Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Uma prática para o entendimento do mundo

TEORIAS DO JORNALISMO

Gislene da Silva (*)

Nos dois últimos anos, ainda com mais efervescência, tem voltado e ocupado os pesquisadores a conhecida inquietação sobre o lugar da Comunicação e do Jornalismo na academia e no mercado de trabalho. Essa inquietação costuma levantar, de imediato, dúvidas sobre a qualidade do ensino, a razão da exigência do diploma, a diversificação cada mais maior das ocupações do profissional. Só que, nesse momento, a ebulição está sendo provocada por uma conjunção de eventos, com grandes deslocamentos que pedem tempo para se rearranjar. E pedem também mais reflexões.

Primeiramente, temos as questões que se passam por adormecidas, mas, nessa hora, despertam vulcânicas. Uma delas, vem da década de 80, quando foi introduzido o debate a respeito da transdisciplinaridade. Desde então, cresce esse desconforto em definir exatamente o que o campo da Comunicação/Jornalismo tem a oferecer nessa troca cognitiva em favor de um conhecimento mais complexo e menos fragmentado da realidade. Volta esse mal-estar pelo impasse entre o entendimento da área como de natureza intrinsecamente transdisciplinar e a procura pela delimitação da Comunicação/Jornalismo como uma disciplina científica.

Recentemente, foram criados GTs (grupos de trabalho) nos congressos da área como fórum específico de debate sobre Epistemologia da Comunicação e Estudos do Jornalismo ? e agora pretende-se a criação da Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo (ABPJor). Uma cartografia atualizada dos dilemas da Comunicação foi publicada na revista da Fapesp, edição de dezembro de 2002, na qual é possível percorrer as várias ramificações, encruzilhadas e labirintos por que passa o campo na busca de seu objeto de estudo e status científico. O embaraço aponta para saídas difíceis, em que deverá ser feita uma redefinição do lugar teórico da Comunicação, e conseqüentemente do Jornalismo, dentro das Ciências Humanas e Sociais, com reflexos em termos acadêmicos e político-institucionais. Pensar o lugar do Jornalismo faz parte desse grande bulício por legitimação e autonomia, uma necessidade histórica desde a abertura as primeiras faculdades de jornalismo na década de 60.

Como complicações de outra natureza, estão ocorrendo no mercado de trabalho transformações profundas, algumas silenciosas e outras nem tanto: um enxugamento na oferta de emprego não antes conhecido na trajetória da imprensa brasileira, que está inclusive reconfigurando funções nas redações; uma nova estruturação das relações de trabalho, que substitui a carteira profissional pela terceirização, multiplicando a figura do jornalista-empresa ? e não apenas dos novos que chegam mas daqueles mesmos que nem trocam de emprego, de cargo, de mesa, mas somente assinam o novo contrato trabalhista; uma revolução tecnológica pela introdução dos computadores e da internet na rotina das redações, cujas ingerências ainda estão longe de serem devidamente conhecidas, e vão desde novas formas de apuração de matérias até a possibilidade de criação de nova linguagem e meio de produção jornalística, provocando mais uma revisão do papel dos jornais impressos e mesmo do telejornalismo.

E mais mudanças estão a caminho, duas delas potencializadoras de grandes problemáticas: as sociedades feitas entre corporações de mídia, como o jornal Folha de S.Paulo e a Editora Abril se associarem no provedor UOL, ou como o Grupo Globo e a Folha de S.Paulo se juntarem para publicar o jornal Valor Econômico, fato que nos obriga a novas observações, no mínimo do funcionamento da concorrência; e, por fim, a iminente entrada de capital estrangeiro nos conglomerados da mídia brasileira, que promete metamorfoses inalcançáveis no curto prazo ? tudo isso, sem falar no revigoramento da ética jornalística, recuperada por ocorrências diversas, seja pela singular prática da câmera escondida pelo repórter seja por reposicionamentos na cobertura da mídia jornalística sobre a última eleição presidencial.

