post a mensagem firme de que muitos de nós estamos preocupados", declarou o repórter e vice-presidente do sindicato Rick Weiss. Informações de Frank Ahrens [Washington Post, 31/5 e 5/6].