Monday, 23 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Uma pauta pública para as escolas

SOLETUR E JORNALISMO REGIONAL

Victor Gentilli

A falência da agência de turismo Soletur é exemplar para o estudo do jornalismo regional. Afinal, a empresa atuava em todo o Brasil e era uma das grandes anunciantes dos cadernos de turismo.

Em outubro de 1997, publiquei no Observatório matéria praticamente idêntica a esta. Bastava trocar o nome Soletur por Encol (ver remissão abaixo). Na época, o Observatório ainda estava em seu primeiro ano e praticamente não obtivemos respostas. Quatro anos depois, as coisas podem estar diferentes.

O caso Soletur caberia como uma luva para o jornalismo de prevenção. Ora, as empresas de turismo estão em dificuldades desde a desvalorização do real, no início de 1999. Com o atentado de 11 de setembro a situação só fez agravar-se. Mas a forma como a empresa trabalhou normalmente e vendeu seus pacotes até anunciar, intempestivamente, sua falência traz para jornalistas bom material para reflexão.

O caso é rico porque diversificado. Cada jornal tem uma situação peculiar em relação à empresa. O questionário abaixo é uma pauta cujas respostas servem sobretudo ao cidadão. Os jornais que produzirem respostas e esclarecimentos só têm a ganhar. Jornais vivem de informação. Não podem ignorá-las. A qualidade das respostas obtidas é um bom indicador da qualidade e da confiabilidade da imprensa.

Quem quiser cumprir a pauta e remeter ao Observatório, está convidado.

Mas fica um convite especial para as escolas de Jornalismo. Que tal pesquisar as perguntas colocadas a seguir? Quanto mais respostas tivermos, teremos um melhor panorama do jornalismo regional neste tipo de questão.

Pena que as universidades públicas ainda permaneçam em greve.

1) A empresa anunciava no jornal? A empresa chegou a ser uma grande anunciante?

2) O jornal desconfiou dos anúncios mais recentes?

3) A Soletur era boa pagadora? O jornal hoje é credor da empresa? A dívida é grande? Qual a dimensão?

4) Nos dias anteriores à falência circularam boatos sobre empresas de turismo em dificuldades?

5) Em caso positivo, o jornal se mobilizou para apurar as condições da empresa e informar seus leitores?

6) O jornal consultou a agência de publicidade sobre a situação da empresa? O jornal refletiu sobre os anúncios que publicava? O jornal pensou em discutir o tema no Conar (Conselho Nacional de Auto-Regulamentação Publicitária)? Como parte do tripé anunciante-agência-veículo, o jornal se considera co-responsável pela crise da empresa?

7) O jornal recebeu informações em off (sigilosas) sobre a crise da empresa?

8) Algum leitor, cidadão escreveu cartas ao jornal, lembrando de sugerir a pauta ao jornal?

9) Quando o jornal começou a produzir matérias sobre a falência da Soletur?

10) O jornal apenas reproduziu matérias de agências noticiosas vinculadas aos jornalões ou produziu material local? Como o jornal entende que se comportou na cobertura da falência?

11) Os materiais editoriais do jornal são totalmente produzidos pela redação? Outros departamentos do jornal, desvinculados do jornal mantém espaços editoriais? Por quê?

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