Wednesday, 25 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Tecnologia e solidariedade

Dois olhares, duas medidas

No Recife realizou-se o 5º Congresso Internacional de Jornalismo de Língua Portuguesa (7 a 9 de junho). No Rio, logo em seguida (12 a 14/6), acoplaram-se o 53º Congresso Mundial de Jornais (organizado pela WAN, World Association of Newspapers, entidade empresarial) e o 7º Fórum Mundial de Editores, evento a ela subordinada.

No Recife tivemos profissionais de jornais, agências, revistas, empresários, radiojornalistas, telejornalistas, netjornalistas, professores, ouvidores, estudantes e todos os envolvidos com a publicação de diários oficiais. Todos falavam a mesma língua.

Ao Rio compareceram o patronato e os seus eleitos, os Nº 1 das redações. Falou-se em português mas principalmente em inglês.

O conclave carioca mereceu páginas inteiras de promoções e de cobertura dos jornalões.

O encontro de Pernambuco foi modestamente apoiado pelas revistas Jornal dos Jornais e Bundas, mas foi intensamente acompanhado pela imprensa regional (Diário de Pernambuco, Jornal do Commercio e a Rede Globo local) e pelos principais jornais e semanários portugueses (Público, Diário de Notícias, Jornal de Notícias, Expresso, Visão e Diário Digital) e africanos. Aderiram a Editora Abril (divisão de revistas que não inclui Veja), O Globo, Central Globo de Jornalismo, portal iG, Lance!, Rádio Eldorado (Grupo Estado), Rede Pública de TV, TV-Senado, Radiobrás, rádios comunitárias, imprensas oficiais de todos os estados brasileiros e países lusófonos.

No Rio, o tema central foi a tecnologia. No Recife, foi a solidariedade.

Viva a diferença!

 

No Rio ninguém falou sobre fusões, concentração e o futuro da pequena e média empresa jornalística. Assunto tabu. No Recife falou-se sobre isso e sobre a crítica da mídia. Também sobre reforma agrária.

O Congresso do Recife foi organizado pelos dois Observatórios da Imprensa (Portugal e Brasil) e pelo Sindicato dos Jornalistas do Recife. Teve o endosso da FENAJ e da AID-AIND portuguesa (Associações da Imprensa Diária e Não-Diária, que estão em processo de fusão). Também pela ANER (Associação Nacional das Editoras de Revistas).

A ANJ, que organizou os eventos do Rio, apenas permitiu o uso do seu logotipo no evento do Recife. Não mandou representante. Uma equipe do nosso programa de TV foi ouvir alguns editores no Fórum do Rio e ouviu da assessora de imprensa da ANJ o seguinte:

– Virem-se! Vocês vivem falando mal da imprensa…

A assessora da Associação Nacional de Jornais nada entende de jornais. Nem de imprensa. Deveria ter ido ao Recife para aprender.

 

A grande imprensa comandou a cruzada pela desestatização. Sem exceções. Não fez reparos à idéia nem ao modelo. E beneficiou-se com a enxurrada de anúncios das empresas compradoras. Um maná.

Agora o governo muda a direção do processo e, no lugar de vender as estatais para grandes grupos, põe as ações no mercado de capitais.

Resultado: menos anúncios e mais chiadeira.

 

Veja tinha o “Radar”. Época contratou uma colunista famosa. A idéia era criar uma Linha Maginot, inacessível às assessorias e à plantação de notícias – jornalismo de jornalistas com fontes confiáveis.

As edições desta semana dos dois semanários provam que os dois bastiões caíram: em ambas a mesma informação sobre a fusão do Banco Fator com a financeira Linear (esta com grande penetração na mídia chegando a ter um dos seus sócios como articulista).

 

tutti buona gente pontocom (isto ainda vai dar o que falar)

Cobertura do 5º Congresso Internacional do Jornalismo de Língua Portuguesa