SOCIEDADE DO ESPETÁCULO
Magistrados não querem ficar de fora do circuito de celebrações. Também querem ser celebridades. Através de sentenças ou atitudes pessoais, resolveram entrar na dança que tanto seduz àqueles que devem julgar. Ninguém é de ferro, embora dos juizes devêssemos esperar quota maior de discrição e compostura do que dos comuns mortais.
A despropositada intervenção do presidente do STF na escolha da camisa da seleção na Copa América não foi engraçada, azarada ou mesmo pitoresca. Foi picaresca.
O show do juiz Siro Darlan, da 1? Vara da Infância no Rio, ao obrigar modelos menores de idade a exibir as matrículas numa escola mostra como uma causa justa e legalmente correta pode ser comprometida pela prepotência do exibicionismo. Juiz julga ? no tribunal, longe dos holofotes. Não lhe cabe o papel de xerife, muito menos meter-se em friforó.
Siro Darlan foi uma das figuras que mais freqüentou a mídia nas duas últimas semanas. A propósito de tudo, inclusive para exibir seus dotes físicos e aptidões como nadador. A simbólica venda nos olhos da Justiça não é apenas alusão à imperiosa imparcialidade do magistrado. É também compromisso de não se deixar seduzir por frivolidades [leia também Aspas no último bloco da rubrica Caderno da Cidadania, nesta edição].