Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Truculência à baiana

ARMAZÉM LITERÁRIO

Autores, idéias e tudo o que cabe num livro

MEMÓRIAS DAS TREVAS

Luiz Egypto

Na manhã de quinta-feira, 10/5, a Polícia Militar da Bahia reprimiu com violência uma manifestação de estudantes em favor da cassação dos senadores Antonio Carlos Magalhães, José Roberto Arruda e Jader Barbalho. Depois do confronto, no centro de Salvador, o saldo foi de 25 feridos (seis policiais) e meia dúzia de manifestantes presos.

No dia anterior, a Bahia já havia dado outra mostra de uma democracia peculiar, gestada à imagem e semelhança do vice-rei ACM. Com 1.200 convites distribuídos, o lançamento do livro Memórias das Trevas ? uma devessa na vida de Antonio Carlos Magalhães, do jornalista João Carlos Teixeira Gomes, o Joca ? marcado para a terça-feira, dia 15, na livraria Siciliano do shopping Iguatemi, na capital ? foi cancelado sob alegação de "falta de segurança".

A informação do cancelamento foi passada ao editor Luiz Fernando Emediato, da Geração Editorial, por intermédio da matriz da Siciliano, em São Paulo. O autor do best seller, avisado, não consegui, naquela quarta, confirmar a notícia junto às duas filiais da Siciliano, em Salvador. Mas era verdade. "A direção do shopping Iguatemi vetou e a Siciliano aceitou", diz Joca. "O curioso é que a propaganda do Iguatemi divulga que o local tem todas as condições de segurança porque recebe mais de 300 mil pessoas por mês…"

A Siciliano é uma das raras livrarias da Bahia que vende o livro de Joca. Ao preparar o lançamento em Salvador, o autor procurou a livraria Grandes Autores, no bairro de Ondina, e ali ouviu que noite de autógrafos não seria possível "por razões que você deveria compreender". Quando aventou a possibilidade de fazer o evento numa das livrarias da cadeia Civilização Brasileira (nada a ver com a histórica editora de Ênio Silveira), Joca foi informado pelo proprietário, Álvaro Chaves, que este havia recebido a visita de fiscais do estado em busca de dados sobre a situação contábil da empresa. "É uma forma óbvia de pressão, uma prática antiga de ACM", diz Joca. "É como ele já dizia: para intimidar use os cachorros, se não funcionar use a polícia, e não der certo use o fisco."

O jornalista acredita que a Bahia vive "uma ditadura residual por força de um coronel irredutível". Segundo Joca, "ACM está ficando cada vez mais desvairado, chegando a um ponto de descontrole que ameaça todo mundo aqui".

Na sexta-feira (11/5), Memórias das Trevas foi lançado em Juazeiro, interior do estado, no Grande Hotel, com a presença de mais de mil pessoas. O prefeito Joseph Bandeira (PT) afirmou que o evento representou o "primeiro grito de libertação da Bahia" do jugo de ACM.

A ver.

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