Monday, 25 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Tímido mea-culpa

WASHINGTON POST

Depois de todo o estardalhaço na mídia americana sobre supostos atos de vandalismo na Casa Branca na passagem do governo dos democratas de Clinton para os republicanos de Bush, chegou a hora da redenção. No dia 18 de maio a Administração de Serviços Gerais (GSA) divulgou um relatório com as conclusões da investigação sobre o caso, afirmando que havia sido provado que as acusações eram falsas.

Michael Getler, ombudsman do Washington Post, escrevei em sua coluna de 3 de junho sobre a nota publicada no jornal a respeito das conclusões do GSA: nove parágrafos do serviço de notícias Knight Ridder na página A13. Depois da atenção dada ao caso em janeiro, disse Getler, a reportagem e os leitores mereciam agora um melhor tratamento.

Durante a cobertura, na primeira semana de governo do presidente, o Post seguiu a Casa Branca de Bush e colaborou para inflamar as suspeitas. A história da destruição e pichação de equipamentos foi matéria de capa; o jornal em nenhum momento pressionou a assessora de Bush, Ari Fleischer, para falar das alegações em frente a gravadores ou para comentar o fato de usarem o palco da Casa Branca para divulgar acusações sem provas. Em 18 de fevereiro, a notícia de que o governo não havia apresentado nenhuma evidência concreta foi publicada apenas no meio de uma matéria maior, na página A10. Depois de tudo isso, disse Getler, a retratação do jornal frente ao veredicto da GSA se deu ainda por meio de uma pequena nota produzida por uma agência de notícias.

Ou seja, diante de uma investigação encomendada pelos republicanos o jornal, assim como tantos outros, bradou aos sete ventos sem antes ir atrás de informações mais concretas. Para completar, depois de a administração democrata ser julgada inocente das acusações, o Post nem se deu ao trabalho de fazer uma reportagem própria decifrando o "enigma" que ajudou a fomentar.

    
    
                     

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