Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Um novo gênero jornalístico

INFOGRAFIA

Márcio Fernandes (*)

Historicamente relegados a segundo plano e sempre considerados como uma mera unidade do jornalismo impresso, os gráficos e tabelas ganharam força na década de 1990 e passaram a ser vistos como um nome mais encantador ? infográficos. Com o advento da computação gráfica e uma geração de profissionais capacitados tecnológica e criativamente, a infografia pode realizar uma reivindicação inovadora ? a de ser considerada um novo gênero jornalístico, um novo mass media, assim como o são a televisão e o rádio (para lembrar de dois meios clássicos) ou própria internet.

Já vai longe o tempo em que, na maioria das redações das grandes empresas jornalísticas ocidentais, gráficos e tabelas eram produzidas por profissionais com habilitação mínima que, quando muito, no caso de um diário impresso, dominavam algum software no qual bastava lançar informações mínimas e pronto ? estava ali criado um gráfico de barras ou do tipo pizza.

Se alguém ainda tem dúvidas de que a infografia merece ser tratada como um gênero com vida própria, que entre então, por exemplo, no sítio <
www.visualjournalism.com/Files/reviews/wtc/wtc2.shtml
>, no qual diários e revistas de vários países desfilam seus infográficos acerca do retumbante 11 de setembro de 2001. Ou ainda ao endereço <
www.idleworm.com/nws/2002/11/iraq2.shtml
>. Neste caso, a Guerra do Iraque é descrita de modo humorístico e informativo. E, melhor, com animação, onde é possível descobrir, mesmo sem dominar a língua inglesa, como cada personagem irá se comportar no conflito (cabe recordar que o infográfico foi produzido em 2002, ou seja, antes da batalha, iniciada em março de 2003).

Interpretações várias

Se mesmo assim ainda restarem dúvidas, deve-se recorrer a sítios como <
www.unav.es/malofiej/entries
>, no qual é possível ter acesso a um pouco mais sobre as características do Prêmio Malofiej de Infografia e seus vencedores anuais. Nesse link, pode-se observar pequenas obras de arte, como a animação feita em 2001 pelo diário espanhol El País, para retratar um carro de Fórmula 1 em detalhes. Ou o porta-aviões americano Nimitz, tão bem delineado pelos infografistas Sérgio Peçanha, Suriam Jaques, Mário Leite e Márcio Weguellin, todos do jornal O Globo.

Poderia falar mais e mais acerca do status quo da infografia, com outros exemplos e embasamento teórico. Mas este é somente um texto introdutório, para estimular a reflexão e novos artigos de outros autores. Ou seja, esse texto é como um infográfico: comporta várias interpretações.

(*) Jornalista e professor de design de imprensa e novas tecnologias em comunicação no Paraná