Diante desse mapa que mais desnorteia que orienta, faz-se necessário aumentar os esforços acadêmicos em pensar o Jornalismo hoje, com o objetivo de definir posicionamentos e localizações teórico-epistemológicas que fortaleçam a incipiente disciplina Teoria do Jornalismo e apresente orientações de ensino e aprendizagem da prática jornalística. Por isso também a necessidade de se discutir e pesquisar fundamentos teóricos, metodológicos e epistemológicos do Jornalismo, partindo da compreensão de que o Jornalismo é, ao mesmo tempo, uma prática social e um exercício público de entendimento do mundo. Um dos caminhos possíveis é começar a pensar a produção jornalística de dentro e a partir dos critérios de noticiabilidade (os critérios de seleção dos fatos que serão notícias, os de tratamento desses fatos e os critérios ético-filosóficos que orientam essas duas instâncias anteriores).

A matéria do jornalismo

Ao longo de toda a história da humanidade, muitos e grandiosos têm sido os esforços para constituir maneiras de conhecer o mundo e desvendar suas verdades. Sem nenhuma intenção cronológica, podemos elencar os maiores deles: as Mitologias, as Religiões, as Artes, a Filosofia, as Ciências e os próprios sensos comuns. Embora todos sobrevivam e atuem concomitantemente, a História mesma tem nos mostrado que a Ciência tem sido o modo predominante de entendimento do mundo, tem sido "o" método de conhecimento da realidade, o preponderante na cultura ocidental contemporânea.

Não sem razão, vive-se a emergência e a angústia da delimitação dos campos, num universo definido por especialidades. Não tem sido diferente no terreno do estudo e da prática do Jornalismo. Como não poderia deixar de ser, a discussão brota de dentro do campo da Comunicação, uma interdisciplina de largo arcabouço, cuja amplitude tem dificultado a aproximação do foco cognitivo sobre a especificidade do Jornalismo.

Já há alguns anos e com mais intensidade nos anos recentes, vêm ganhando fôlego alguns estudos voltados exclusivamente para a demarcação do campo teórico do Jornalismo, a partir de um olhar atencioso focado na prática diária da produção da notícia ? alçando o objeto concreto do exercício da profissão a objeto de estudo das investigações acadêmicas. Não que tal empreendimento não tenha sido tentado antes. Pelo contrário. Faz tempo, assombra a todos uma pergunta-fantasma, que como um espírito errante ora nos espreita, ora nos encara: afinal, de que é feita a matéria do Jornalismo? Os estudos que enfrentam o desafio de encontrar respostas ancoram-se em vários fundamentos ? na abordagem das Ciências Humanas, que apreende o jornalismo em sua configuração sociológica e antropológica, passando pelas Ciências da Linguagem, que contribuem na compreensão do fazer jornalístico como um fato de língua ou discurso. A dificuldade em demarcar objeto de estudo tão esquivo talvez venha da própria complexidade do processo com que a cultura midiática entrou para vida cotidiana e tem feito, aceleradamente, suas intervenções na contemporaneidade.

Na opinião de Philip Meyer, "o jornalismo é em si mesmo uma ciência. Com qualificação apropriada, o jornalista competente é um cientista em exercício". Isso porque, para o autor, tanto o Jornalismo quanto a Ciência, em busca da verdade, serviriam à necessidade comum do gênero humano de gerar conhecimento e interpretação coletivos. No entanto, a nova abordagem sobre o Jornalismo que vem ganhando fôlego recentemente tem como diferencial definir essa prática social como um outro modo de conhecimento, diferente da forma como a Ciência elabora o conhecimento das coisas e da vida, e faz suas apreensões da realidade. Aqui no país, nessa tarefa de explicar essa diferenciação, um dos pioneiros foi Adelmo Genro Filho, que, no livro O segredo da pirâmide, compõe a distinção em função das categorias universal (própria das teorias científicas), particular e singular (próprias do jornalismo); outro investimento nesse sentido tem sido elaborado por Nilson Lage, que sustenta a contraposição do mundo das aparências (o da notícia) e o mundo das essências (o da Ciência); e também os estudos de Eduardo Meditsch, que a partir dessas referências anteriores corrobora a idéia de que é através da teoria científica que se pode captar a essência das coisas e apreender a universalidade do fenômeno, o que não seria, portanto, prerrogativa ou competência do Jornalismo, mas da Ciência.

