CARLOS LACERDA
"Biografia ressalta talento literário de Lacerda", copyright O Estado de S. Paulo, 29/7/01
"Esta autobiografia que não é autobiografia nem memórias, na opinião reiterada do autor, foi transcrita em boa parte do que saiu publicado e republicado na revista Manchete, em 1967 e 1977; outra parte, e não pequena, é totalmente inédita. Ambas destinavam-se à revista , mas o próprio autor resolveu reservar alguns capítulos para o livro que acabou não escrevendo e que agora vem a lume completo.
Todo o texto desse livro foi, portanto, copiado dos originais que se encontram no ACL – Arquivo Carlos Lacerda, localizado na Biblioteca da Universidade Darcy Ribeiro que retém massa enorme de documentos, o que o coloca entre os mais ricos do Brasil no que concerne à recente história brasileira. A intensa troca de cartas com escritores brasileiros e estrangeiros, para não ficarmos apenas na enorme correspondência política, tem tal dimensão que dificilmente será suplantado por qualquer outro arquivo em quantidade e na qualidade.
O fato de Lacerda ter sido ?a personagem civil que possivelmente mais influenciou com eficácia nos rumos da história brasileira entre 1945 a 1968? (José Honório Rodrigues, Introdução aos Discursos Parlamentares, pág. 33) explica a riqueza da documentação que a família transferiu à UnB. O que mais se sabe de Lacerda, porém – aplaudindo-o ou condenando-o -, é a sua efetiva e ativa participação nos principais movimentos políticos acontecidos no Brasil a partir de 1935.
Presidentes – No seu notório rol de façanhas – terçando apenas a pena e a palavra – registram-se as deposições de cinco presidentes da República: Getúlio Vargas (duas vezes), Carlos Luz, Café Filho, Jânio Quadros e João Goulart. Cinco, se não quisermos incluir a queda da ditadura portuguesa. Embora negada seguidamente por Lacerda, o fato de ter prefaciado o livro do general Spínola, Portugal e o Futuro. Muita gente atribuiu a ele, além do prefácio e da sua editoria, a própria autoria do livro que abriu caminho para a derrota da ditadura salazarista. Contrastando por outro lado com essa imagem de demolidor, o arquivo oferece uma documentação compacta da sua operosa e proba administração do Estado da Guanabara.
A sua intensa e controvertida atuação política, se outro valor não teve em vida, deu-lhe a oportunidade de legar aos pósteros um enorme material escrito para consideração dos historiadores. E não apenas discursos e não apenas libelos, mas páginas literárias de excelente lavor entre as quais, esta autobiografia incompleta. O cuidado de Lacerda em guardar documentos revela, por outro lado, o homem preocupado com a sua biografia e precavido para suportar o impiedoso e o enfrentamento político diário, preservando algumas páginas por julgar desinteressante ou inconveniente publicá-las imediatamente.
Charmeur – Amado por uns e detestados por outros (alguns afirmam ?odiado por muitos?), Lacerda se ressentia disso. Carlos Drummond de Andrade consola-o em amistosa carta de 25/12/75: ?Ninguém é indiferente ao ‘charmeur’ irresistível que você é, e mesmo os que dizem detestá-lo, no fundo gostam de você. Gostam pelo avesso mas gostam?, disse-lhe o poeta. A verdade é que o que menos conhecemos de Carlos Lacerda é a sua obra literária, produzida antes e depois da cassação de seus direitos políticos. Falamos mais do político por ser impossível falar de Lacerda sem falar em política.
Político foi ele em tempo integral por toda a sua vida. Sobre o escritor continua pesando o patrulhamento ideológico destinado ao político.
Unanimidade nessa área existe apenas para consagrar a sua famosa oratória.
?Orador de pompas asiáticas?, como enfatizou Romero Neto no prefácio do excelente Sangue e Paixão, com o qual Lacerda inaugurou na língua portuguesa o romance-verdade; ou o ?maior tribuno que passou pela Câmara dos Deputados?, na opinião de Paulo Pinheiro Chagas (Esse Velho Vento da Aventura, pág. 330).
De O Quilombo de Manuel Congo – escrito em 1935 e reeditado em 1998 – a A Casa de Meu Avô, Carlos Lacerda escreveu mais de 30 livros, sendo que o último elevado ao patamar de obra-prima. Não apenas por Carlos Drummond de Andrade, como diremos adiante, mas pela crítica literária conceituada em geral. Dos publicados em vida, raros livros ficaram na primeira edição.
Esperamos que surjam outros biógrafos além de John W. Foster Dulles para ajudar a desencantar o mistério que ainda envolve a Carlos Lacerda, e mais do que ele, a ainda mal contada história recente do Brasil.
Como disse o jornalista Luiz Gutemberg, em artigo publicado no Jornal de Brasília de 8/9/99: ?Um dia, dessa fantástica aventura biográfica de Carlos Lacerda, um historiador sem preconceito vai revelar, com isenção e talvez paixão, uma personagem-chave para que compreendam os homens que lideraram contemporaneamente o Brasil. Por ora, todos os traços de Lacerda constituem apenas um enigma. Quem era efetivamente ele??
