Monday, 18 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

Três jornalistas mortos no Afeganistão

PRIMEIRAS BAIXAS

Três jornalistas ocidentais foram mortos no norte do Afeganistão no domingo, 11 de novembro, quando forças armadas do Talibã atacaram de emboscada a Aliança do Norte. De acordo com reportagem de Paul Holmes [Reuters, 12/11/01], são os primeiros jornalistas mortos no conflito do Afeganistão desde o início da ação militar americana contra o Talibã, no dia 7 de outubro.

Johanne Sutton, repórter da rádio RFI (França), Pierre Billaud, correspondente da rádio RTL (Luxemburgo) e um jornalista freelance não-identificado que trabalhava para a revista alemã Stern estavam em um caminhão blindado da Aliança do Norte quando foram atacados.

Os jornalistas, segundo colegas, estavam com outros três repórteres e pretendiam conferir se as afirmações da Aliança do Norte, de que tomaram a cidade de Taloqan, eram verdadeiras. Dois dos repórteres sobreviventes, Veronique Rebeyrotte, de uma rádio francesa e Paul McGeough, do Sydney Morning Herald, disseram que talibãs abriram fogo contra o veículo com armas semi-automáticas e granadas.

Johanne, Billaud e o jornalista da Stern caíram do caminhão quando este brecou repentinamente e derrapou. Veronique disse que o veículo deixou os três jornalistas para trás. Seus corpos foram resgatados mais tarde por tropas da Aliança.

Centenas de repórteres estrangeiros estão trabalhando em áreas controladas pela Aliança do Norte, na cobertura da campanha americana contra o Talibã. O presidente francês Jacques Chirac e o primeiro-ministro Lionel Jospin disse que ambos os jornalistas pagaram o preço máximo por exercer sua profissão. Chirac honrou "a coragem de todos os jornalistas que, em nome da liberdade e do dever de informar, são levados a pôr suas vidas em risco".

MÍDIA E BUSH

Americanos conservadores não estão gostando da cobertura de guerra pela mídia nacional. Para eles, falta patriotismo e uma imagem menos negativa do governo. As emissoras afirmam que as críticas não afetam a cobertura, mas estão revendo questões básicas: patriotismo e objetividade podem coexistir? Como levantar questões difíceis sobre a política de um governo que está recebendo amplo apoio popular?

Boa parte da crítica à mídia, de acordo com Jim Rutenberg e Bill Carter [The New York Times, 7/11/01], nasce de um grupo de vozes conservadoras na própria mídia, como o talk show de rádio de Rush Limbaugh, a página editorial do New York Post, o site The Drudge Report e alguns comentaristas da Fox News Channel.

A CNN decidiu que as reportagens sobre perdas e danos civis no Afeganistão serão contrabalançadas por lembretes do 11 de setembro. David Westin, presidente da ABC News, pediu desculpas após ser alvo da crítica de Limbaugh.

O apresentador de rádio ficou indignado com a afirmação de Westin a um grupo de estudantes de Jornalismo da Universidade de Columbia de que, como líder de um grupo noticioso que busca objetividade, não tinha opinião formada sobre se o Pentágono poderia ser considerado alvo inimigo legítimo. Westin pediu desculpas porque percebeu que seus comentários soaram frios e até errôneos. A ABC News está tomando medidas para estancar o tom negativo da cobertura.

Se a CNN e o programa de Dan Rather na CBS eram os principais alvos das críticas conservadoras antes do 11 de setembro, a ABC News agora está, de longe, na mira principal: Limbaugh comentou equivocadamente o programa de Peter Jennings, da ABC News. O apresentador de rádio, depois, corrigiu-se, mas desde então o programa de Jennings tem sido o bode expiatório dos conservadores.

Vale lembrar que a mídia americana é tachada de democrata e liberal, enquanto o governo de Bush é do conservador Partido Republicano. Pode até ser passageiro, mas os novos tempos trazem um elemento ímpar: o politicamente correto deu lugar ao belicamente correto.