É justamente partindo do pressuposto de que praticar o Jornalismo não é o mesmo que fazer Ciência, que Meditsch entende o Jornalismo em sua forma diferenciada de conhecimento: "O Jornalismo não revela mal nem revela menos a realidade do que a Ciência: ele simplesmente revela diferente. E ao revelar diferente, pode mesmo revelar aspectos da realidade que os outros modos de conhecimento não são capazes de revelar" (Meditsch, 1997: 4). Concorrendo com outras formas/modos sociais de conhecimento mais prestigiados na nossa cultura, como é o caso do conhecimento científico, o Jornalismo não apenas reproduziria o conhecimento que ele próprio produz, como reproduziria também o conhecimento elaborado por outras instituições sociais; servindo, então, para conhecer e reconhecer. Mais do que meio de comunicação o jornalismo passa a ser considerado um meio de conhecimento; uma importante e diferente via de acesso à realidade. Se tomarmos o conhecimento, diz Genro Filho, como "a dimensão simbólica do processo global de apropriação coletiva da realidade", podemos conceber o jornalismo como uma das modalidades de conhecimento, sendo que, assim como qualquer gênero de conhecimento, o Jornalismo se constituiria duplamente "como revelação e atribuição de sentido ao real" (Genro Filho, 1987: 60 e 66).

É tarefa árdua investigar até onde o Jornalismo se aproxima ou se afasta do que é definido como Ciência. Em duas publicações recentes, pesquisadores de várias universidades tentam dar conta do desafio de pensar epistemologicamente o campo da Comunicação e, dentro dele, o subcampo do Jornalismo: Tensões e objetos da pesquisa em comunicação, de 2002, e Epistemologia da Comunicação, de 2003 (ambos resultaram de Seminários Interprogramas de Pós-Graduação em Comunicação, promovidos pela Compós ? Associação Nacional dos Programas de Pós-graduação em Comunicação); é de se lembrar também Teorias da comunicação; conceitos, escolas e tendências, organizado por pesquisadores de diferentes instituições de ensino da comunicação e publicado em 2001. Outras publicações, com o mesmo intento, são o exemplar da revista Lumina (UFJF) intitulado Comunicação, espetáculo e jornalismo e o volume da revista da Intercom, de 2002, que discute a Antropologia da notícia.

É importante ainda lembrar o livro de Bernard Miége, O pensamento Comunicacional, publicado no país em 2000, e o artigo de Robert Craig, "Communication theory as a field", publicado na revista Communication Theory, em 1999. Não cabe aqui, resumir toda a diversidade da discussão que perpassa os diferentes autores com seus artigos e suas abordagens, concordantes ou divergentes. Vale somente lembrar do objeto de estudo sendo capturado teoricamente por conceitos como conversação, experiência, interpretação, técnica, linguagem, interação, mediação, prática civil/pública, produção de sentido, construção da realidade, conhecimento científico, senso comum, narrativa, relação etc; enfim, todos esforços voltados para apreender o estatuto do conhecimento comunicacional /midiático/ jornalístico. E, especificamente, quando se trata de pensar a prática profissional do jornalismo, tem-se também bom volume de novas publicações, sejam de autores jornalistas que descrevem a rotina das redações, como o brasileiro Ricardo Noblat (A arte de fazer um jornal diário), passando por pesquisadores acadêmicos como os portugueses Nelson Traquina (O estudo do jornalismo no século XX), Jorge Pedro de Sousa (Teorias da notícia e do jornalismo) e Fernando Correia (Os jornalistas e as notícias), até jornalistas que se lançam em desafios prático-teóricos, como o italiano Furio Colombo (Conhecer o jornalismo hoje) e os norte-americanos Bill Kovach e Tom Rosenstiel (Os elementos do jornalismo: o que os jornalistas devem saber e o público exigir).

