Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Teoria da descontinuidade

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QUEM É QUEM

Como se ACM nada tivesse dito na edição de sábado, na segunda-feira [30/4] a Folha saiu com nova acusação do senador baiano contra a mídia. Desta vez, deixou de lado o xingamento e a imprensa deixou de ser "safada". Apelando para a compaixão, ACM agora afirma que está "sendo linchado pela imprensa" (págs. 1 A e 6 A).

Nenhuma referência ao que fora estampado com tanto destaque dois dias antes. Tudo bem: os repórteres não foram os mesmos. Mas a sucursal é a mesma, o editor final pode ter sido o mesmo e o jornal ? salvo engano ? é o mesmo. E, mesmo que não o fossem, a coleção de jornais presos no "pau da redação" deveria ter sido consultada para verificar o que ACM disse nos dias anteriores.

Não adianta: no Brasil a imprensa é periódica mas o jornalismo é intermitente. (A.D.)

Única alternativa a esta demonstração de incompetência: preocupado com o efeito bumerangue da acusação de sábado, ACM teria ligado no final de semana para solicitar à altíssima direção da Folha nova matéria, menos "malvadeza" e mais "ternura".

Certo é que ACM e a Coisa continuam assim, unha e carne. O senador ainda mantém um canal aberto com o jornal, que dele necessita para abastecer seu arsenal de denúncias.

O que não é o caso do Globo, aparentemente liberado depois da confissão da diretora do Prodasen. No grupo platinado, apenas Época mantém "relações especiais" com o ex-vice-rei do Brasil. Basta ver a diferença de tratamento e de ênfases quando tem por assunto os senadores Barbalho, Arruda e Magalhães.

O Jornal do Brasil, sob nova direção e sem o fardo de acertos passados, está mais livre e desinibido. Razão pela qual O Globo, rapidamente, tenta neutralizar o novo concorrente cortando as amarras com ACM.

As relações do Estado de S.Paulo com ACM já foram mais próximas, mas não foram interrompidas. O jornal prefere apostar na sobriedade; só que, nas atuais circunstâncias, sobriedade é o que mais ajuda ACM.

Veja, desde a capa que iniciou a campanha contra Jader está claramente engajada num moralismo seletivo, pró-ACM [clique em Edições Anteriores, na página principal, e busque o OI n? 101, de 5/11/00]. Herança dos tempos em que o político baiano mandava e desmandava na redação.

IstoÉ está super à vontade no seu nicho. Mas naquele 19 de fevereiro todos esperavam que do encontro entre o procurador muy amigo e ACM saísse alguma fita contra o governo. Saiu uma fita contra o próprio ACM. Melhor: chuta-se a Geni e agora ninguém lhe tira o cetro antiACM.

Ler jornais e revistas no Brasil já foi mais fácil: no bonde, ônibus ou metrô. Agora é preciso uma lupa para descobrir as impressões digitais.

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