REALITY SHOW
Fãs de Casa dos Artistas e programas do gênero podem se empolgar com os shows, mas nada que se compare ao envolvimento de milhões de sírios, libaneses e jordanianos que enlouquecem com Superstar, o programa de TV mais assistido no mundo árabe.
Até a semana passada, a competição fluiu tranqüila. Mas quando o favorito Melhem Zein, do Líbano, foi eliminado nas semifinais, fãs raivosos jogaram cadeiras e tudo mais que encontravam pela frente uns nos outros, e os dois competidores restantes desmaiaram. A transmissão ao vivo foi interrompida.
O programa, acompanhado de perto por todo o Oriente Médio nas últimas 21 semanas, tem formato semelhante aos brasileiros Popstar ou Fama, com a diferença de que os competidores já gozam de certo prestígio nacional e a briga vai além da sede pelo estrelato. Segundo Bassem Mroue [AP, 18/8/03], é questão de orgulho nacional. Milhões deveriam decidir na noite de 18/8 entre os dois finalistas, Rowaida Attiyeh, da Síria, e Diana Karzon, da Jordânia. Ambos os países lançaram campanhas estimulando o povo a votar em seus candidatos. Quando Zein foi descartado, multidões tomaram as ruas do Líbano para protestar.
Grupos conservadores afirmam que o programa é mais um exemplo da cultura americana infectando o mundo árabe. "Pedimos às devidas partes oficiais e populares que ponham fim a essa triste comédia", dizia um comunicado oficial da Frente de Ação Islâmica, braço do movimento político fundamentalista Irmandade Muçulmana. "O programa facilita a cultura da globalização liderada pelos EUA para mudar a identidade cultural dos povos."
Dos milhares de participantes, o público votou em 12 finalistas da Argélia, Egito, Jordânia, Líbano, Palestina, Síria e Emirados Árabes Unidos.
Os dois finalistas já são considerados heróis em seus respectivos países. Telas gigantes foram montadas nas ruas de cidades da Jordânia e da Síria para a grande final. Outdoors e anúncios em jornais chamam o público para votar no cantor que representa seu país.