No caso específico do Jornalismo, parece até convincente a possibilidade de se ter ou ser um objeto próprio de estudo. Lembra-se o fato de que faz uso da observação, possui instrumentos, ferramentas e tecnologias específicas, técnicas de apuração apropriadas. Pode-se ainda considerar que o princípio lógico que atua na concepção das pautas funcione como o mesmo princípio selecionador e orientador do raciocínio hipotético; e é válida também a consideração de que a prática social do Jornalismo tem se aperfeiçoado para instituir um método próprio de conhecer a realidade, construindo sua metodologia. Difícil, porém, é pensar em experimentação controlada quando se trata de evento presente, momentâneo, efêmero, urgente, instantâneo, da tal "história escrita à queima-roupa"; quando se trata de uma verificação empírica irrepetível, única, fugaz, que na maioria das vezes se acha ou se perde na velocidade de um flash. Improvável, até que sejamos desmentidos, alguma habilidade em elaborar suas leis.

Mas se considerarmos a teoria como objetivação e ordenamento cognitivo da prática, muito já foi e tem sido feito para definir o campo do Jornalismo. Na produção de notícias, estabeleceram-se demarcações pelo meio tecnológico (jornalismo impresso, televisivo, radiofônico ? e ainda agora jornalismo on line ou ?internético?); definiram-se critérios de interesse, importância ou relevância (proximidade, intensidade, ineditismo), critério de forma (lead), gêneros de texto ou de conceitos: notícia/matéria (informativos), artigo, crônica e crítica (opinativos), reportagem (interpretativa, investigativa); consolidaram-se também suas características peculiares (atualidade, universalidade, periodicidade) e seus fundamentos éticos ou princípios filosóficos (objetividade, imparcialidade e veracidade). Constituíram-se, por fim, suas especialidades (jornalismo econômico, político, científico, cultural).

Assim como acontece em todo campo de conhecimento, essas bases, estruturas e lógicas de funcionamento do sistema da produção da notícia também têm sua validade posta em questionamento, e são confirmadas, destituídas, substituídas ou reconceituadas historicamente, tanto pela prática acadêmica quanto pela prática profissional. Como motivação para um diálogo com aqueles que partem para o enfrentamento direto com a pergunta-fantasma, as reflexões deste trabalho sugerem tomar a notícia como produção de sentido, como mais um laborioso exercício cognitivo de entendimento do mundo. Proposta que insere nesse esforço de tentar descobrir se o Jornalismo, além de meio/modo de conhecimento, produz "o seu conhecimento". Ele acumula ou não acumula esse conhecimento produzido? E qual é exatamente esse conhecimento? É conhecimento ?sobre?, é conhecimento ?de? ou ?a cerca de?, da essência, da aparência? Talvez possamos começar a pensar e propor aqui o conceito de ?entendimento?, nem como oposto à razão nem contrário à sensibilidade, mas como um conceito que engloba inferência, dedução, julgamento, opinião, propósito, intento, perícia, experiência, prática, habilidade, comunicabilidade. O ?entendimento? como o alcance de sentido das coisas, do homem, da vida. Como conceito ambivalente, em que vale tanto a competência cognitiva da linguagem quanto o experimento social, comum, público.

Competência cognitiva

A sociedade humana é uma instituição de linguagem, por isso, como diz Jeane Marie Machado de Freitas, mais do que instrumento de comunicação, a linguagem é instituinte do humano e, de certa forma, é mais uma troca antropológica, uma troca de significados. O Jornalismo, portanto, não é uma simples transferência de conteúdo, mas um processo de recognição. E como fato de língua, lembra Mayra Rodrigues Gomes, tem função organizadora na instituição social (Gomes:19). Como toda comunicação, ele é texto e contexto. Herbert Gans, em seu livro Deciding what?s news, também vai dizer que a tarefa primordial dos jornalistas é, portanto, mais do que simplesmente ?informar o público?; o objetivo primeiro das notícias é derivado do papel dos jornalistas como "gerenciadores da arena simbólica" da sociedade (Gans: 312).

Em outras palavras, como explica Rosana de Lima Soares, "formar um discurso é dar sentido àquilo que está disperso socialmente. Esta poderia ser a intervenção social possível do jornalista, sua forma de interferir na realidade, e não a pretensão muitas vezes alardeada de julgar o mundo e resolver seus problemas". Estas abordagens localizam o Jornalismo no conjunto conexo (que não pode ser dividido em subconjuntos fechados sem pontos em comum) dos mecanismos intradiscursivos de constituição de sentido dos textos jornalísticos e do domínio das práticas sociais e culturais.

