CORREIO, FOLHA, GLOBO
Chico Bruno (*)
Nos últimos dias fomos brindados com bons exemplos de jornalismo. O primeiro veio do jornal Correio Braziliense, que publicou, no início da semana passada, matéria investigativa sobre as regalias dos quatro detentos condenados pelo assassinato do índio pataxó Galdino. A matéria caiu como uma bomba no Judiciário de Brasília, que imediatamente tratou de cancelar as benesses que favoreciam os criminosos. Mas o jornal não deu trégua, continuando, no decorrer da semana, a fuçar a vida carcerária dos rapazes, encontrando nova série de regalias que tem abalado o Judiciário e o sistema penitenciário do Distrito Federal. Um bom exemplo de jornalismo investigativo conquistado com a busca de provas à luz da legalidade do exercício da profissão.
Outra demonstração de jornalismo correto foi proporcionada pela Folha de S.Paulo na sexta-feira (17/10), ao publicar matéria sobre o programa do PSDB exibido na TV na noite anterior. A reportagem da Folha aproveitou a oportunidade para contrapor aos números apresentados pelo partido sobre os 10 primeiros meses de governo Lula os números do governo anterior. O paralelo foi muito saudável, apesar das críticas em contrário, principalmente as emanadas pelo sítio Primeira Leitura.
Finalmente, O Globo de domingo (19/10), que trouxe matéria apurada em sítios governamentais sobre o favorecimento de alguns ministros da República a estados que fazem política partidária. Os ministros Ciro Gomes, Cristovam Buarque, Anderson Adauto, Agnelo Queiroz e Benedita da Silva privilegiaram de forma escancarada seus estados de origem, seguindo prática condenada por alguns deles no governo passado. Para facilitar a compreensão das denúncias, a matéria foi ilustrada com um infográfico. A matéria bem que poderia ter por título a máxima "Mateus, primeiro os teus".
Três matérias, três bons exemplos de como fazer bom jornalismo. Foram matérias trabalhosas, que exigiram pesquisa e investigação, e que dignificam a imprensa. Bons exemplos que devem ser seguidos diariamente pelo jornalismo brasileiro ? ao contrário do jornalismo fiteiro, que assolou em passado recente a nossa mídia e que tende a cair em desuso, principalmente pela forte reação dos que defendem a ética na imprensa.
(*) Jornalista