Saturday, 02 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1312

Tarefa pioneira em Santa Catarina

MONITOR DE MÍDIA

Victor Gentilli


Monitores de mídia: como o jornalismo catarinense percebe os seus deslizes éticos, de Rogério Christofoletti, Editora UFSC, Florianópolis, 2003, 149 pp.


O jornalista e professor Rogério Christofoletti vem desenvolvendo o projeto Monitor de Mídia de forma discreta mas sistemática e com método. Baseado na Universidade do Vale do Itajaí (Univali), comanda um punhado de alunos que analisa de forma organizada o jornalismo em Santa Catarina. O projeto, prestes a completar dois anos, se inspira neste Observatório.

Christofoletti lança agora o livro Monitores de Mídia ? como o jornalismo catarinense percebe os seus deslizes éticos. Trata-se do relatório de uma pesquisa, realizada entre 2000 e 2001, que resultou na metodologia com que o projeto começou a ser desenvolvido. Abaixo, a apresentação do autor.

 

Rogério Christofoletti (*)

O livro aponta para a preocupação de como os jornalistas catarinenses avaliam seus procedimentos éticos no cotidiano agitado das redações e das assessorias de imprensa. Tendo como ponto de partida o código de ética da categoria, são observados diversos dispositivos de aferição do comportamento profissional, como as comissões de ética dos órgãos de classe e a figura do ombudsman (ouvidor).

Resultado de um projeto de pesquisa no curso de Comunicação Social ? Jornalismo, da Univali, este trabalho discute a eficácia e a aplicabilidade do código na realidade local, refletindo como os jornalistas administram seus procedimentos. Como metodologia, recorreu-se à pesquisa bibliográfica específica, a entrevistas com profissionais da área e à comparação da sistemática de observação deontológica dos jornalistas com outras categorias. De novembro a dezembro de 2000, foram gravadas 10 horas de entrevistas com profissionais da imprensa catarinense, especialistas em ética profissional, dirigentes classistas, professores universitários e órgãos de avaliação ética. Um ano depois, novas entrevistas foram realizadas, com questionários, para tentar cobrir lacunas deixadas no caminho. Para um contraste maior, também foram ouvidos representantes de outras categorias profissionais: do Conselho Regional de Medicina, da Ordem dos Advogados do Brasil e do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia.

Os resultados permitiram traçar um diagnóstico da categoria no plano deontológico, para contribuir com novas práticas não só no ambiente profissional, como também na dimensão do ensino específico da disciplina de Ética Jornalística.

O que resultou, então, não é um raio X dos jornalistas catarinenses e sua relação com a ética. Nem mesmo um retrato da classe no seu cotidiano. A pretensão aqui é o desenho de um mapa, de um esquema de como andam as relações da mídia com o público por meio de uma preocupação com a ética. Um diagrama tracejado ? incompleto por natureza e pela própria dinâmica do processo ? de como ética, estética e técnica se articulam diariamente no jornalismo catarinense.

Um mapa não é um retrato. Um croqui não é uma cópia exata de algo. Mas a sua representação esquemática, com pontos de fuga, diretrizes traçadas, orientações de leitura. Este trabalho se inscreve neste sentido.

Desde o princípio, dois conceitos estiveram no horizonte de preocupação do autor: limites e responsabilidades. Certamente, há uma relação de causalidade entre ambos. Pode-se dizer que a responsabilidade demanda limites na atuação, e que, quando estes existem, demonstram uma preocupação responsável. À parte disso, o que se quer chamar a atenção é para a necessidade de acompanhamento da conduta e das ações de profissionais e meios de comunicação. Estas duas palavras ? limites e responsabilidade ? levam a outros dois conceitos, que também não podem perder foco na retina da sociedade: qualidade de informação e interesse público.

(*) Professor da Univali e coordenador do projeto Monitor de Mídia <http://www.cehcom.univali.br/monitordemidia>