Desse modo o Jornalismo se configura a partir de diferentes saberes. Rosana Soares comenta dois deles, partindo da diferença já estabelecida entre saber científico e saber narrativo. O saber científico tem na argumentação e na prova as bases fundamentais para a sua sustentação, e precisa provar pelo procedimento próprio que o conhecimento alcançado é verdadeiro. No saber narrativo, o narrador se autolegitima pelas formas próprias de narrar, ou seja , para demonstrar que o que diz é verdade não é necessário que use de argumentação nem de provas, como faz o saber científico. Mas o saber jornalístico combina os dois saberes.

"Por um lado, ao descrever os fatos reais e tentar ancorá-los na estrutura narrativa por meio de recursos discursivos próprios de embreagem e desembreagem (colocação de nomes, datas, locais, idades, entre outros), [as narrativas jornalísticas] estabelecem-se como conhecimento científico, buscando provas e argumentos para sua fundamentação. Por outro, ao utilizar as regras narrativas como formadoras de vínculos sociais que legitimam, por elas mesmas, a narrativa, estabelecem-se enquanto um saber narrativo que procura legitimar o próprio desempenho" (Soares: 38)

A informação jornalística teria, então, um regime de verdade semelhante ao da Ciência, mas se distinguiria dela pela ficção inerente à forma narrativa ? ficcional no sentido de relato, não de invenção. Dessa estrutura mista, resulta que a verossimilhança é condição para a credibilidade do Jornalismo. O texto jornalístico, além de coerente, deve mover-se no domínio do verossímel, e não do verdadeiro.

A produção da notícia, no que diz respeito à competência cognitiva, exige ainda a inclusão do objetivo da comunicabilidade, uma particularidade que, como diz Eduardo Meditsch, estabelece uma distinção fundamental entre o Jornalismo e a Ciência, no nível da linguagem e da lógica ? e, lembremos, também distinto do discurso da Literatura. Para Nilson Lage (2001b: 85), comunicabilidade é "a capacidade de um texto relativamente complexo ser compreendido pelo máximo de receptores diversos, com repertórios diferentes. Será mais comunicável, assim, o texto mais durável, resistente às mutações históricas do código; e extensivo, resistente a traduções e diferenças de experiência cultural".

É necessário acrescentar, por fim, o caráter da linguagem como expressão instrumental do pensamento. Alberto Dines faz isso ao argumentar que "o jornalista trabalha e amplia o repertório vocabular com os aportes trazidos pelos profissionais de outras atividades que entrevistou, pelas experiências singulares que lhe é dado viver, pelo convívio e contato com a comunidade que representa". Esse uso instrumental da linguagem faz dos jornalistas, ainda na opinião de Alberto Dines, lúcidos pensadores e exemplares expositores. Toda habilidade para chegar (e fazer o público chegar) à visão de conjunto, mapa que, como a Ciência, não tem uma única lei fundamental, tem apenas grandes coordenadas, sentidos.

Conhecimento público

O Jornalismo como produto dos sentidos da sociedade e produtor ele mesmo de sentido é, por contigüidade, uma prática social e uma manifestação cultural. Segundo Michael Schudson, no seu livro Discovering the news, as notícias não são simples informação dos fatos, são produtos culturais. "A diferença não é apenas que o jornalista tem a oportunidade, senão a obrigação profissional, de recortar a mensagem. É também o fato de que o relato do jornal ou transmissão televisiva transformam um evento ou declaração na forma cultural chamada notícia" (Schudson, 1995b: 27). Em outro livro de sua autoria, The power of news, Schudson pergunta logo na introdução: "why do people feel a need for journalism?" E responde: querer saber das notícias provavelmente é uma necessidade que vai além do costume da fofoca, da vontade de ter informação sobre pessoas e lugares, do desejo de ter registro dos mistérios e as maravilhas do mundo. É querer um produto, ordenado, editado, compartilhado. O autor sugere que reconheçamos que a notícia é uma forma de cultura; ela está relacionada com (embora não seja o mesmo que) a ideologia, está relacionada com a informação, apesar de não ser somente informação; a notícia seria potencialmente, de maneira indireta, uma força social, apesar de não ser uma ação política. Notícia, para Schudson, é um produto cultural , é conhecimento público. O jornalista, sendo um profissional do conhecimento público, deve publicar/tornar público o que ao público pertence, na perspectiva de fortalecimento dos regimes democráticos. Schudson, no artigo "Creating public knowledge", ainda traça a diferença entre o cidadão informativo, saturado com bits e bites de informação, e o cidadão informado, que não apenas tem a informação mas é capaz de construir um ponto de vista a partir de coisas que fazem sentido. (Schudson, 1995:28).

