THE WASHINGTON POST
Na coluna do dia 13, o ombudsman do Washington Post Michel Getler chama atenção para alguns e-mails e ligações que recebeu criticando fotos e textos que teriam um segundo sentido não evidenciado. No dia 7, por exemplo, em uma matéria sobre uma disputa de caráter racial no Departamento de Estudos Afro-Americanos de Harvard, foram publicadas duas fotos, cada qual com um dos professores que protagonizam o conflito.
Diversos leitores se indignaram ? e com razão, segundo Getler ? com o fato de que a figura menor mostrava um dos professores vestido de beca acadêmica sorrindo, enquanto o outro aparecia gritando em um microfone. A matéria, que deveria dar tratamento igual às duas partes, acabou tornando subentendido que o primeiro professor tem razão. Joe Lebert, editor de fotos do jornal, conta que a imagem do professor gritando era a única de que dispunham. "Entendo que esta foto, sem uma legenda adequada, tem um sentido visual confuso."
Alguns meses atrás muitos eleitores se incomodaram com uma imagem de George W. Bush, na qual as asas da águia do selo presidencial, do ângulo em que foi feita a foto, pareciam um par de chifres na cabeça do presidente.
Outro caso citado foi a diferença de espaço que o Post deu ao senador democrata John Daschle e ao presidente Bush durante seu desentendimento com relação à política econômica americana. Quando o senador discursou contra Bush, foi notícia na página A2 numa sexta-feira e na A4 no sábado seguinte. A resposta do presidente ganhou quatro colunas da primeira página no domingo. "Leitores do Post devem estar curiosos porque Bush fez todo esse ruído já que o jornal achou a posição democrata tão desimportante", observou um leitor.
Finalmente, Getler conta o caso de um leitor que reclamou de uma matéria na qual consta que o advogado Allan Milstein "nasceu em um subúrbio predominantemente judeu de Baltimore". Essa referência, diz a reclamação, é uma maneira dissimulada de dizer que o advogado é, de fato, judeu, o que seria totalmente irrelevante. O repórter autor da máteria rebate que a condição de judeu de seu personagem tem relevância, pois o texto cita seu trabalho relativo às experiências médicas do Holocausto e ao Código de Nuremberg. O leitor tem razão, porém, no sentido de que a referência poderia ter sido mais direta.