Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Veja

ASPAS

DRAGON BALL

"O violento e esquisito Dragon Ball vira mania", copyright Veja, 16/07/01

"Nos últimos tempos, o mundo dos desenhos animados trouxe uma boa e uma má notícia para os pais brasileiros. A boa: a garotada já está se cansando dos monstrengos do Pokémon. A notícia ruim: outra animação japonesa, com mais pancadaria e esquisitices, virou febre não só entre as crianças, mas também entre os adolescentes. Trata-se de Dragon Ball, uma série cujo mote são as artes marciais. Atração do Cartoon Network, o desenho é atualmente o mais assistido da TV paga, com audiência média de 9 pontos. Na televisão aberta, a Bandeirantes o exibe desde 1999, mas a Rede Globo comprou 120 capítulos e deverá levá-los ao ar em breve. Dragon Ball é uma verdadeira saga. Estreou no Japão em 1986 e levou dez anos para desenrolar-se em três fases – Dragon Ball, Dragon Ball Z e Dragon Ball GT. Assim como ocorreu no país de origem, o desenho passou despercebido ao estrear no Brasil. Aos poucos, sua trama mirabolante, que mistura alienígenas com dragões, foi caindo no gosto da garotada. A história em quadrinhos do Dragon Ball também virou campeã de vendas nas bancas. Mensalmente, 130.000 exemplares são vendidos, contra 120.000 da revista do Pokémon. O protagonista de Dragon Ball não solta raios como o velho Pikachu. Goku (esse, infelizmente, é seu nome) resolve tudo no braço. Ele já se tornou, é óbvio, personagem de videogames, brinquedos e outras bugigangas."

GLOBO REPÓRTER VETADO

"Justiça proíbe exibição do Globo Repórter no Ceará", copyright Em tempo real (www.emtemporeal.com.br), 14/07/01

"A juíza da 7? Vara Cível de Fortaleza, Maria Elizabeth Aguilar Filgueiras Lima, proibiu a afiliada da Rede Globo Televisão Verdes Mares de transmitir o Globo Repórter de ontem, que abordou a adoção de crianças.

A multa para a retransmissora era de R$ 100 mil.

A liminar foi concedida a pedido da freira Paola Pellanda, acusada no programa de participar de um esquema de adoção ilegal.

Os advogados dela também tentaram impedir a transmissão do programa em todo o Brasil, mas não havia tempo hábil para colocar a proibição em prática.

O diretor de programação da TV Verdes Mares, Edilmar Norões, recebeu a notificação às 19h30 e resolveu acatar, reprisando um Globo Repórter sobre águas puras da Argentina.

No despacho, a juíza diz que ?com o programa de repercussão nacional, a imagem da autora sofrerá dano de difícil reparação, sem que antes tenha sido apurada a culpabilidade ou não da autora?."

 

REALITY SHOWS: FRANÇA E BRASIL

"O brasileiro obsceno", copyright No. (www.no.com.br), 9/07/01

"Ao contrário do Brasil, que é mais animado quando visto de fora, pelo menos conforme acaba de constatar quem gosta de viajar e costuma olhá-lo de longe, como o presidente Fernando Henrique, a França parece que está gostando de se olhar de perto, para dentro – para dentro mesmo, literalmente, para o interior de uma casa, a fim de ver o que se passa entre suas paredes.

Durante mais de dois meses, o país que inventou o termo voyeur se deliciou observando pela TV o que 13 pessoas faziam trancadas numa casa nos arredores de Paris, durante as 24 horas do dia. O programa, que se chama Loft Story, ?bateu todos os recordes de popularidade?, informa Hugo Sukman, correspondente do jornal O Globo na França. Fez mais sucesso do que o americano Survivor, o equivalente do No limite. Calcula-se que 20% da população não tirou o olho da fechadura, ou melhor, da telinha, e nem vai tirar durante o próximo mês, quando a câmera se concentrará apenas no casal finalista.

Me pergunto se quando vier para cá, pois certamente virá, o programa vai fazer o mesmo sucesso. Tenho minhas dúvidas. Não precisamos de buraco de fechadura para ver o que se passa do outro lado da vida das pessoas, principalmente das famosas. O recato e a pudicícia deixaram de ser virtudes brasileiras. Por transparência, narcisismo ou puro exibicionismo, certos freqüentadores de nossa mídia já fazem dela, sem precisar desse tipo de programa, uma das mais despudoradas do mundo. Só não se vê o que não se quer. Há muito que a vida privada deixou as quatro paredes para morar nas páginas de jornais, de revistas e nas telas da televisão.

