Monday, 25 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Uma história de repressão

MÍDIA DO IRAQUE

Como a imprensa iraquiana, uma das mais independentes do Oriente Médio entre 1920 e 1958, degenerou-se e se tornou um órgão oficial cuja proposta única é disseminar propaganda política do líder iraquiano Saddam Hussein?

Um documento divulgado pela organização Repórteres Sem Fronteiras delineia a história da imprensa iraquiana através do século 20. O sítio da organização divulgou a publicação do documento em um comunicado no dia 28 de fevereiro.

Após a revolução de 58, explica RSF, a censura na mídia passou a ser parte do cotidiano no Iraque. A liberdade civil que se estendia aos jornalistas começava a sofrer erosões, enquanto jornais eram fechados. Em 1979, Hussein foi eleito presidente. Todos os jornais que se recusaram a apoiar a ascensão de seu partido ao poder foram fechados. Foi nessa época que a sistemática e sangrenta perseguição a dissidentes e jornalistas começou. Desde 1979, dúzias de pessoas passaram por interrogatórios, cadeias e torturas. Boa parte delas foi assassinada ou dada como desaparecida.

Após a Guerra do Golfo (1991), Uday Saddam Hussein, filho mais velho do ditador, tornou-se o rei da censura da mídia, livre para conceder privilégios ou impor táticas terroristas a sua vontade. Como presidente do Sindicato dos Jornalistas Iraquianos e barão da imprensa, ele tem controle total sobre a mídia impressa, de rádio e de TV.

De 1979 aos anos 90, cerca de 400 jornalistas iraquianos que optaram por viver no exílio ainda estão em outros países. Alguns trabalham para a imprensa do Iraque no exílio, como o Azzaman, jornal sediado em Londres.

Por anos, a população do Iraque teve de se privar de seus direitos de livre expressão. O trabalho de jornalistas estrangeiros e o acesso a informações são particularmente difíceis. Ao negar-lhes arbitrariamente vistos e ameaçar constantemente expulsá-los ou proibi-los de trabalhar, o regime de Bagdá mantém a mídia sob rédeas bem curtas.