"Entidade dos estudantes de comunicação vai ter chapa única mais uma vez", copyright ABI (www.abi.org.br), 10/10/00
"A Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação Social (Enecos) está realizando eleições diretas para sua diretoria entre 6 e 10.11. Apenas a chapa ‘Puxando a Linha do Horizonte’ vai concorrer, já que sua adversária no pleito, ‘Enecos Para Todos’, retirou oficialmente sua candidatura (por razões político-partidárias), na primeira vez em que haveria eleição com mais de uma chapa. Os estudantes matriculados nos cursos de comunicação social das faculdades filiadas à Enecos podem votar diretamente na eleição.
Paulo Filgueiras, do 3º período de jornalismo e que vem pela ‘Puxando…’, garante que sua chapa, apesar de ter em comum com atual gestão do Enecos o slogan ‘Fora FHC e o FMI’, se opõe à União:
– Discordamos, com relação às carteirinhas e ao partidarismo político da entidade, que é ligada ao PC do B; à Juventude Socialista e a UNE; apesar de na nossa chapa haver gente filiada ao PSTU e ao PT, a grande maioria não tem filiação – desabafa.
A Enecos, que existe desde 1991, é uma organização de estudantes dos cursos universitários de comunicação e tem, de acordo com seus integrantes, o objetivo de ‘inserir os estudantes, através de suas entidades de base (Centros Acadêmicos e Diretórios Acadêmicos) e Diretórios Centrais dos Estudantes, nas questões relativas ao cotidiano das faculdades e do movimento estudantil em geral’.
– A entidade é conhecida pela política de boicote ao Exame Nacional de Cursos, do Ministério da Educação. Esse Provão está inserido num contexto de privatização do ensino público e apresenta diversos defeitos, como estabelecer um ‘ranking’ entre os cursos, não contando as diferenças regionais, não acompanhando a evolução do aluno durante a graduação e, principalmente, sendo obrigatório – explica Paulo, que prega uma reforma curricular tendendo para o ensino mais humanista e não tão-só tecnicista, como ele garente ser atualmente.
A Enecos, no entanto, considera importante uma avaliação dos cursos de comunicação social e vem tentando desenvolver um exame alternativo. Seus principais encontros, que acontecem anualmente em nível nacional, são o Congresso Brasileiro de Estudantes de Comunicação Social (Cobrecos) e o Encontro Nacional dos Estudantes de Comunicação (Enecom). Este último, porém, vem sendo criticado por parte dos estudantes de comunicação, que dizem ter se tornado uma espécie de ‘carnaval fora de época’.
Paulo lamenta um certo ‘pé atrás’ da imprensa mineira na hora de cobrir não só o movimento estudantil, mas todos os movimentos populares em seu estado:
– Os dois maiores jornais de Juiz de Fora, a Tribuna de Minas e o Diário Regional, até cobrem algum acontecimento nosso, como o ato público que fizemos em frente ao gabinete da reitora, mas sempre dando aquele caráter de festa, como faria com um show do Roberto Carlos na cidade, por exemplo.
Para ele, o fato de movimentos classistas serem meio desacreditados é reflexo do estímulo do Governo Federal a essa postura:
– Nem mesmo o sindicato dos jornalistas daqui tem uma publicação! Nós tentamos manter dois veículos: a social -l, na Internet, debatendo os mais diversos assuntos e a nossa página, mas nossa principal questão com relação à imprensa é polêmica: o estágio em jornalismo. Defendemos sua legalização, desde que devidamente regulamentada para não haver abusos por parte das empresas. Como o recém-formado ex-estudante de jornalismo vai conseguir emprego, se não teve a experiência do estágio? – indaga.
A chapa, agora única candidata no pleito, se apresenta utilizando uma pequena definição de utopia do escritor uruguaio Eduardo Galeano: ‘A utopia está no horizonte… Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe jamais o alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para caminhar’.
– Apresentamos a luta pela democratização da comunicação, que considera fundamental na busca pela democratização da sociedade brasileira, como uma de suas bandeiras históricas. Nesse sentido, a entidade foi uma das fundadoras do hoje desarticulado Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação. E prometemos trabalhar pela revitalização do Fórum – garante Paulo, que levanta a bandeira da chamada ‘imprensa alternativa’.
A chapa se apresenta ainda com uma proposta de atuação junto à chamada base estudantil. Num texto de divulgação de sua campanha, ele explica que: ‘uma entidade estudantil deve estar com os estudantes, construir com eles o movimento, respeitar seus fóruns, dar voz aos alunos e ralizar ações concretas para isso. Não é o que têm feito as nossas entidades gerais, que cada vez se afastam mais dos estudantes em nome de interesses de grupos com pouca representatividade entre eles’.
A composição da chapa ‘Puxando a Linha do Horizonte’ é a seguinte:
COORDENAÇÃO GERAL
Ademar Possebom – UFES
Rafael Freitas – UFRJ
Ricardo Targino – UFMG
SECRETARIA DE FINANÇAS
Tatiana Magalhães – UFAL
SECRETARIA DE COMUNICAÇÃO
Léa Santana – UNEB
SECRETARIA DE POLÍTICAS EDUCACIONAIS
Lígia Gurgel – USP
SUBSECRETARIA DE ESCOLAS PÚBLICAS
Evânio Mafra – UFRN
SUBSECRETARIA DE ESCOLAS PAGAS
Camila Vieira – UCB
SECRETARIA DE MEIO PROFISSIONAL
Daniel Yamanaka – UnB
SECRETARIA DE FORMAÇÃO POLÍTICA
Rodrigo Valente – PUC/SP
SECRETARIA DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Ana Lúcia Machado – UNISINOS
REGIONAL SUL (PR/SC/RS)
Jennifer Koppe – PUC/PR
Márcia Alflen – IELUSC/PR
REGIONAL SUDESTE I (SP)
Marcy Figueiredo – USP
Juliana Peixoto – PUC/SP
REGIONAL SUDESTE II (RJ)
Fábio Cezanne – UFRJ
Lúcio Mello – UFF
REGIONAL SUDESTE III (MG/ES)
Paulo Filgueiras – UFJF
Evandro Santos – UFES
REGIONAL CENTRO-OESTE (MS/MT/DF/GO)
Jonas Valente – UniCEUB
Eduardo Miranda – UFMS
REGIONAL NORDESTE I (BA/SE/AL)
Daniel Dourado – UCSal
Erika Morais – UFAL
REGIONAL NORDESTE II (PE/RN/PB)
Júlio Bandeira – UFPE
Kalina Bispo – UFPB
REGIONAL NORDESTE III (CE/PI/MA)
José Rogério – UFMA
Débora Dias – UFC
REGIONAL NORTE (PA/AM/TO/RO/AP/RO/AC)
Auro Giuliano – UNITINS
Nair Leão – UFPA
Diretório Acadêmico – texto anterior