Monday, 25 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Ética e trabalho

DESASTRE EM ALCÂNTARA

Jorge Pereira da Silva (*)

Ao longo dos últimos 20 anos, o Brasil e os demais países latino-americanos têm debatido com freqüência o papel do jornalista ligado à cobertura de assuntos sobre Ciência e Tecnologia, seja ele assessor de imprensa, divulgador científico ou profissional vinculado aos meios de comunicação. Estudiosos do tema lembram da importância de informar, ensinar, sensibilizar e contribuir para a criação de uma consciência pública sobre o valor da Ciência e Tecnologia e que as transformações por elas provocadas podem ser integradas positivamente pela sociedade. Não há dúvida de que se trata de uma difícil e importante tarefa.

E pode ser definida mais árdua ainda, se considerarmos a opinião da ex-assessora de imprensa da Agência Espacial Brasileira, Regina C. França, segundo carta enviada com cópia para o meu correio eletrônico no dia 3 de setembro [e publicada no OI; ver remissão abaixo]. Para ela, não basta interpretar, divulgar e acompanhar as informações. Caberia, também, ao assessor de imprensa, antever acontecimentos, passeando pela linha tênue que separa presente e futuro, num exercício diário de premonição de fatos relevantes.

Regina pergunta em sua carta: “(…) Como se explica o fato de os jornalistas receberem a informação sobre o acidente (com o VLS, na Base de Alcântara) antes do Bevilacqua (presidente da AEB), se naquele momento estavam todos no mesmo local, e pior, na própria sede da instituição?”.

Alguém na praia

Ela faz referência ao fato de a presidência da Agência Espacial Brasileira e uma comitiva de autoridades da Ucrânia terem recebido a notícia do terrível acidente em Alcântara por intermédio de uma repórter.

Não é erro assessorias de imprensa receberem informações pertinentes a suas áreas de atuação através dos profissionais dos meios de comunicação. É, inclusive, comum e saudável essa interação. Basta lembrar que são eles, os da mídia, que estão aparelhados para receber em primeira mão informações provenientes de qualquer parte do mundo. A informação, hoje, é instantânea para as principais redes de comunicação. Alguém, na Praia da Ponta da Areia (São Luís), vê uma cortina de fumaça e imediatamente telefona para a imprensa local. E, assim, se faz o relâmpago da novidade.

Já que algumas limitações são comprovadamente inexoráveis, cabe ao profissional que divulga C&T apurar sua consciência ética e trabalhar para ampliar os espaços nas pautas dos veículos de comunicação.

(*) Jornalista, chefe da Divisão de Comunicação do Instituto Nacional de Tecnologia (INT), ex-presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Científico (1996/98)

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Resposta da Agência Espacial Brasileira