"Se o jornalista fosse movido por sua função de ?construtor do discurso público?, possibilitando que cada pessoa pudesse articular os discursos da realidade em que vive", acredita Rosana Soares, "talvez pudesse realizar de forma mais satisfatória a tarefa a que se propõe" (p. 29) ? talvez também sejamos prudentes em optar por "organizador do discurso público", para escapar de outras polêmicas sobre a ?construção da realidade? ou ?reprodução e reflexo do real?. Ordenar, no caso, não significa somente colocar em ordem, conformar, legitimar o status quo ? no que Genro Filho, em parte, tem razão quando crítica Robert Park por dizer que se trata de garantir a "sanidade do indivíduo" e a "permanência na sociedade". Mas na medida em que a notícia é capaz de orientar o indivíduo no mundo real, ordenar ou organizar é também dar nova ordem, reordenar, reenquadrar, incorporando o princípio de que equilíbrios surgem tanto da ordem como da desordem. E lembrando, juntamente com Meditsch, que "como toda forma de conhecimento, aquela que é produzida pelo Jornalismo será sempre condicionada histórica e culturalmente por seu contexto e subjetivamente por aqueles que participam desta produção". Além disso, a possibilidade de entendimento oferecida pela produção da notícia estará condicionada pelo modo como os profissionais vêem o mundo, pelos objetivos, estrutura e rotina das organizações onde trabalham, pelas condições técnicas e econômicas para realização de suas tarefas e pelo jogo de poder e conflitos de interesses implicados na circulação social das informações (Meditsch: 1997: 12).

Essa abordagem do jornalismo como conhecimento público deverá incorporar uma grande questão: a discussão levantada por aqueles que argumentam em favor do Jornalismo Cívico/ Jornalismo Público ? cuja independência não passa apenas pela neutralidade e pela liberdade política, com distanciamento do poderes governamentais, mas é exigida, mais do que em tempos anteriores, frente ao poder econômico e comercial; somente assim, independente, o jornalismo pode trabalhar para a construção da cidadania (ver Kovach e Rosenstiel).

Texto + Contexto = Senso em comum (ou Jornalismo Cardinal )

Saber o que acontece à sua volta, assegurar-se dentro dos acontecimentos é possível para o leitor/ouvinte/telespectador quando a notícia traz "a dimensão comparada, a remissão ao passado, a interligação com outros fatos, a incorporação do fato a uma tendência e a sua projeção para o futuro" (Dines: 90). Qualquer matéria jornalística pede os quatro pontos cardeais: informação que vem do leste (direita, do principal envolvido, da circunstância originária do fato, do sujeito principal, da afirmação), do oeste (da esquerda, dos demais envolvidos, das circunstâncias afetadas, das testemunhas, da negação, da oposição, do lado contrário), do sul (da remissão ao passado, da comparação, das situações ou sujeitos precedentes) e do norte (de projeção para o futuro, para a possível solução, para novos efeitos).

Como produto de consumo cultural, o Jornalismo produz e organiza sentidos, quase sempre conectados ao senso comum. Jesus Martin-Barbero prefere falar em sentido em comum, resgatado da vida cotidiana, que é lugar e tempo de conformação, criatividade, iniciativa, de troca de sensibilidade e racionalidade. Alberto Dines (pp. 60 e 61) confirma que a raiz latina de comunicação (communis) significa comum e communicare é, portanto, tornar comum, compartilhar ? assim como informação vem do in formatio, dar forma, enformar, organizar. É de Norbert Wiener, o pai da cibernética, o conceito de que a informação é a mensagem organizada e, por extensão, define Dines: "a informação jornalística é a informação organizada periodicamente, sistematizada no tempo".

