CORRESPONDENTES
Um estudo da Universidade de Toronto com 140 correspondentes estrangeiros que cobriram guerras e outros conflitos armados revelou que o grupo tinha altas taxas de depressão grave e estresse pós-traumático, desordem que geralmente atinge veteranos de combate.
"É um grupo de indivíduos que retornou repetidamente à guerra e freqüentemente passou longos períodos de tempo em zonas de conflito", disse o Dr. Anthony Feinstein, professor-associado de psiquiatria, principal autor do estudo. A pesquisa concluiu que mais de um quarto dos jornalistas entrevistados teve desordem de estresse pós-traumático em algum momento ? na maioria dos casos, após terem começado a cobrir o conflito ? e 21,4% teve depressão grave.
Alguns foram profundamente afetados pelos sintomas da desordem, que incluem flahsbacks, pesadelos recorrentes, irritabilidade e hipervigilância. Os correspondentes também disseram ter dificuldades sociais, como incapacidade de se ajustar à sociedade e o uso de álcool. A maioria conhecia muito pouco sobre a desordem, não reconheceu os sintomas e não procurou ajuda profissional.
Erica Goode [The New York Times, 17/9/02] conta que os correspondentes entrevistados tinham passado em média 15 anos em zonas de conflito como Bósnia, Ruanda, Chechênia, Somália e Afeganistão. Segundo Feinstein, o estudo não pretende "patologizar" a profissão, mas "destacar o fato de que uma minoria de jornalistas de guerra tem problemas emocionais e se beneficiariam de um tratamento".