Mas a nossa privacidade não foi destruída apenas pela indiscrição jornalística. Enquanto se criticava muito justamente a imprensa pelo desrespeito à intimidade das pessoas, não se percebeu que estava ocorrendo o oposto: por conta própria e cada vez mais, artistas, cantores, jogadores, políticos, usando de todos os artifícios e forçações de barra, estavam invadindo os veículos de comunicação para escancarar suas intimidades. Quem melhor definiu o fenômeno foi Tutty Vasques, chamando-o de ?evasão de privacidade?.

Parece que o brasileiro é mesmo tagarela e abelhudo. Gosta de gritar ou falar alto inclusive nos restaurantes. Dizem que nesse item, atinge-se aqui os mais altos níveis de decibéis do planeta. Quem tiver dúvida experimente entrar numa churrascaria domingo na hora do almoço, ou no sábado à noite, ou na sexta, na quinta, em qualquer dia.

Mas além de bater com a língua nos dentes, ele adora bisbilhotar, olhar para qualquer coisas. Faca o teste: pare num lugar e olhe para cima, fique olhando. Em cinco minutos, chegará alguém para lhe fazer companhia, sem saber para quê. Em meia hora, estará ali uma multidão de basbaques, de boca aberta e pescoço esticado, olhando sem saber por quê, nem para quê. Imediatamente surgirá também uma grande discussão sobre o que não estão vendo.

O carioca, por exemplo, não deixa passar uma boazuda sem olhar e lhe dirigir um gracejo ou uma cantada sem conseqüência: ?Ô, gostosa, vamos dar uma voltinha??(se ela disser ?vamos?, ele é capaz de não sabe o que fazer). Uma de nossas canções mais tocadas no mundo nasceu de uma cena como essa: ?Garota de Ipanema?. Tem esse nome, como poderia se chamar ?Paquera em Ipanema?: ?olha que coisa mais linda…?

Todo mundo conhece a história de Rubem Braga, que depois de anos cantando sem sucesso uma bela mulher, conseguiu que ela cedesse, mas sob a condição de guardar absoluto segredo. Ele não poderia contar a ninguém. ?Ah, então não?, ele reagiu. ?Qual a graça de comer sem contar!?.

Se andasse mais pelo país real, o presidente veria que sobram coisas muito animadas aqui por baixo, vistas de perto. Há pouco tempo, João Ubaldo repassou pela Internet uma foto que recebera: durante um show no Canecão, aparecia uma garota de costas, com o vestido levantado, sem calcinha evidentemente, e sentada no colo de um rapaz. Estavam transando tranqüilamente, em meio a um show e rodeados de gente com a atenção voltada para o palco.

Eu mesmo assisti a uma cena parecida, só que na praia de Ipanema, no verão, quando um casal abraçado, se beijava dentro d?água. Olhando bem, percebi que o fio-dental dela boiava preso a uma das pernas. Quando o rapaz notou que eu sacara o que estava acontecendo, disse, ofegante, sem interromper os trabalhos e sem nenhum constrangimento: ?Tá boa a água, né, tio?? Olhei em volta, vi outros casais de jovens fazendo o mesmo e me dei conta de que só eu não estava achando a água boa.

A diferença é essa: o voyeur francês vê na moita, escondido. Já o brasileiro escancara, chama a atenção, convida os outros: ?vem ver o que estão fazendo!?, como eu, se tivesse encontrado algum conhecido na areia naquele dia de verão. Não há dúvida, o Brasil é um país obsceno, no sentido etimológico de que as coisas se passam na ?frente da cena?.

Pensando bem, mesmo no plano político é um pouco assim: a impunidade é uma espécie de transparência compulsiva. O corrupto parece que não resiste à tentação de ?contar?, ou seja, de deixar rastro. Mas aí acho que já estou dizendo besteira. O que não me parece bobagem é o que vou dizer agora para terminar: Jader Barbalho não é obsceno apenas porque fez coisas moralmente indecentes, mas também porque fez na frente de todo mundo."

 

LOFT STORY

"Para onde vai a (TV da) França?", copyright Jornal do Brasil, 12/07/01

"Sabe aquilo que nem a televisão brasileira teve coragem de fazer em matéria de exposição de intimidades? Sabe mesmo? Pois a televisão francesa acaba de fazê-lo. O programa Loft story – adaptação da fórmula holandesa Big brother – fez da privacidade alheia a coqueluche do verão francês. Ambientado num loft, o programa expôs cada riso, cada choro e cada flerte dos moradores do lugar. Câmeras no quarto, no jardim, na piscina, no box do chuveiro. Tudo visível. Tudo audível. Em emissões condensadas, a rede comercial M6 exibiu regularmente os ?melhores lances? de cada dia. Um canal por assinatura, o TPS, pôs no ar a íntegra desses lances, 24 horas por dia.

