Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Veja, a velha queda de braço

EDITORIAL vs. COMERCIAL

Na qualidade de leitor e assinante de Veja, senti-me ultrajado em minha inteligência ao folhear a edição 1.704 da revista [13/6/01]. Em vez de encontrar uma revista informativa e surpreendente, deparei-me com um disfarçado encarte comercial, com várias notas e reportagens claramente ditadas pelo departamento comercial da Editora Abril. As coincidências são muitas, o que demonstra que o tradicional suposto conflito entre a Redação e o Departamento Comercial já não existe, pelos menos no que diz respeito a Veja. Senão, vejamos:

1) Na página 74, encontramos uma elogiosa reportagem à revitalização urbanística feita pelo governo cearense na cidade de Fortaleza; na página 55, está um anúncio pago pelo governo do estado do Ceará enaltecendo os atributos turísticos do estado.

2) Uma matéria de quatro páginas (págs. 68 a 71) fala das grandes redes de lojas que oferecem estilo fashion mais barato. Na página 69, destaca-se um box para a campanha da C&A com a supermodelo Gisele Bündchen; nas páginas 98 e 99, um anúncio duplo da C&A, com sua top model.

3) Na seção "Datas", que destaca os principais acontecimentos da semana, aparece em destaque uma foto do sumido cantor Erasmo Carlos, que comemorava 60 anos naquela semana; na página 148, um grande anúncio do novo disco do cantor.

4) Na seção "Hipertexto", na página 88, foram publicadas duas notas, uma citando o Carlton Arts Festival e outra a Parmalat; o anúncio de página dupla do Carlton Arts pode ser conferido nas páginas 12 e 13, enquanto o da Parmalat está na contracapa da revista.

5) Na página 136, matéria falando de estudo da agência Moody?s sobre a melhoria das empresas brasileiras cita 16 companhias que estão se destacando; entre as 16 empresas citadas, 5 (Unibanco, Petrobras, ABN-Amro, Citibank e Bank of Boston) publicaram anúncios naquela edição.

Ao final dessas coincidências (ou não), sinto-me logrado em meus direitos e decepcionado enquanto leitor. Para piorar, Veja chega a minha casa sempre aos domingos, enquanto que já pode ser acessada na internet desde a manhã de sábado.

(*) E-mail <guilherme@uol.com.br>

    
    
                     

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