Ao se organizar o Fundo do Arquivo Carlos Lacerda na Biblioteca da Universidade de Brasília, foram encontrados os originais de Rosas e Pedras do Meu Caminho (UnB, 306 págs., R$ 35) – do que foi publicado e do não publicado pela revista Manchete. Algumas observações do autor foram feitas sobre as páginas daquela publicação; outras às margens dos originais datilógrafos esclarecem o motivo da não-publicação de alguns capítulos pela revista.
Alguns fragmentos, poucos, se mostraram em desacordo com o que foi publicado na revista, mas a grande surpresa foi a descoberta de tantas páginas inéditas. A explicação surgiu ao se examinarem os originais. Alguns cortes teriam sido motivados por problemas de paginação da revista, outros por ter o autor remetido a complementação do capítulo depois de fechada a edição semanal, mas a maioria porque destinada ao livro.
Perfis – Entre os capítulos completamente inéditos, destacamos aqueles em que Carlos Lacerda se refere à família de seus avós maternos e paternos, com a fixação de alguns perfis magníficos das mulheres fortes que antecederam os seus pais e, como não podia deixar de ser, com destaque ao avô ministro Sebastião Lacerda, ?uma declarada vocação para a viuvez?. Foram certamente esses capítulos que coadjuvaram Carlos Lacerda a escrever A Casa de Meu Avô, saudado por Carlos Drummond de Andrade como um dos melhores livros de sua geração. Disse o poeta em carta de 26/12/76 que se encontra no ACL Arquivo Carlos Lacerda:
?Ainda que você não tivesse outros títulos – e tem muitos – bastaria este, o de autor dessa obra, para garantir-lhe esse lugar que importa mais do que os lugares convencionalmente tidos como importantes.?
Aliás, o resgate desses capítulos inéditos incorporados a Rosas e Pedras do Meu Caminho constitui um bom exemplo do bom serviço que vem prestando o Arquivo Organizado pela Universidade de Brasília. Está ali um repositório imenso à disposição dos historiadores, um manancial rico para não apenas o conhecimento do jornalista, tribuno, administrador público, político influente e escritor respeitável, mas de toda história recente do País. E é nesse Arquivo que encontramos o remate dessas considerações, utilizando as palavras do mesmo Carlos Drummond de Andrade ?(…) Saí da leitura do livro com a impressão de que o fenômeno Lacerda não se esgotava nem na vida intelectual nem na aç&atilatilde;o política. Ele era rico demais, numeroso demais para ser apenas escritor ou apenas político. Foi as duas coisas e nisso está o selo da grandeza de sua personalidade. O julgamento do homem político será feito pela história, quando já apagadas as paixões mas a admiração pela figura que concentrou tantos dotes eu a tenho e manifesto.?"
COMPRAS DE MÍDIA
"Grandes desafios para os profissionais de mídia", copyright Cidade Biz <www.cidadebiz.com.br>, 25/7/01
"Efetivamente vivemos momentos fascinantes na área da mídia. A pressão que os profissionais de mídia das agências estão passando não tem referência histórica. Só para exemplificar, podemos destacar três enormes processos; o primeiro, a tecnologia, com sua encantadora convergência junto à comunicação. O segundo, a segmentação dos meios, que apresenta propostas diferenciadas de planejamento. Por fim, o terceiro e bastante complexo processo, que é a enorme cobrança dos anunciantes por mais resultados, exigindo esforços sobrenaturais, por parte dos profissionais de mídia.
Neste cenário caótico, o Grupo de Mídia decidiu ir a luta e lançar a bibliografia internacional de mídia, que são publicações abordando com profundidade estes temas.
O projeto está sendo desenvolvido em parceira com a Editora Nobel e segundo o conselheiro do Grupo de Mídia, Cláudio Venâncio, a bibliografia visa ampliar o conhecimento teórico dos profissionais mostrando técnicas de mídia e suas aplicações. A meta do grupo é produzir um livro a cada quatro meses.
O primeiro da série, que está sendo lançado neste mês, tem como título ?A Essência do Planejamento de Mídia? e foi escrito por Arnold Barban, Steven Cristol e Frank Kopec. O livro aborda a postura moderna de encarar o planejamento de mídia, não só como um procedimento criativo na avaliação dos mais variados meios de comunicação. É um excelente material para profissionais em início de carreira, quer em agências, anunciantes e veículos de comunicação, pois são inúmeras orientações e subsídios para programas de planejamento de mídia.
O Grupo de Mídia estará disponibilizando os lançamentos da Biblioteca gratuitamente a todos os seus associados. Para quem tiver interesse no assunto, os livros poderão também ser encontrados nas principais livrarias. Desta forma, ao invés de lamentar as dificuldades enfrentadas, os profissionais de mídia dão uma enorme lição ao mercado: ?Depois da tempestade, vem a bonança?."