A brincadeira dentro do loft durou 70 dias. Acabou na semana passada. Durante esse período, os jovens ali confinados deram mais do que tudo de si para conquistar as preferências dos telespectadores. Era a regra: só os mais amados (pelo público) sobreviveriam. Como em No limite – a adaptação brasileira dos reality shows -, os candidatos de Loft story iam sendo eliminados aos poucos. Na França, porém, as eliminações obedeciam a um critério chave: a vontade dos telespectadores, que votavam por telefone. No final apoteótico da semana passada, restou apenas um casal. São os vencedores, celebridades nacionais na França.

Agora, a aventura dessas celebridades vai prosseguir. O programa está entrando numa nova etapa. A partir do próximo fim de semana, os dois ganhadores, Loana e Christophe (ele, um estudante de sociologia; ela, uma Cláudia Raia de olhos cinza e cabelos cor de palha) passarão por 45 dias internados em uma villa perto de Saint-Tropez. De novo, câmeras estarão a postos. A platéia, sequiosa, vai ver e sorver.

Loft story fez estremecerem as carnes loucas do povão. E fez tilintar a caixa registradora da rede M6, dona do show. Foi um sucesso insurrecional. A M6 é um SBT em plena França, um menu de segunda linha – que agora chega ao topo. Já no primeiro mês de Loft story, desbancou os concorrentes mais célebres. Logo na estréia, em 26 de abril, arregimentou 5,2 milhões de telespectadores. No dia seguinte, ultrapassou, pela primeira vez na história, a inabalável TF1, a líder francesa. Em meados de maio, tinha dez milhões de pares de olhos cativos. Era a glória. Cada votação para eliminar candidatos mobilizava mais de três milhões de pessoas – que não se incomodavam em pagar por isso (cada ligação custava 3,68 francos, cerca de R$ 1).

Eu vi um pouco de Loft story na TV e na internet. Fora o site oficial (htttp://www.m6.fr/emissions/loftstory), há outros criptopornográficos, metapornográficos e alguns puramente pornográficos. Há revistas idem. A coisa toda é péssima, é primária, é malfeita. Um dos semifinalistas – um sujeito loiro de 23 anos que, segundo algumas revistas, lembraria James Dean – deu uma entrevista na M6 tendo a própria mãe sentada em seu colo, numa sala isolada que eles chamam de confessionário. Quem, como eu, ainda se choca ao ver brigas conjugais no auditório do Ratinho, bem, ainda não viu nada. Eu vi esse mesmo sujeito, o tal da mãe no colo, ainda no loft, assediando, com uso de força física, uma senhorita esguia que com ele coabitava. (Acho que o abuso explícito contribuiu para desclassificá-lo.) Cenas de nudez que não iam ao ar no horário nobre puderam ser vistas em revistas e sites.

Como os franceses foram gostar disso? A pergunta é chata, mas inevitável. Todo mundo quer dar seu palpite. Tanto que, além de mania do público, Loft story virou mania da imprensa. Mania recorrente, avassaladora. Hervé Bourges, ex-presidente da TF1 e do CSA (o Conselho Superior do Audiovisual), escreveu na Paris Match que Loft story já é um marco na história da televisão francesa, assim como a estréia do primeiro telejornal e as privatizações dos canais públicos. Patrick Le Lay, atual presidente da TF1, em um artigo para a nova revista mensal Le Monde 2, acusa os dirigentes da M6 de terem rompido um acordo de honra, pelo qual todas as redes se recusariam a trazer para a França adaptações vulgares de Big brother. Para Le Lay, o que está por trás dessa ruptura é o grupo alemão Bertelsmann, um dos quatro grandes conglomerados da mídia mundial, que teria assumido o controle da programação da M6. O debate é público e violento. A TV francesa está em guerra comercial. Em guerra ética. Em guerra identitária. Loft story ganhou manchetes e capas de revistas não apenas por ser notícia, não apenas por vender bem nas bancas, mas por ser o sintoma mais exposto de uma crise da cultura francesa. Com todo o respeito que ela nos merece, a cultura francesa parece atordoada pelo êxito desse festival de boçalidades. Agora, a imprensa procura interpretar-lhe a zonzeira.

A França é a sua televisão, teria dito certa vez Georges Pompidou. Hoje, torço para que ele estivesse errado. Acho que estava. Ou a França atual não seria nada além de um loft ?treme-treme? com paredes de vidro. Com paredes que são lentes de aumento. Até eu, que não tenho nada a ver com nada disso, fiquei com vergonha.

