MONITOR DA IMPRENSA
FUTURO DIGITAL
O governo dos EUA determinou que todas as estações públicas de televisão abandonem o modelo analógico e se adaptem à transmissão digital até maio de 2003. A mudança, que requer cerca de US$ 4,5 milhões por emissora, pode trazer o fim de muitos canais, que ainda mantêm o foco em programas educativos e culturais, disse Jim Rutenberg [The New York Times, 15/4/01].
Desta vez a ameaça está sendo levada a sério. Segundo estimativas da rede pública de TV, aproximadamente um terço das 347 estações do país correm o risco de desaparecer. Até mesmo as emissoras maiores terão dificuldades em se manter num mercado ainda mais complicado, e muitas delas temem o grande fluxo de canais comerciais a cabo. Teme-se também que o sistema acabe vulnerável às pressões comerciais.
A televisão pública precisa de aproximadamente US$ 1,7 bilhão para a mudança, e calcula conseguir arrecadar, com a ajuda dos governos federal e estaduais e de fundos de campanha, algo entre US$ 400 milhões e US$ 500 milhões.
Para enfrentar a competição, que será ainda maior, os executivos da PBS (Public Broadcast System) concordaram em aproveitar o novo formato para oferecer mais canais com a programação da rede e usar a nova tecnologia para criar o maior número possível de canais educativos e culturais. Para arrecadar mais dinheiro, serão oferecidos aos patrocinadores banners interativos na tela da TV digital, pelos quais o telespectador poderá obter mais informações. Funcionários da PBS consideram a possibilidade de anúncios comerciais, mas não se sabe se a FCC (Federal Communications Comission) permitirá, já que o sistema não tem fins lucrativos.
Resta ainda uma questão, diz Rutenberg. Quem assistirá a esses canais? No ano passado, foi divulgado que apenas 3% dos aparelhos de TV dos EUA eram digitais. Mas mesmo que esse número cresça, aparelhos com TV a cabo ? a maioria no país ? só poderão receber canais e serviços extras se as operadoras a cabo o permitirem. E mesmo o maior peixe da PBS para enfrentar a competição privada, que é a TV educativa, já enfrenta emissoras como Discovery e History Channel. Ou seja, o espaço das operadoras a cabo não será concedido tão facilmente.
THE NEW YORK TIMES CO.
Pela segunda vez neste ano, a unidade digital da New York Times Company cortou empregos, demitindo desta vez 47 pessoas, informou a porta-voz Catherine Mathis em 18 de abril. Em janeiro, a New York Times Digital demitiu 69 pessoas. Ela disse que dois terços das demissões foram na Abuzz, página de informações sobre o mercado financeiro comprada em 1999, e no Winetoday.com. Felicity Barringer [The New York Times, 19/4/01] conta que a Abuzz sairá do Boston.com, um dos maiores sítios da empresa. Winetoday.com encerrará as operações na Califórnia.
Martin A. Nisenholtz, executivo-chefe da New York Times Digital, disse que a Abuzz permanecerá na internet. "Esperamos continuar melhorando", afirmou. "Ainda acreditamos fundamentalmente na noção de procura e interação humanas em nossos sítios." Em conferência com analistas na semana passada, executivos da Times Co. reiteraram seu compromisso em tornar a unidade digital lucrativa até o final do ano que vem.
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