Tuesday, 19 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

Veja errou mas o problema é outro

BOLA FORA

Depois de uma crise na política interna, o governo inglês considerou o erro como "deslize" apenas. A direção de Veja registrou-o com um destaque inusitado se comparado com a descrição das erratas usuais (pág. 29 da edição de 15/8/01, onde também há uma correção de rotina).

Tudo nos conformes, especialmente porque o autor da matéria é um profissional que no espaço de oito dias publicou duas entrevistas com figuras de alto coturno internacional (Tony Blair, primeiro ministro inglês, e Henry Kissinger, o todo poderoso ex-secretário de Estado dos EUA).

O episódio, no entanto, precisa ser visto pelo lado empresarial: a direção das empresas que editam nossos três semanários estão investindo cada vez menos nos serviços jornalísticos. As equipes estão minguando, a idade média dos contratados é cada vez mais baixa (os profissionais mais traquejados são mais caros), o tempo para a produção das matérias é cada vez mais apertado e a opção por um público menos exigente gerou novos paradigmas de qualidade.

Quando se critica uma publicação por não investigar previamente as denúncias dos grampos antes de transcrevê-los é porque há uma afoiteza generalizada e um descaso absoluto em atender às normas mínimas em matéria de deontologia. Mas há também um problema de ordem estrutural: não há quadros suficientes para manter três ou quatro investigações simultâneas por um período muito grande; repórteres e editores fazem muita coisa ao mesmo tempo e eliminaram-se os escalões de supervisão e revisão. Resultado: as imprecisões são cada vez mais freqüentes.

Isto é mais grave do que uma falha de compreensão ou tradução que resultou numa confusão entre "união monetária" e "União Européia", que está adotando a moeda única, o euro.

    
    
                     

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