Saturday, 28 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Todo cuidado é pouco

LICÕES DE MAZZILO

Chico Bruno (*)

Na quinta-feira, dia 19, o Jornal do Brasil publicou artigo do advogado Sérgio Mazzilo. No texto, o autor alerta os jornalistas para a responsabilidade do papel da imprensa. O pensamento do advogado tem o mesmo teor de artigos escritos e publicados neste Observatório.

A diferença entre o que escrevemos e o que escreve o advogado Sérgio Mazzilo, no JB, é que seu artigo vem recheado de esclarecimentos legais, baseados, principalmente na Constituição brasileira. A mais importante informação sacada do artigo é que não existe a tal da liberdade de imprensa, e sim liberdade de pensamento e expressão.

Isso é fundamental para que os companheiros entendam que a liberdade a que se refere a Constituição é prerrogativa de todos os cidadãos brasileiros, e não apenas dos jornalistas, que não se cansam de utilizar a tal da liberdade de imprensa como escudo para a divulgação de denúncias obtidas com fitas e grampos telefônicos ilegais conseguidos à custa da intromissão na privacidade alheia. Temos exemplos clássicos de linchamento. Ibsen Pinheiro, Alceni Guerra, os proprietários da Escola Base são alguns que nos vêm agora à memória. Esses personagens foram tragados pela voracidade de uma parcela da imprensa em divulgar denúncias.

Retomada da civilidade

Mas existem outros tipos de irresponsabilidade, como o sensacionalismo. Um exemplo recente dessa praga que assola o jornalismo brasileiro aconteceu em Salvador, durante a greve das polícias Militar e Civil. Equipes de jornalismo de algumas rádios e emissoras de televisão recebiam informações, por telefone, de populares e as colocavam no ar sem o mínimo de apuração. Essa irresponsabilidade acabou gerando pânico na população, que tentava, pela imprensa, saber como se comportar diante da greve. A disputa entre os apresentadores era tamanha que tinha radialista acusando emissora de não querer enxergar o tamanho da crise, apenas porque essas emissoras realizavam a cobertura dos acontecimentos dentro de padrões de civilidade e ética. Assaltos, arrastões, saques e até um estado de sítio foram divulgados, numa atitude de total irresponsabilidade de alguns "comunicadores" baianos. Felizmente, neste episódio, a grande imprensa brasileira se seguiu os padrões de civilidade e ética.

O comportamento irresponsável de uma parcela da imprensa baiana é uma demonstração prática do artigo do advogado Sérgio Mazzilo e, acima de tudo, o exemplo de como o jornalismo não deve ser exercido. Talvez esta seja a hora de nos reunirmos, quem sabe em um seminário, para a retomada da civilidade e da ética que sempre pautou o jornalismo brasileiro.

(*) Jornalista

    
    
                     

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