MÉXICO
A indústria de jornais mexicana sofreu vários abalos nos últimos anos, relata Mark Fitzgerald [Editor & Publisher, 7/1/03]. Por décadas, as dezenas de diários da capital não vendiam mais do que poucas centenas de cópias, mas sugavam o dinheiro do governo publicando releases do partido disfarçados de notícias de primeira página, verba aceita até mesmo pelo esquerdista La Jornada (embora este avisasse de que se tratava de propaganda). Tudo começou a mudar quando o jornal independente Reforma foi fundado, criando competição de verdade, e quando os subsídios governamentais secaram assim que Vicente Fox ganhou a presidência.
Mas esse sistema também começou a ruir no mês passado. A cooperativa de funcionários que controlava o Excélsior concordou em vendê-lo a Miguel Aldana Ibarra, ex-diretor da Interpol no México que ficou preso quatro anos até ser liberado de acusações de tráfico de drogas. Dias depois, o diário Uno Más Uno, fundado por jornalistas de esquerda que deixaram o Excélsior, foi vendido a Naim Libien Kaui, apesar do protesto dos 600 funcionários, que pretendem entrar em greve. Além das reclamações de que o novo patrão cortou férias e outros benefícios, os jornalistas estariam revoltados com a “instrução” de publicar em troca de dinheiro.
O Mexico Hoy foi vendido, News e Novedades foram fechados, e mesmo o mais bem-sucedido de todos, El Universal, não ficou imune: o diretor Ramón Alberto Garza foi demitido pela queda na circulação. Para Fitzgerald, tantas mudanças se devem também à política: a maioria dos novos proprietários é ligada a figurões do governo, e pode estar ganhando favores por isso. Um exemplo seria a recente decisão de Fox de isentar os jornais do aumento de 15% na taxa cobrada de revistas.