Saturday, 21 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Terrorismo, uma palavra polêmica

ISRAEL-PALESTINA

Um grupo de líderes judeus protestou contra a política do jornal americano Star Tribune em relação ao uso da palavra “terrorista”. O grupo Habitantes de Minnesota contra o Terrorismo compraram um anúncio de página inteira no jornal ? o maior do estado ? pedindo que este se refira “àqueles que intencionalmente matam civis israelenses como terroristas”. A relutância em adotar o termo distorceria a percepção pública da situação no Oriente Médio.

Conta Evan Ramstad [AP, 2/4/02] que em 3 de fevereiro o ombudsman Lou Gelfand explicou a política do Tribune de usar termos como “homem-bomba” e “atirador”. Segundo ele, o jornal toma muito cuidado com a palavra “devido à natureza emocional e inflamada do conflito”, e só permite seu uso “em situações em que grupos não-governamentais atacam civis”. A editora Pam Fine enfatiza que esta política ajuda a evitar “rótulos, que podem sugerir que estamos tomando partido, especialmente em ocasiões em que ambos os lados se chamam de terrorista”.

Mark Rotenberg, organizador do grupo contra terrorismo, afirmou que pensa em levar o caso ao Conselho de Notícias de Minnesota, uma associação independente que media disputas entre cidadãos e organizações noticiosas do estado. Jennifer Harper [The Washington Times, 4/4/02] lembra que a palavra já causou muita polêmica: em novembro, a agência Reuters e a BBC a baniram do noticiário. “Abstemo-nos de julgamento”, declarou a Reuters. “O terrorista de alguns é o guerrilheiro da liberdade de outros.”

“Estamos lutando uma guerra militar e de mentalidades. A palavra ?terrorista? já se tornou oficial pelo governo americano”, opina Daniel Pipes, do Fórum do Oriente Médio. “Não usá-la é distanciar-se da reação nacional. Quaisquer sejam as questões semânticas ou substantivas, é hora de deixá-la de lado.”

 

Em artigo de opinião para o sítio About.com (2/4/02), John Aravosis critica a mídia americana, “sempre acusada de ser pró-Israel”, por se mostrar decididamente a favor dos palestinos. “A mídia tende a comprar a melhor história contada por especialistas em relações públicas, e desta vez os palestinos estão fazendo um bom trabalho.” Para o autor, um exemplo perfeito desta tendenciosidade está na cobertura ? ou na falta de ? da ocupação da Igreja da Natividade, em Belém, por atiradores palestinos. Duzentos homens armados estão na igreja mantendo religiosos, jornalistas e civis. E como a mídia cobriu isso?

A Associated Press diz que os atiradores estão “escondidos” na igreja ? “como se sua ação fosse um jogo de esconde-esconde”, diz Aravosis ?, enquanto a Reuters usa a palavra “refugiados”, “insinuando que são bons rapazes se escondendo dos maus”. “Mesmo o New York Times, acusado por anti-semitas do mundo todo de ser um porto de judeus diabólicos, descreve os pistoleiros como ?procurando proteção?, enquanto tropas israelenses ?mantêm presos? os palestinos lá dentro.”

Aravosis lembra que estes guerrilheiros ocuparam e mantêm refém um lugar sagrado para os cristãos. “Dá para imaginar a fúria do mundo árabe se soldados israelenses atacassem Meca? (…) Quantos veículos de mídia falariam amavelmente dos pobres judeus que apenas precisavam de ?refúgio??”