ROLO HISTÓRICO ? II
Alberto Dines
O jornalismo fiteiro seria menos perigoso para a credibilidade da instituição jornalística e para a própria estabilidade do sistema político não fosse o seu caráter de suicídio coletivo, repetição do que fazem as baleias seguindo quem vai à frente e encalhando todas na praia.
Se os veículos que não receberam as gravações tivessem um distanciamento crítico com relação ao material do concorrente premiado pela doação, haveria um mínimo de cuidados: o "furador", sabendo que não seria acompanhado cegamente pelos demais e, estes, prontos para estraçalhar o privilegiado receptor do material gravado que não tivesse feito a apuração complementar.
Estamos assistindo à montagem ostensiva de pool informativo ou, se quisermos, a um cartel de denúncias, envolvendo toda a mídia impressa que, passivamente, repete e reitera qualquer coisa, venha de onde vier, desde que em formato de fita. Também aqui cristalizou-se uma rotina: o privilegiado pela doação rapidamente manda transcrever a gravação e a edita ainda mais rapidamente ? e com isso simplifica a redação ou aglutina frases, como aconteceu desta vez. Antecipa o dia de saída em banca, distribui cópias na quinta-feira (quando as grandes redações brasileiras estão atarantadas pelo fechamento) e acaba virando manchete dos concorrentes.
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