De acordo com Meditsch, o Jornalismo opera no campo lógico do senso comum, da realidade dominante ? o que lhe traz fragilidade e força.

"O conhecimento do senso comum foi até bem pouco tempo desprezado pela teoria, uma vez que toda a ciência moderna se constituiu com base na sua negação. Mas, na medida em que as ciências humanas passaram a valorizar a observação do cotidiano para o desvendamento das relações sociais, o que era visto como ?irrelevante, ilusório e falso? começou a aparecer não só como objeto digno de consideração pela teoria do conhecimento mas, em última análise, como o seu objeto principal" (Meditsch, 1997: 8)

O senso comum se referiria, então, ao mundo que é comum a muitos, e o seu conhecimento seria o conhecimento compartilhado ? muito embora, como diz Meditsch, o senso comum não seja tão democrático quanto parece, pois como todo conhecimento também ele é repartido socialmente, dependendo das particularidades dos auditórios. Ou, como alerta Genro Filho, ele pode se fechar como radicalização do singular (p.197); ou ainda, se cristalizar como conhecimentos entrincheirados, na observação de Nilson Lage (Lage, 2001a: 119). Mas, convém reforçar, a produção jornalística como exercício de entendimento do mundo leva em conta, além do aspecto de concordância com o real, um caráter crítico fundamental para a notícia como processo de produção de sentido; uma finalidade crítica que jamais pode ser desconsiderada, sob pena de destituir o Jornalismo de uma das suas principais funções na sociedade, especialmente aquela de vigilância dos interesses públicos junto às ações do Estado, da Ciência como instituição e das demais organizações sociais. Como diz Eduardo Meditsch, a possibilidade de emergência do novo dá ao jornalismo uma feição de negatividade ? "o que significa dizer que é, por natureza, crítico, que aponta para a crítica ainda quando não a persegue. Esse potencial crítico é uma das distinções do jornalismo como forma social de conhecimento" (Meditsch, 1992: 56).

Nesse contexto, de entendimento do que se passa na sociedade, podemos nos arriscar a dizer que é possível ao Jornalismo trabalhar para a acumulação de sentidos e de conhecimentos. Teun Van Dijk argumenta que a notícia envolve o processamento de grandes quantidades de informação estruturadora, repetida e coerente, que servem como base para ampliações mínimas e outras mudanças em nossos modelos de mundo (Meditsch, 2002: 9). Rosana Soares (p.30) endossa essa posição: "ao contrário do que se propaga, o jornalismo não está ligado à busca do "novo todo dia", mas a algo que se repete e, ao se repetir, torna-se uma referência permanente àquilo que faz o comum de todos. É portanto redundância e novidade, repetição não do mesmo mas do diverso que, diferente a cada vez, repete uma mesma estrutura" ? cabe aqui toda a discussão atual sobre o jornalismo como narrativa.

E concorda também Ciro Marcondes Filho: "o jornalismo não age só no plano imediato. A soma de todos os imediatos diários constrói um contínuo sedimentado na extensão do tempo. Se a essência da técnica é algo de natureza não técnica, a essência do instantâneo é algo, necessariamente, de natureza não-passageira". No método jornalístico de abordagem da realidade, os sentidos acumulados pelas notícias diariamente atuam de maneira eficiente na articulação do mundo. Principalmente, nos dias de hoje, em que sofremos de obesidade informativa.

Vivemos atualmente uma superabundância factual, com excesso de espaço (via transportes rápidos, satélites e imagens de todas partes do mundo) e excesso e acúmulo de tempo, que se dá pelo volume e velocidade dos acontecimentos. "Estamos com a história em nossos calcanhares", diz Marc Augé e com essa história iminente apenas teríamos tempo de envelhecermos um pouco e nosso passado já viraria história, rapidamente. Também o futuro tem um caráter de aceleração, como se estivesse sendo sempre antecipado. O volume, a velocidade e a circulação global de informação geram essa sensação de superabundância factual, de excesso de informação no mercado, ou de obesidade informativa, como prefere Ciro Marcondes Filho (2000: 126).

