Monday, 18 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

Ufa! Galera e mídia aliviadas, por razões diferentes

COPA 2002 & EMENDA AO 222

"Acaba a agonia, Brasil na Copa", "Sofrimento acabou", "Seleção vai à Copa" e "Ufa" são alguns dos títulos de primeira página e de capa dos cadernos esportivos no feriado de 15 de novembro.

Os jornalões não festejavam o 112? aniversário da Proclamação da República, muito embora a Senhora República tenha saído fortalecida com a conquista da última vaga no grupo que vai disputar a Copa do Mundo do próximo ano.

Os jornais exultaram porque sabiam que seus leitores exultariam. Ao jubiloso coro associou-se também a olímpica Folha de S.Paulo com a breve e sincera interjeição. Ufa, dizemos nós, ao verificar que a direção do jornal deixou de brigar com as notícias, tirou o luto e, finalmente, refrescou o ânimo dos leitores mesmo que, com isso, tenha dado uma colher de chá ao governo, que também tirou seus dividendos da vitória da seleção nacional.

A manchete de primeira página que melhor interpretou o fim das aflições das empresas de mídia no Brasil foi a primeira página do Globo ? "Sofrimento acabou".

As empresas de mídia ? o Grupo Globo à frente ? estavam próximas ao desespero ante a perspectiva da não-classificação do Brasil no próximo Mundial de futebol. Estimava-se nos meios especializados que a perda de contratos de patrocínio para a cobertura futebolística da Platinada traria um prejuízo de quase 20 milhões de dólares. Chegou mesmo a vazar a informação de que seriam dispensadas duas centenas de profissionais na área jornalística do conglomerado, cas ficássemos fora da competição. Nas outras empresas o prejuízo seria menor em números absolutos, mas talvez não muito diferente em termos proporcionais.

Significa que a estabilidade do sistema jornalístico brasileiro e do próprio regime depende diretamente do que se decide nas canchas internacionais.

O que nos leva a matutar sobre a precariedade do negócio jornalístico no Brasil e a necessidade de apressar a tramitação da emenda ao artigo 222 da Constituição, que permite a capitalização das empresas de mídia em termos de igualdade com os demais setores produtivos.

Não esquecer que depois da classificação e antes das finais de Tóquio-Seul há muito jogo pela frente.