Claro que sem motivo. A França é muito mais que um loft. Não há razão para vergonha. Há apenas razão para inquietações. O que é que pode explicar, afinal, o trepidante sucesso de Loft story? Eu, como alguns dos interpretadores franceses, acho que a chave do mistério tem a ver com o conceito de espetáculo – conceito, a propósito, que o mundo deve a um francês. Em 1967, Guy Debord publicou seu clássico, A sociedade do espetáculo. Creio que a chave está ali, ainda cifrada. Debord foi um esquerdista incendiário, explosivo. É paradoxal mas, hoje, toda a imprensa burguesa contemporânea, à qual ele por certo atearia fogo, paga-lhe um tributo diuturno. Todos o citam. (Muito poucos o entendem. Ninguém o segue.)

Dizem todos que Loft story atrai o povo porque mostra a intimidade alheia. É verdade, mas, no avesso dessa verdade, há uma outra, mais perturbadora, que ninguém pronuncia. O espetáculo que aparece em Loft story não é mais o da exposição, mas o da fabricação das intimidades. Os lofteurs (nome carinhoso dos habitantes do loft) não são célebres porque expõem ?sua? intimidade, mas, inversamente, porque expõem a intimidade genérica (essa ficção produzida em série da qual somos todos aficionados). É a intimidade genérica que fala por meio deles, do mesmo modo que fala por meio dos seres fictícios das telenovela brasileiras. É a intimidade genérica que nos atrai. É ela que gera as celebridades – não o contrário. Não somos nós, enfim, que confeccionamos o discurso da intimidade (e da intimidade devassada): é ele, esse discurso, fabricado industrialmente, que nos confecciona.

Não tente entender. Tente apenas abrir mão da intimidade que, além de tudo, nunca foi sua. Tente ver o que lhe resta. É por aí que vai a França. A TV da França. E o resto do mundo.

 

TV GAZETA MERCANTIL

"Gazeta Mercantil estréia programas na TV Gazeta", copyright Cidade Biz (www.cidadebiz.com.br), 13/07/01

"Estréia nesta segunda, durante o coquetel preparado pela Rede Gazeta e o jornal Gazeta Mercantil, o primeiro produto da parceria entre os veículos, o Jornal da Gazeta. O evento marca também o lançamento de mais dois telejornais e de boletins de um minuto que entrarão no meio da programação televisiva da Gazeta. Nenhum dos dois veículos divulga o investimento nos programas. A parceria, contudo, não pára por aí: outros dois programas estão planejados para agosto, e a Gazeta Mercantil espera resposta para os próximos dias da jornalista Lílian Witte Fibe, que estuda também proposta da Band.

O coquetel, que acontece no 10? andar da Fundação Cásper Líbero, em São Paulo, está marcado para as 18h. Além da imprensa, o encontro reunirá diretores das Gazetas e os produtores e apresentadores dos novos programas. O Jornal da Gazeta vai ao ar das 18h50 às 19h50, quando estréia o Mercado, de meia hora. Cinco boletins diários de notícias e a transmissão do Primeira Página, das 23h45 à 0h00, completam o pacote de novidades de julho.

Os telejornais

Com apresentação de Carlos Sardenberg e participação de Gustavo Camargo e Camila Teich, o Jornal da Gazeta é o carro-chefe da nova programação jornalística da Rede. Entra na grade de segunda a sexta das 18h50 às 19h50 e, aos sábados, em edição reduzida, das 19h45 às 20h15, com notícias gerais de todo o país. Já Mercado traz informações sobre política, macroeconomia e finanças. Apresentado por Silvia Araújo, o telejornal não terá exibição aos sábados, assim como o Primeira Página. O telejornal, que fecha a noite, será exibido às sextas em horário diferente do resto da semana, da 0h00 às 0h15, tendo como âncora Ricardo Lessa.

Os boletins, batizados de Gazeta On Line, terão duração de um minuto e inserção a partir do meio-dia, no programa apresentado pela jornalista Maria Lydia. Vão ao ar também aos sábados, a partir das 14h00, mas não entram no domingo. Todo o conteúdo sairá das 21 redações do Sistema Gazeta Mercantil, localizadas nas principais cidades brasileiras, Europa e Estados Unidos.

As notícias veiculadas na TV Gazeta ganharão também versão para a internet. O site jornaldagazeta.com.br disponibilizará, na rede, um resumo em vídeo das principais manchetes do dia em três idiomas: português, inglês e espanhol."

    
    
                     

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