Mais do que em outros momentos históricos, portanto, é importante o papel do jornalista em favor de um regime de entendimento, de filtro e organização das informações. Diante do número cada vez maior de fontes governamentais e não-governamentais (fruto da própria organização da sociedade civil), da multiplicidade de valores e perspectivas em um mundo definitivamente mais diverso e complexo, a objetivação promovida pelo Jornalismo torna-se ainda mais necessária ? mesmo que seja ainda epistemologicamente mal definida. A própria informática, que tem inaugurado incontáveis novos procedimentos de se fazer ciência, tem não só aumentado a gama de informação a ser veiculada mas também alterado a maneira de se fazer jornalismo. Parodiando Marshall McLuhan, Claudio Tognolli até provoca: agora "o e-mail é a mensagem".

Nessa abordagem sobre exercício de entendimento, é fundamental incorporar as discussões epistemológicas que sustentam a classificação da Comunicação/Jornalismo como uma das ciências sociais aplicadas.

Teorias do Jornalismo: critérios de noticiabilidade

Todas essas possibilidades teóricas, que demonstram a diversidade epistemológica e metodológica presente no estudo da Comunicação e do Jornalismo, servem como ponto de partida contextual para pensarmos e sistematizarmos os estudos sobre agenda-setting (agendamento), newsmaking (produção da notícia), gatekeeping (selecionador da pauta), espiral do silêncio, teorias da construção da realidade, teorias da participação pública, teoria da ação política, teoria do jornalismo para o desenvolvimento ? que se mostram como fundantes das "teorias" ou "hipóteses explicativas" do Jornalismo ? e as grandes correntes do campo da Comunicação, desde a teoria do espelho, passando pelas clássicas teorias dos efeitos, teorias da linguagem, teorias da recepção, teorias cognitivas.

Para além dessa primeira discussão, torna-se urgente investigar a produção jornalística de dentro das instâncias da noticiabilidade. Compreendendo noticiabilidade como o potencial que tem um fato de se tornar notícia, seria necessário sistematizar pelo menos três instâncias de critérios de noticiabilidade / valores-notícia:

** critérios de noticiabilidade na origem e seleção dos fatos cuja abordagem ? seria voltada para discussão teórica sobre a relevância (o que é importante e o que é interessante) na escolha dos fatos que se convertem em notícia, em acontecimento jornalístico ? esse tema é bastante trabalhado pelo espanhol Lorenzo Gomis no seu artigo "Do importante ao interessante ? ensaio sobre critérios de noticiabilidade no jornalismo". Nessa instância, tem lugar também as discussões sobre outros atributos da noticiabilidade como conflito, notoriedade, curiosidade, dramaticidade/emoção, suspense, tragédia, proximidade, conseqüências etc.

** critérios de noticiabilidade no tratamento dos fatos ? com abordagem concentrada na teoria do newsmaking e nos estudos de Michael Schudson, sobre fatores que atuam na elaboração mesma da notícia: a ação pessoal do jornalista, que dialoga com a hipótese do gatekeeping; a ação organizacional na relação com donos de veículos e colegas de profissão, que abre para o debate sobre qual a cultura profissional dos jornalistas; a ação social na relação com fontes e leitores, que dialoga com a hipótese do agendamento (agenda-setting); e ainda sobre os fatores tecnológico, ideológico, histórico e cultural.

** critérios ético-filosóficos de noticiabilidade ? instância que possibilitaria atualizar a argumentação, bastante polêmica, sobre os fundamentos clássicos do exercício da profiss&atilatilde;o de jornalista: a objetividade, a verdade/veracidade, a imparcialidade, o interesse público, a responsabilidade civil e outros. São critérios que orientam todas as ações das duas instâncias anteriores.

Em resumo, reafirmando o que foi dito anteriormente, esta tarefa reflexiva e investigativa, focada nos estudos do Jornalismo, poderá estabelecer parâmetros e ordenamentos para o ensino e a aprendizagem da prática jornalística.

(*) Jornalista, doutora em Comunicação, professora do curso de Jornalismo da UFSC; trabalho apresentado no 1 Encontro de Pesquisadores em Jornalismo, Brasília ? UnB

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