THE NEW YORK TIMES
Como o New York Times anunciou exclusivamente ao mundo, em 6/10, na primeira página, que a Casa Branca estava pondo a conselheira de Segurança Condoleezza Rice no comando da ocupação do Iraque, rebaixando assim o secretário da Defesa Donald Rumsfeld? "Com ajuda da própria Condi Rice", disse aos repórteres europeus um Rumsfeld humilhado.
Rancorosos, os repórteres de outros jornais foram ainda mais diretos, de acordo com Harry Jaffe [The Washingtonian, 11/03]. Viram a reportagem como uma confirmação do que acreditavam ser um acordo especial: o repórter da Casa Branca do Times, David Sanger, tem ligação direta com Condoleezza. Ela lhe dá as principais notícias; o Times informa de seus feitos, em troca. Repórteres que acompanharam o presidente Bush e a conselheira na viagem a Bangkok se disseram impressionados com a relação próxima entre ela e Sanger.
Há muitas evidências que levam a questionar a ligação entre a conselheira e o jornalista do Times, de acordo com Jaffe, da Washingtonian. Reportagens de Sanger sobre Condoleezza lhe garantiram a primeira página do jornalão mais de uma dúzia de vezes nos últimos dois anos. Se ele tem acesso especial a Condi e em troca dá tratamento favorável? "Não", diz Sanger. "O Conselho de Segurança Nacional [da Condoleezza, CNS] fala conosco? Claro, somos o New York Times", afirma. E Sanger diz ainda que o CNS também fala com outros jornais.
Funcionários do governo afirmam que Sanger é apenas um bom jornalista fazendo seu trabalho. "Alguns repórteres estão irados porque suas próprias publicações não gastam dinheiro com cobertura de política externa como o Times. Por que eles estão surpresos com a cobertura ampla do Times?", disse um funcionário sênior.