Estava faltando um. Os jornalões brasileiros, sem exceção, encartam edições reduzidas dos grandes veículos internacionais numa clara demonstração de que não sabem aproveitar o material importado e pelo qual pagam grandes somas. Usam a grife e deixam o conteúdo de lado.
A Folha inclui um mini-Time, agora descontinuado, por absolutamente irrelevante. O Estado de S.Paulo e o Jornal do Brasil têm um mini-Wall Street Journal (bi-semanal). A Gazeta Mercantil tem uma amostra do Foreign Affairs e da Fortune. Algumas destas pseudo-edições chegam a exibir no expediente os nomes das empresas e profissionais estrangeiros.
Faltava o Valor, que acaba de entrar no mercado das miniaturas: lançou duas, a inglesa The Economist (única não-americana) e a Business Week. Um exame da edição nº 2 da Economist botucuda (31/10) dá uma idéia do truque marqueteiro – para não falar em empulhação.
Das oito matérias, duas são editoriais (chamados de leaders – textos altamente opinativos onde o semanário abandona ostensivamente a relativa isenção do noticiário). Outros dois textos foram traduzidos de rubricas ("Economic Focus" e "Face Value") sem atualidade, perfazendo 50% de material descartável. Nos 50% restantes uma única matéria com alguma pertinência jornalística (o risco dos gigantes financeiros americanos e europeus). As demais, dispensáveis, badulaques.
Em outras palavras: a Economist-Brazil embutida no Valor é gato envergonhado que sequer ousa parecer lebre.
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